Meu eu em você

Capítulo 18

Ela sentiu o coração disparar com aquela mensagem. O que aquele louco pensava estar fazendo agora? Ela não ia sair, na verdade, não havia nada para conversar, nada para acertar.

<Qual o seu problema? Eu estou estudando> ela mandou a mensagem em resposta.

<dez minutos do seu tempo não vai acabar com sua vida> ele respondeu.

Chichi bufou deixando o violão de lado.

<Onde fica o papo de: sem apegos? Sem cobranças e todo o resto?> ela mandou

<balela, e você sabe! Agora sai aqui fora!>

Ela sentiu o arrepio descendo pela espinha pensando no que exatamente ele queria dizer com aquilo?

<Goku, não tem nada para ser falado, por favor deixa pra lá>

<eu to esperanto aqui fora, tem dois minutos pra sair> ele a intimou.

O que fazer?

Ela só queria aquilo longe dali, a última coisa que ela queria era chamar a atenção de seu pai por algo como aquilo.

Surtou e discando o número de Goku, ela ia acabar com aquele jogo estupido ainda pelo telefone. No entanto, a resposta a sua chamada para ele fora o que ela deu-lhe na última semana e meia.

*Sua chamada está sendo...*

Ela gritou silenciosamente e piorou quando ela ouviu o portão sendo batido.

— Chi, quer conversar? Tô bem aqui fora!

A voz rouca, grave e audaciosa dele se fez ouvir em alto e bom-tom para ela, na verdade, para qualquer um que estivesse em sua casa, ou na vizinhança, e ela estremeceu.

— Quem tá no portão? — rosnou alto, Cutelo, surgindo na porta do quarto da filha. — Que gritaria é aquela?

— N-ninguém... quer dizer... é... — Ela começou a gaguejar.

—Chichi, eu vou berrar, vou cantar se preferir, eu sei que tá aí e não irei sair daqui! — a voz de Goku se fez ainda mais audível e Chichi sentiu os joelhos fraquejarem.

— Não me diga que é um idiota te ameaçando? — rosnou o pai de Chichi tomando uma face transtornada, como um merda ousava bater no seu portão e ameaçar sua princesinha? Ainda mais fazendo aquele escândalo com seu nome por toda a rua?

A chuva começou mais forte e os trovões ecoavam.

— Ele não tá me ameaçando papai, é só... complicado.

Os berros de Goku falando coisas totalmente sem sentido para Cutelo, mas que Chichi as compreendia, estava irritando o homem robusto.

— Eu vou matar esse bosta! — bradou Cutelo indo para a porta.

— Não papai! Eu vou falar com ele.

—Ah! Mais não vai mesmo! Marginal é tratado como marginal. Eu vou chamar a polícia!

Ela desesperou-se...

— Foi você que me disse, se no dia seguinte eu me lembrasse... eu me lembrei! Eu me lembrei e to aqui! — Goku urrava do outro lado e Cutelo movido pela raiva marchava para o portão ignorando a chuva fria e não estava nem um pouco ameno.

Do lado de fora, mesmo com a chuva, a gritaria chamou atenção dos vizinhos da casa e moradores da rua que sairiam para ver o que estava acontecendo.

Chichi saiu no encalço do pai tentando argumentar, mas o homem estava irredutível, para ele, Goku não era o tipo de cara para sua garotinha.