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Eu e você fomos feitos para dar errado. Eu sei a verdade, mas é tarde demais. Você é perfeitamente errada pra mim.

- Shawn Mendes

Jennie sentia a mente rodopiar. Não soube ao certo se o mesmo não acontecia ao seu corpo.

Os cinco dias anteriores tinham sido surreais. Como algo saído de um terrível pesadelo, algo com que nem mesmo o subconsciente a teria torturado. E agora terminara?

Ou quase terminara?, pensou, olhando ao redor da tenda.

Era uma tenda espantosamente bem equipada para uma parada temporária. Dois catres, um fogão portátil, um conjunto de aparelhos que pareciam até capazes de controlar foguetes. Um pequeno arsenal a um canto e uma mesa e cadeiras no outro. E Lisa no centro. Caixas estavam empilhadas junto a uma das paredes de lona grossa e vários livros encima de um dos catres.

Ela tornou a olhar para Lisa enquanto se dava conta de que nervos e músculos que haviam ficado dormentes durante o avanço veloz pela neve começavam a protestar.

Mas Lisa não estava prestando atenção. Baixara o capuz e deixara os óculos de proteção de lado para colocar fones de rádio.

Observou-a atentamente, notando quais botões Lisa apertava e quais interruptores acionava.

– Base, aqui é Escoteira. Refém a salvo. Vamos esperar suas instruções. Escoteira desligando.

– Isso é tudo? – Jennie franziu a testa ao ver Lisa desligar tudo com um simples toque de um botão.

Quis pegar o rádio e berrar pelo fone. Insistir para que alguém aparecesse e as tirasse dali. Queria voltar para casa, droga.

– Sim, é tudo.

Não, ela quis gritar. Queria um banho e roupas quentes. Muito chocolate. Sua própria cama, pipoca, abraçar o irmão.

– Onde estamos? – sussurrou, mais do que preparada para ouvi-la responder "Em algum lugar congelado do inferno".

– No Alasca. Na Encosta Norte – explicou Lisa, movendo-se pela tenda para ligar pequenos aquecedores.

Não demorou para que um agradável calor se espalhasse ao redor. Em seguida, ligou uma série de pequenos monitores. Em princípio, pareceram todos brancos, como se estivessem desligados.

Aproximando-se mais para olhá-los, ela compreendeu que as imagens brancas eram neve. Enfim, viu no último monitor a rocha atrás da qual Lisa escondera a motoneve. Eram câmeras de segurança.

Lisa achava mesmo que havia o risco de alguém segui-las? Essa e milhares de outras perguntas fervilhavam na mente de Jennie. Mas as primeiras que brotaram de seus lábios foram:

– Quanto tempo vamos esperar aqui? Alguém virá nos buscar? Quem enviou você para me salvar?

– Ficaremos aqui até recebermos novas instruções – respondeu Lisa sucinta.

– E isso vai demorar horas? Um dia? Dois? O que significa exatamente?

Jennie deu-se conta de que sua voz soara estridente, nervosa, mas não conseguiu evitar.

Sentindo-se presa, mal conseguindo respirar, arrancou o lenço do rosto e, freneticamente, tentou desatar os cordões do capuz. Como estava com as mãos enluvadas, não conseguiu.

Estava ofegante agora. Pontos pretos espocavam diante de seus olhos. Antes de poder sucumbir ao grito que se formou em sua garganta, Lisa estava a seu lado.

Sailor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora