Lisa queria socar algo mais sólido do que um frágil travesseiro. Uma parede de tijolos. Uma porta de aço. Uma fera enraivecida da selva. Qualquer coisa.
Por que naquele momento? Por que a mensagem tivera de ser enviada justamente naquele momento? Por que não uma hora depois? Ou duas, até? Isso teria lhe dado tempo para lidar com o turbilhão emocional em que caíra. Para concluir a conversa e poder...O quê? Encerrar o assunto?
Sim. Encerrar o assunto.
Porque fatos eram fatos. Sentimentos, não importando quanto fossem intensos e convidativos, não mudavam os fatos. Não podia pedir – não pediria – a Jennie que se tornasse parte da vida que ela escolhera. A despeito de quanto a amava.
– Você está pronta? A equipe de resgate vai estar à nossa espera no alto da montanha dentro de quinze minutos.
– Temos que subir uma montanha?
Lalisa quis rir. Desejou poder encontrar um pouco de humor nesse final. Para que ambas concluíssem aqueles momentos ali com sorrisos. Mas não conseguiu.
– O veículo de resgate não tem como chegar a esta área. É um terreno muito acidentado – explicou numa voz um tanto ríspida. – Não é uma subida muito grande, e a equipe terá um sistema de cabos preparado para nos puxar até lá. Será como subir de escada rolante até o segundo andar de um shopping.
– Oh, exatamente como num shopping – resmungou Jennie, parecendo tão irritada quanto ela própria se sentia no momento. – A não ser pela temperatura de congelar, o vento tentando nos derrubar e a neve fustigando. Talvez haja até uma "praça de alimentação" à nossa espera quando chegarmos ao topo.
Lisa sentiu-se péssima. Sabia que ela estava reagindo ao seu tom áspero, à sua atitude. Apenas porque sabia que não havia um futuro para ambas juntas não significava que queria deixá-la zangada. Ou pior, aborrecida.
Só você mesmo, Manoban. Pensou zombeteira. Resgatou uma garota de um lunático perigoso, fez sexo com ela quase a noite inteira, mesmo sabendo que não deveria, e então faz com que ela se sinta mal por isso. O troféu de Garanhão do Ano deve chegar a qualquer momento.
– Praça de alimentação, hein? – disse, tentando soar espirituosa. Respirando fundo, aproximou- se mais para terminar de lhe ajeitar os trajes de inverno. – Vou ver o que posso conseguir.
Explicando que em vez de um helicóptero, que não pudera ser mandado naquelas condições de tempo, um veículo terrestre as pegaria na montanha, Lisa terminou de equipá-la rapidamente. Logo, Jennie estava pronta para enfrentar o rigor dos elementos. Embrulhada quase como uma múmia, com o rosto e o cabelo ocultos, apenas os olhos se viam. E estavam expressivos como nunca, dizendo mais do que mil palavras. Transmitiam preocupação, tristeza, um doloroso adeus. Eram mensagens altas e claras. Assim como os remanescentes de paixão que se alastrava tão facilmente entre ambas. Bastaria Lisa retribuir com um olhar. Uma só palavra, nem mesmo uma promessa.
E poderia fazer com o que havia entre elas prosseguisse.
Jennie lamentaria o fato eventualmente.
Passaria a odiar o trabalho de Lisa, a ligação com uma mulher em relação ao qual ela tinha sentimentos tão negativos, o próprio pai.
Lisa odiaria o fato de magoá-la, se ressentiria da pressão silenciosa para que mudasse, e, com o tempo, não tão silenciosa.
Mas entre agora e o momento em que tudo isso acabasse acontecendo, poderiam ter muito tempo explorando essa paixão. Tendo sexo incrível. Desfrutando deliciosamente a companhia uma da outra.
Isso era viver o presente, não?
Mesmo sabendo que seria algo que se tornaria extremamente doloroso depois que terminasse.
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Sailor (Jenlisa)
FanfictionMuitas mulheres se sentem atraídas por pessoas fardadas, mas não Jennie Kim! Com ela, é exatamente o oposto. Como fora criada por um oficial, jurara para si mesma que nunca se envolveria com alguém de patente. Mas quando conheceu Lalisa Manoban, ach...