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Quando fico frio, eu não faço isso de propósito. Você me encontrou em um buraco que eu cavo para mim mesmo quando estou nervoso. Eu tenho estado na estrada, estou sentindo falta...

   - Ruel

Lisa curvou o corpo por detrás do de Jennie, abraçando-a pela cintura e entrelaçando as mãos de ambas. Era o mais perto que podia chegar sem possuí-la outra vez. Mas dali uns cinco ou dez minutos, com certeza desejaria tê-la novamente.

Kim estava quieta em seus braços. Quieta demais. E era evidente que não estava mais flutuando num nirvana sexual. Agora, seu corpo irradiava tensão.

Dali a uns minutos, Lisa acabaria com isso também.

– Você não chegou a me perguntar o que aconteceu lá no complexo – comentou Jennie, enfim, num tom penosamente baixo. – Isso faz parte das suas ordens? Você está num serviço de busca e entrega, mas não tem permissão para saber o que há no pacote?

O protocolo deixava claro que Lisa tinha exatamente a função que ela acabara de descrever – um serviço de busca e entrega. Suas ordens tinham sido precisas. Não estressar a refém. Todo o processo de investigação e apuração seria conduzido pelo alto escalão. Portanto, pensou ela, contraindo o rosto, Jennie já conversaria com gente o bastante sobre a experiência traumática. Além do mais, Lisa não estava apta para isso. Ora, com a formação de Jennie em Psicologia, estava melhor preparada do que ela naquele aspecto.

Tinha apenas de distraí-la e retardar o processo. Até que Jennie tivesse a chance de conversar com alguém que pudesse orientá-la a como proceder para voltar a se sentir segura.

– Tenho certeza de que já verifiquei "o pacote" minuciosamente. – Lisa soltou um ligeiro riso antes de lhe mordiscar o ombro por trás. Oh, a distração perfeita. Jennie estremeceu deliciada e pressionou as nádegas contra o corpo da maior, o que a excitou prontamente, deixando-a tentada. Sim, tentada demais a possuí-la outra vez.

Mas, embora não houvesse um futuro para ambas juntas, embora as razões para que isso não pudesse acontecer continuassem sendo sólidas, não podia fazê-lo. Não podia seguir o mesmo caminho de antes. Vira as perguntas nos olhos de Jennie meses antes, soubera que quisera conversar, criar um elo que fosse além do plano físico. Podia usar a desculpa típica da maioria das pessoas de que conversar sobre emoções era tolice, algo para fracos. Mas sabia que não era o que a morena buscava. Jennie queria apenas saber mais sobre a mulher com quem estava dormindo do que apenas sua posição favorita e o que a excitava mais.

Já a magoara uma vez por ter optado pelo caminho mais fácil. Não o faria outra vez se pudesse evitar.

– O procedimento padrão num resgate é entrar no cativeiro, salvar a vítima e sair. Não devemos fazer perguntas, a não ser que seja sobre algo que esteja relacionado à conclusão da missão –explicou.

– É isso que sou? Alguém que faz parte do "procedimento padrão"? – Jennie não soou zangada, nem tampouco retesou o corpo, ou a afastou. Apenas a olhou por sobre o ombro com paciência e curiosidade. Como se pudesse esperar, por ter a certeza de que Lisa acabaria dando a resposta certa eventualmente.

Lisa franziu a testa. Por que ela nunca reagia da maneira que esperava? Tinham feito amor e, em vez de mergulhar num sono tranquilo, saciada, ela começara a pensar no pesadelo do cativeiro.

Alguém entenderia como sua mente intelectual funcionava? Onde estavam seus gatilhos emocionais?

– Não há nada de "padrão" em você – apontou com franqueza. – A verdade é que não sei fazer bem esse tipo de coisa.

Sailor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora