Classificação de 14 Anos
Autor: Jean Cllaude
2° CAPÍTULO
Paula
Voltar para casa, entrar em nosso quarto e saber que nunca mais ela irá estar aqui, nunca mais iremos dividir a pequena cama de solteiro, mesmo cada uma tendo a sua cama, nunca mais iremos ficar até tarde conversando sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada, nunca mais poderei a abraçar. Acabou, são momentos que nunca mais vai se repetir, acabou e dói. Nada mais será como antes, um pedaço de mim se foi.
Prometi que eu seria forte, vou tentar ser, pelo menos por fora não deixarei minha dor transparecer, meus pais precisam de mim agora, assim como preciso deles, eu perdi uma irmã, eles perderam uma filha.
Os dias passam, a alegria que um dia existia em nossa casa hoje não existe mais, dizem que conforme o tempo vai passando a dor se abranda, que começamos aceitar a perda, mas, com o passar do tempo a dor não passa, apenas aumenta, meu coração com a ferida aberta e sangrando a cada dia que passa, essa ferida não se cura e não existe nenhum remédio que a faça fechar.
As noites são longas e frias, sempre tenho o mesmo pesadelo do dia da morte da Paloma, corro pelo túnel em busca da luz, mas nunca chego, corro até sentir minhas pernas doerem e acabo acordando assustada, e fico sentada na janela esperando a luz do sol aparecer.
Não consigo entender o porquê sempre sonhar o mesmo pesadelo. Sempre depois que acordo custa voltar a dormir ou como hoje eu não durmo, uma pergunta sempre martela em minha cabeça. O que esse sonho significa?
Quando amanhece, saio do meu quarto, vou até a cozinha preparar o café. Arrumo a mesa e espero meus pais para tomar café juntos, mas infelizmente nenhum vem, apenas entram na cozinha pega uma xicara de café e cada um vai para o seu canto.
Tínhamos costume de tomar café todos juntos na mesa, depois da morte de Paloma nunca mais nos reunimos em volta da mesa, para tomar café ou fazer qualquer outra refeição.
Não existe mais o momento família de sentar-se à mesa e conversar, quase não conversamos, estamos cada vez mais distante um dos outros. Cada um no seu canto, sentindo a sua dor.
Depois de pegar sua xicara de café, Pai se isolou como todos os dias, no fundo do quintal trabalhando incansavelmente em suas peças de marcenaria, sei que na verdade está tentando ocupar seu tempo e mente para que a dor do seu coração diminua.
Já mamãe não tenta disfarçar o que está sentindo, ela sofre, chora e não esconde de ninguém. A cada dia que passa Mãe está mais triste, não faz mais o que antes gostava de fazer, não sorri, fica dia após dias sentada em sua cadeira de balanço olhando para o nada, não sai e nem cuida do seu jardim, até sua higiene pessoal com pentear os cabelos tem dias que não faz, pego uma escova e penteio seu cabelo, tento conversar, mas no fim fico conversando sozinha.
Mesmo ela não conversando comigo, tento sempre fazer companhia a ela, tento ser forte quando estou ao seu lado, mas quando a dor aperta muito, venho para o meu quarto chorar escondida.
Deitada em minha cama, passando a mão pelo meu pulso onde estão as nossas pulseiras. Fico pensando em tudo que vem acontecendo, muita coisa não se encaixa.
Paloma era centrada, responsável, pensava mil vezes antes de dar um passo, já eu sempre fui a louca e irresponsável, que nunca pensa nas consequências.
Uma atitude desesperada igual essa que ela teve poderia se esperar de mim e não dela. Tem alguma coisa errada em tudo isso, as informações não se encaixam. Não posso ficar aqui sem saber o que realmente aconteceu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Web Novela " O Outro Lado da Vingança "
Mystery / ThrillerSINOPSE Paula nunca entendeu o motivo de sua irmã tirar a própria vida de forma brutal. E tudo o que aconteceu a seguir só ajudou para que sua vida se tornasse cada vez mais sem sentido. Até que o motivo de tudo vem à tona e uma ânsia por vingança n...