4° Capítulo - Quarto Capítulo

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Classificação de 14 Anos

Autor: Jean Cllaude

4° CAPÍTULO 

Paula

Depois do enterro, as pessoas me cumprimentam e cada um segue a sua vida, como diz o velho ditado "vida que segue", eles aos poucos vão para suas casas, ficar com suas famílias, brigar, rir.

Cada uma das pessoas que estavam presente no velório e enterro do papai tem uma coisa que eu não tenho mais. "Família". Tenho inveja deles. 

Não tenho ninguém me esperando chegar em casa, ninguém vai me abraçar e perguntar como foi o meu dia, ninguém vai enxugar minhas lágrimas por um coração partido, ninguém chamar a minha atenção pelo tempo do banheiro, pela louça suja em cima da pia, ou brigar para arrumar o meu quarto e tirar o sapato do meio da casa. No meio da noite, quando me sentir sozinha, não terá a cama quentinha dos meus pais para me abrigar.

Eu não tenho ninguém...

Olho para os lados, todos se foram, sem coragem de encarar a minha realidade sento-me no chão próximo ao tumulo da minha "família", todos que amo, está aqui, enterrado um do lado do outro. 

Todos mortos.

Abraço minhas pernas e tento descobrir o porquê estou sendo castigada dessa forma, porque todos se foram e me deixaram aqui.

Sozinha eu não sou ninguém.

Poderia fazer igual Paloma e dar um fim em minha dor, ninguém iria sofrer ou chorar por mim, mas eu não quero ser fraca e chegar a esse ponto. Eu sempre amei viver, amava a minha vida simples, sempre fui feliz. A nossa família do nosso jeito era feliz.

Eu também sofri e sofro por Paloma, mas mãe e pai me tinham, e eu tinha eles, agora eu não tenho mais ninguém, eles não pensaram em minha dor, não pensou como eu ia ficar, mesmo assim ainda os amo e queria todos aqui comigo, queria aqui do meu lado, não quero sentir mais essa dor, queria arranca-la do meu peito. 

Apesar de todo o meu sofrimento, eu entendo o porquê deles desistiram de viver. Eu não aceito, porque não pensaram em mim, foram egoístas, mas entendo que a dor que cada um sentiu foi maior que a vontade de viver.

Não sei quanto tempo passa, mas decido que está na hora de ir. Levanto-me do chão, dou uma ultima olhada no tumulo de minha família, me viro e vou para casa andando, não olho para os lados, ando no automático, chego à casa que fui feliz e hoje é marcada pela dor.

Parece até uma piada de mau gosto tudo que vem acontecendo, queria que fosse um pesadelo, que eu ia acordar e tudo voltaria como era antes. Infelizmente sei que não tudo é verdade, e eu tenho que seguir em frente e não posso me entregar a dor.

Fico em frente a casa observando, tentando imaginar uma vida sem eles aqui comigo. Eu sei que vai ser difícil, mas não vou desistir. Vou viver.

Entro em casa, fecho meus olhos, respiro fundo. Sim fui muito feliz aqui, tive uma família maravilhosa, mas agora eles se foram, a única certeza que tenho nesse momento é que eu quero viver, vou achar algum incentivo para me dar forças para viver. Passo a mão em minhas pulseiras em meu pulso, daqui vou tirar parte da força que preciso para poder seguir.

Um mês se passou desde a morte de papai, a saudade ainda se faz presente, sei que ela vai ser minha eterna companheira. Limpei a casa, abri as janelas, arrumei o jardim, mas nada que eu faça está sendo o suficiente para trazer a vida para a nossa casa.

Os vizinhos tentam ser solitários, até os parentes mais distantes vieram me visitar, o advogado também, essa casa oficialmente é minha, além de uma pequena quantia no banco, papai fez um seguro de vida, e eu a única pessoa viva da família sou sua única beneficiada. Não é muito, mas é o bastante para que eu possa pagar as despesas dos últimos tempos.

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