capítulo 10

55 6 8
                                    


O cheiro tomava conta de toda a casa, e Cutelo, que estava cuidando do seu carro, polindo-o milimetricamente depois de uma cuidadosa lavagem que começara logo cedo, aspirou o perfume com extrema nostalgia; aquele cheiro bom de assado. E não era qualquer assado: era aquele que sua falecida esposa costumava fazer quando estava feliz nos almoços de final de semana. E então ele se pegou rindo com os olhos fechados se lembrando dela. Do sorriso que sua pequena Chichi herdara, igualzinho ao da mãe. Na verdade, havia muito dela em Chichi, sua pequena princesinha.

Ele terminou aquilo e entrou em casa para pegar ela num incomum momento que, além de vestida de forma meio largada com um short soltinho e blusinha, deixou os cabelos presos num coque mal feito e usava o avental da mãe. frente a pia ela cantarolava no mesmo ritmo da musica que tocava no mp3 que ela havia colocado e cortava uma salada.

Cutelo aproximou-se dela e depositou um beijo no rosto da filha, assustando-a.

– Parece que alguém viu passarinhos verdes – ele comentou.

Chichi de imediato suspirou rindo e negou com a cabeça.

– Ah papai, só... amanheci assim sabe? Bem, com vontade sorrir e... Eu sonhei com a mamãe e quis fazer isso, ela sempre fazia, lembra?

– Claro que eu me lembro, amor.

– Bom, não vai ser tão bom quanto o dela.

Cutelo segurou o queixo de sua filha, olhando-a nos olhos e disse.

– O ingrediente especial dela era amor e felicidade. Se tiver isso, com certeza vai tá muito bom.

Chichi abraçou forte o pai que retribuiu o abraço e beijou o topo da cabeça dela.

– Mas então? Tá namorando aquele tal de Blue?

Chichi fez uma careta consternada de imediato.

– Credo! Não mesmo, ele é um babaca.

– Ele fez algo pra você? – o homem mudou o tom para severo.

– Não papai! só percebi o que ele era, e percebi como eu não gostava do que ele era. Não é algum que eu quero na minha vida.

– Então, qual a razão de toda essa sua felicidade? Parece que tem algo transbordando de você, te iluminando.

Chichi que provara do purê que estava terminando disse ainda de costas para o pai.

– Eu tô com uma nova banda sabe? e com os shows e a faculdade...

Cutelo arqueou o cenho. Não era possível toda aquela felicidade ser apenas por algo tão simples. Não que a filha não pudesse ser feliz como estava apenas com aquilo, mas para ele soava meio incoerente.

– Que bom amor, mas não se desgaste. precisa de algo?

– Ah não, tá tudo bem – Chichi sorriu se virando, então o celular dela tocou num aviso de mensagem e o pai acompanhou com os olhos do momento que ela pegou o aparelho ao brilho no olhar dela com o sorriso que ia de um canto a outro do rosto.

Definitivamente tinha caroço naquele angu!

...

Eles estavam sentados no sofá da sala e a TV estava ligada no canal de esportes. Bardock tomava uma cerveja e Goku acompanhava o pai enquanto discutiam um jogo que estava sendo analisado naquele momento no programa esportivo. Então o homem percebeu o filho que não desgrudava do celular e, a cada nova mensagem, ele via Goku mais bobo alegre, mais animadinho. Conhecia bem aquela cara patética e sinceramente se surpreendera com o filho, que costumava ser um galinha assumido – o que causara as brigas entre ele e Gine que acabaram com o filho saindo definitivamente de cara.

Meu eu em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora