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Deixe sua alma se libertar. Alçará voos não antes conhecidos, com ternura uma viagem inesquecível.

- Magnólia

TODOS OS lugares que Lisa olhava estavam desertos. Armas disparavam à sua volta, faiscantes e altas. A missão de resgate rápido não tinha transcorrido conforme o planejado. Sem problemas. Os fuzileiros estavam sempre preparados. Ela enviou uma mensagem pelo rádio para reportar a emboscada, enquanto Rosé e Jisoo tiravam o lançador de foguetes do receptáculo.

Toc, toc. – Rosé abriu um largo sorriso.

Lisa sentou-se abruptamente na cama. Um punho se ergueu furiosamente, o outro desceu até a altura do quadril em busca da arma. Mas o quadril estava nu.

Assim como o restante dela.

Estremecendo, limpou o suor que escorria por sua testa e concentrou-se em se situar rapidamente.

Nua. Numa cama. Com um corpo feminino sexy e quente aninhado sob o lençol junto ao seu. O sol ao amanhecer se filtrava pela janela sem cortinas. Além de uma cômoda larga, de uma pilha de caixas de mudança e da cama de casal onde estavam, não havia mais nada no quarto.

O apartamento de Jennie. Onde ela se encontrava havia dois dias incríveis, repletos de sexo e erotismo. Virou a cabeça para o lado. Ela estava deitada sobre o lençol de cetim onde havia desabado após a mais recente explosão de paixão de ambas. Com o rosto para baixo e os cabelos escuros espalhados ao redor, deixando-lhe apenas parte do rosto à mostra, estava profundamente adormecida. Levando em conta que haviam dormido talvez um total de seis das 52 horas anteriores, não era de admirar.

Mas sentia-se gratificada.

Precisando de ar fresco e de espaço após o pesadelo, saiu da cama silenciosamente e, pegando o jeans, deixou o quarto. Contornou caixas de mudança, ainda enfileiradas e etiquetadas junto à parede da sala de estar. Não estivera brincando ao dizer que acabara de se mudar de Seul. A maior parte de suas coisas, exceto por algumas peças grandes de mobília, ainda estava empacotada.

Calculava que ela devia ter se mudado para ali uma ou duas semanas antes. A maioria das pessoas não teria aberto as caixas, pendurado as cortinas e enchido o apartamento de objetos pessoais aquela altura?

Não que houvessem conversado muito, mas ficara com a impressão, durante um dos intervalos de descanso entre as ardentes sessões de sexo, que Jennie não estava com pressa para se instalar ali.

Por quê? Estaria sentido falta de Seul? Não era fã do sol de Busan? Sabia que ela já morara ali antes, mas não em que época. O que a levara a partir? O emprego seria o bastante para fazê-la ficar dessa vez?

E por que estava se importando tanto?

Importar-se, querer saber se ela estava ali havia muito tempo, curiosidade sobre seu passado, presente e futuro. Eram todas coisas que estavam fora dos seus limites. Eram péssimas ideias para uma mulher que jogava roleta russa para viver.

Atravessando o piso cerâmico mexicano da sala de estar, contornou a mesa de jantar com passos silenciosos e foi até a pequena cozinha, que ficava separada apenas por um balcão. Os únicos objetos visíveis eram uma cafeteira elétrica, uma panela e duas taças para vinho. Inclinou-se na pia e meteu a cabeça debaixo da torneira, deixando que a água fria dissipasse o remanescente de náusea que o sonho ruim causara.

Não havia usado sexo para amortecer as lembranças, mas, se tivesse sido o tipo de pessoa que fazia isso, com certeza não teria adiantado de nada. Sacudindo a água do cabelo preto usou uma folha de papel-toalha para enxugar o rosto e olhou pela janela para o pequeno jardim abaixo, na área comum do prédio baixo. Flores coloridas de aspecto tropical desabrochavam entre as folhagens, inocentes e convidativas.

Sailor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora