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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
Anne e Gilbert não trocaram nem um único olhar após a turbulenta briga que ocasionou diversas consequências na forma como eles enxergavam a sua relação e os seus problemas, e só foram se ver no café da manhã do dia seguinte, onde trocaram um simplório bom dia e seguiram a comer mais acomodados com os olhares queimando em suas peles do que com a presença do outro.

A teimosa era algo típico da personalidade tanto de Gilbert quanto de Anne, mas ambos sabiam (após muita reflexão e quebra do orgulho) quando deveriam respirar fundo e abaixar a guardar, mas nenhum dos dois tomou a iniciativa para mostrar que de fato haviam o feito.

Gilbert se viu em uma encruzilhada. Anne tinha razão, ela na maioria das vezes tinha, mas ele ainda insistia na sua proposta, porque descobriu que entre tudo o que ele havia pensado nos últimos dias, implementar uma monarquia parlamentarista era a única coisa que ele descobriu que fervorosamente queria.

Mas o homem também teve que se relembrar que sabia que a ruiva estava certa. Ele precisava de um pretexto para ficar na França, e o único que ele encontrou ainda era um trauma não resolvido que ele poderia aumentar realizando novamente o ato que o causou. Casamento por motivos políticos.

Enquanto ele tentava lutar contra a ideia de isto ser a sua última opção, Anne travava uma desgastante e sangrenta batalha dentro de si. Continuava odiando a ideia de uma monarquia parlamentarista quando se tratava da Imperatriz Anne, porque a traria todas as desvantagens que ela não precisava no seu plano, entretanto também havia a parte "boa" disso: alguém estaria cuidando da Alemanha.

Era horrível para ela perceber que havia se tornado alguém que trabalhava para viver e vivia para trabalhar, frase que não deveria fazer sentido, mas a ruiva sempre era a exceção do mundo.

Enquanto a Imperatriz havia encontrado pelo menos um, pequeno, mas bom lado, Anne não havia, porque não estava mais falando do Rei Gilbert, e sim do Gilbert.

Sentia que só ela podia ver que o menino estava caminhando em uma corda bamba escorregadia que poderia o derrubar a qualquer instante, e aquilo amedrontou o seu coração, a sua mente e a sua alma, tanto que não pode prestar atenção em mais nada no dia que havia se passado.

Sua cabeça latejava como se todo o grito angustiado que um dia eles jogaram para os Alpes Suíços na esperança de se livrar daquela tormenta, tivesse voltado para si e ecoava como enormes tambores em todos os cantos de seu crânio.

Havia culpa, definitivamente havia culpa, ela sempre esteve lá, mas dessa vez houve algo diferente: medo. Medo, porque nos últimos dez anos ela não havia se importando em estar longe dele, contato que soubesse que ele estava protegido e que mesmo afastada não iria o perder, e sentiu medo quando viu que a chance dele voltar para a Alemanha era de fato real, mas sentiu mais medo ainda porque viu que mesmo o tendo perto e o protegendo de todas as formas o possível, ela estava o perdendo naquele exato momento.

E foi esse medo que a fez descansar a xícara de café na mesa prestes a pedir algo para ele que já havia terminado de comer e apenas brincava com as suas mãos em seu colo, como se estivesse esperando o momento certo ou repassando algo em sua cabeça, e antes mesmo que a ruiva pudesse falar alguma coisa, ele levanta a cabeça determinado a falar, assim encontrando os olhos azuis pairando em sua pele e o fazendo hesitar limpando a voz.

- Eu.. eu queria saber se você tem.. tem um horário para uma surpresa. Minha. - completa nervoso se repreendendo por estar, porque ele a conhecia e não havia motivo para tal. -

- Alguma preferência de horário? - saiu mais em forma de suspiro manso do que de fala, e ele apenas nega não podendo tirar os olhos dela, apenas para garantir que a mulher de fato havia o respondido com palavras civilizadas e não com sentenças de morte e maldições. - Às quatro?

Road Trip II - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora