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Narradora
- Eu também preciso te pedir desculpas. - o homem conturbado diz após alguns segundos em que o silêncio envolveu a mesa onde a sua cabeça pensava como chegar à resposta que queria, mas a ruiva não estava nem um pouco empenhada em contribuir, mas como poderia se a idéia de Gilbert saber de alguma coisa pareceu impossível em sua mente que procurava outros motivos melhores para a sua estranheza, mas que parou para escutar o que ele falava. - Também não sei por onde começar.

- Pelo começo é uma boa idéia. - Shirley fala sentindo falta da leveza que sentia quando eram apenas os dois naquele carro, e sorri feliz por ter alcançado o objetivo de ver Blythe a olhar com os seus olhos transbordando deboche. -

- Você usando o seu péssimo senso de humor? É, a Terra do Nunca realmente tem certos poderes que eu não consigo entender. - rebate sabendo que veria a menina revirar os olhos e rir logo em seguida, e sorri vitorioso quando isso de fato acontece, mas logo volta ao assunto principal. - Eu não sou exatamente a melhor pessoa pedindo desculpas, mas infelizmente eu sempre tenho muitas para pedir.

- Tão Rilla. - a ruiva sussurra com um sorriso para si mesma, mas não percebe que os seus pensamentos haviam se transformado em palavras até encontrar Blythe a olhando curioso com a fala que mal escutou. - Desculpa, pensei alto.

É, tanto pensou que Gilbert alimentava cada vez mais aquela expectativa que durante todo o caminho temeu ser sem fundamentos.

Estava com medo de ter que contar para si mesmo que talvez não fosse verdade, mas tudo ali fazia o crer que sim, e isso o assustava de uma forma que ele nem mesmo pode fazer as coisas fazerem sentido em sua cabeça, mas a ruiva ainda esperava ele falar, e ele teve que se convencer a fazer tal.

- Desculpa. Desculpa por literalmente fazer a bola sumir de tanto que eu pisei nela durante esses anos. Se eu pudesse eu voltava e fazia tudo diferente. Posso citar o maior erro da minha vida para começar. Te deixei ir.

- Não foi sua culpa Gilbert. - interrompe com a sua voz quase em um sussurro que ela não planejou, mas saiu ao ver e escutar como aquelas palavras ditas ainda perseguiam não só ela, mas ele também. -

- Não precisa ficar falando essas coisas para me fazer sentir melhor.

- Como que era? - pergunta ligeiramente pensando em um dos ensinamentos mais importantes que o garoto havia lhe dado, enquanto o mesmo a olhou curioso pela continuação. - "As vezes é bom deixar as pessoas que te amam ajudarem você". Não se contradita Blythe.

- Já me contradisse muitas vezes Shirley, seria só mais uma. - responde tentando não demonstrar a sua felicidade pela forma em que a menina deixou subentendido a frase que nunca disse, mas que da mesma forma fez provavelmente o mês inteiro de Gilbert preenchido. - Tenho que te pedir desculpas sobre aquilo que eu disse aquele dia também. Se eu passei por tudo aquilo, foi culpa minha. Não posso ficar passando a culpa para outra pessoa.

- Pelo visto o Peter Pan também cresce.

- Estou na Terra do Nunca Cuthbert, não me diga que eu cresci, pelo menos não aqui. - pede fazendo aquele silêncio retornar para aquela mesa, mas o barulho retornar para aquelas mentes também. -

Gilbert tentava encontrar uma forma de toda aquela sua certeza fazer sentido, e estava se odiando por não estar conseguindo olhar nos olhos azuis da mulher que temia estar mentindo esse tempo todo para ele, porque se ela tivesse, Blythe não saberia como iria reagir.

As duas coisas que estavam bem claras em sua cabeça, eram os dois medos que começaram a deixar ele ansioso com as borboletas no estômago.

"1- Walter e Rilla são meus filhos"

Road Trip II - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora