Capítulo 2

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A kit ficava afastada do centro da cidade de Fry-pan, e levava um bom tempo do barzinho onde ele tocara aquela noite para finalmente chegar em casa. O ponto alto da noite? Aquela garota irritantemente linda. O ponto baixo? Como ela pode simplesmente dar-lhe um fora daqueles? Logo ele, que sentira o clima? Podia jurar que havia rolado química sim! E para ele rolara de tal forma que não teve mais graça depois que voltou para a noitada, o que por si só já era uma grande novidade.

– Puta merda, era só o que me faltava agora! – bufou jogando-se na cama de roupa, tênis e tudo. Deitado de bruços, ele tinha a cara afundada no colchão entre os lençóis.

Virou-se de barriga para cima e fitou o teto por alguns instantes enquanto divagava. Bom, ele tinha bom gosto, afinal ela era uma gata, e isso ele não podia negar, principalmente com aquela guitarra em mãos.

– Talentosa, diva, brava e gata, ahh Chichi, como pode recusar ser a mãe dos meus guris? – ele murmurou com um sorriso bobo e deslumbrado.

Então sentou-se na cama e começou a tirar os tênis, jogando-os de lado. Era uma kitnet muito simples que ele havia alugado há muito pouco tempo por estar cansado das encheções da mãe com sua rotina e horários. Praticamente não havia mobília: uma cama, um guarda-roupas, uma televisão com rack pequeno, geladeira, um armário de cozinha pequeno e fogão – embora ele fosse uma porcaria fazendo comida e vivesse basicamente de comidas de rua e miojo - um micro-ondas – e esse ele usava muito. Enfim, ele tinha o básico do básico necessário para um ser humano.

Os olhos foram de encontro ao violão que estava dentro da capa protetora. Estava eufórico mentalmente falando, embora o corpo estivesse exausto. Trabalhara o dia todo e agora estava em um longo período sem descansar.

Usando apenas a calça jeans, ele sentou-se na cama com o violão em mãos e dedilhou com aquela gostosa sensação no peito, sorrindo estupidamente e sem perceber, tinha algumas palavras, e com isso ele precisava escrever.

... Você vai ficar em mim

Pode crer, não dá pra esquecer...

E com os dedos encaixando e puxando um ritmo e outro as palavras continuaram a fluir:

... Eu sei que nunca mais te esqueço

Pois basta só fechar os meus olhos

Pra te lembrar...

Foi naquilo até a resistência do corpo acabar, e deixando o violão de lado e o caderninho também, e então, deitou, se entregando aos sonhos.

(...)

Quando Yamcha a deixou em frente a casa que ficava bem afastada do centro, já nas periferias de Fry-pan, ela pegou suas coisas rápido e despediu-se.

– Podia tá agora suadinha gemendo – brincou Yamcha ainda dentro do carro – aiii Gokuzinho, mete mais forte – ele fez caras e bocas com a voz melodiosa, mas de um jeito vulgar que a fez corar um pouco.

– Como você é vulgar! – riu – e outra, eu disse que nem é pra tanto tá?! Já foi. Esse tipinho dele? Tô fora.

– Aiai, pau amigo nunca faz falta, cadê os contatinhos?

– O cara dos contatinhos é você, tarado! – ela riu e deu um beijo na bochecha do amigo – dirige com cuidado.

– Aí miga, ainda vou me divertir muito!

Chichi sorriu, e com o case que levava sua guitarra e uma maleta com algumas coisas que ela sempre carregava consigo, destrancou o portão de casa, entrando. Estava tudo apagado, exceto pela luz na área da frente que seu pai sempre deixava acesa. Procurando fazer silêncio, ela destrancou a porta principal.

Meu eu em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora