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Mas quando estamos fazendo amor, você faz valer a pena. Mal posso acreditar nos lugares que você me leva.

- Shawn Mendes

Lisa estava ciente da respiração de Jennie. Como se pudesse persuadi-la a relaxar, respirou junto com ela, de maneira suave, serena. Depois de alguns minutos, percebeu que estava adormecida.

Foi quando se permitiu relaxar.

Devia dormir. Os alarmes do perímetro estavam ligados. Se algo mais pesado que neve passasse por ali, Lisa saberia. Ainda assim, hesitou. Não conseguia confiar a segurança de Jennie a máquinas e dispositivos.

Por um segundo, deixou que a frustração por estar daquele lado, afastada da ação, tomasse conta dela. Não fora feita para ficar de braços cruzados, só à espera. Nem mesmo com uma linda mulher.

Com o relógio de pulso programado para despertá-la dali a meia hora, obrigou-se a relaxar no catre. De olhos fechados, tentou tirar tudo – especialmente a mulher dormindo a um metro de si – de seus pensamentos. A fim de mantê-la a salvo, tinha de estar em sua melhor forma, física e emocional. E, para tanto, precisava dormir. Não conseguiria conciliar o sono, com certeza, se a imaginasse completamente despida, a não ser pelas botas de couro de combate.

Foram as botas que a ajudaram. Concentrou toda a atenção nelas e, lentamente, foi se entregando ao sono. Estava quase adormecendo, porém, quando ouviu algo.

Num instante, havia saltado para fora do catre. Estreitou uma soluçante Jennie nos braços.

– Está tudo bem, meu anjo – acalentou-a, afastando-lhe as mechas úmidas de cabelo do rosto.

Através da tênue luminosidade dos monitores, viu que os olhos dela estavam aterrorizados. – Não há mais nada com que se preocupar. Estou aqui. Resgatei você.

– Abrace-me – implorou Jennie, segurando-a com tanta força pela cintura enquanto Lisa continuava sentada na beirada do catre dela que a deixou com menos ar. – Não me solte. Não permita que nada aconteça.

– Estou abraçando você. – Para assegurá-la do fato, correu as mãos pelas costas dela, para baixo e para cima, por sobre o suéter grosso.

– Abrace-me com mais força. Nunca senti tanto medo, Lisa. Quando fecho os olhos, vejo a imagem dele. Vejo o sadismo naquela cara de rato nojenta enquanto me ameaçava. Jurou que deixaria seus homens fazerem coisas horríveis comigo.

Uma onda de fúria tomou conta de Lisa, sobrepujando a frustração e quase a levando a perder o controle.

– Você está a salvo – garantiu mais uma vez, beijando-lhe o cabelo.

Não soube se foi porque Jennie precisou ver sua expressão para ficar mais calma, ou se foi uma reação ao beijo. Mas Jennie afastou o rosto de seu peito e recuou um pouco no catre. Apenas o bastante para se entreolharem. Para sentirem o hálito quente de uma no rosto da outra. Lisa sabia que devia soltá-la agora. Estava a serviço ali. Numa missão. Havia jurado protegê-la. Droga, o próprio pai dela escolhera Lisa para levá-la de volta para casa sã e salva.

Todos os motivos – e havia vários – para soltá-la e manter a devida distância inundaram sua mente.

Fitou os olhos dela, viu o calor que continham e que a chamava, tocando algo em seu coração que a deixou sem chance de resistir.

– Apenas para avisar você com antecedência, isto é um grande erro e eu lamento muito.

Jennie franziu a testa, mas, antes de poder perguntar o significado das palavras, Lalisa beijou-a.

Sailor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora