18. Fase II - O Falcão e a Cerejeira

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Notas da autora: Acesse o link da pasta de Kurushimi no pinterest para ver as referências visuais deste e de outros capítulos na minha bio. Se essa é sua primeira vez aqui, cuidado com possíveis spoilers.
Lá tem a tatuagem do Sasuke, as roupas da Sakura, os cenários, os objetos, tudinho <3 

Demorou mais chegou: a cadela encontrou sua dona, rs.

Boa leitura!


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Se um homem possuísse tal poder, Uchiha Sasuke refletiu, tornar-se-ia o mais poderoso e cruel da história. Nas mãos de um guerreiro, seria utilizado para conquistar territórios, derrubar governos e escravizar inimigos. Nas mãos de um pacificador, acabaria com a miséria e o sofrimento que assolava o mundo.

Em suas mãos, seria um instrumento de vingança.

No entanto, aquela criatura frágil e dolorosamente bela sequer tinha conhecimento da força intrínseca ao seu ser. Nas mãos da jovem mulher, fora utilizado para silenciar e subjugar os nobres, soldados e criminosos que, enfeitiçados e embriagados com sua presença, olhavam-na como uma divindade a quem deviam obediência e submissão.

Caminhou lenta e delicadamente pela sala, o movimento de seus pés fazendo a barra do kimono resplandecente farfalhar no tatame macio como se possuísse vida própria. Ante sua presença, aquelas centenas de homens esqueceram-se de como respirar, acompanhando-a com os olhos vidrados, a despindo com o poder de sua imaginação.

Como eles, o ronin perdera o controle de seu próprio corpo, o fôlego esquecido em seu trajeto natural, os olhos pousando em lugares nunca antes notados em outra mulher, enfim compreendendo o significado do que era desejo, atentando-se à curva generosa de seu quadril sob a seda, o volume delicado dos seios no kimono, a cintura pequena envolta no obi dourado, o pescoço pálido revelado no decote da gola.

Empenhou-se na tentativa de desviar os olhos, não querendo ser capturado por seus sortilégios, mas como se adivinhasse a intenção de escapar de seu encanto, a maiko mergulhou os olhos esverdeados nos seus e um sorriso misterioso surgiu no canto dos lábios macios pintados de vermelho, fazendo seu coração acelerar.

Argh, como ela se atrevia?

Esmeralda e ônix, naqueles segundos em que ambos sustentaram o olhar um no outro, Sasuke questionou acaso ela se recordava também. Se teria ele, criança imunda e aprisionada, marcado sua vida como fizera com a dele. Se por acaso, nem que minimamente, pensava nele com a mesma frequência em que se recordou dela em seus momentos de maior fraqueza.

Ah, mas a resposta viera em seguida, pois desviou o rosto para outro e ofertou-lhe o mesmo sorriso tão cheio de uma malícia inocente. E aquilo o deixara tão irritado que não conseguiu ocultar o semblante contorcido de cólera, sentindo algo queimar dentro de si, um sentimento incompreensível nunca antes percebido.

Como pudera ele, Uchiha Sasuke, descendente da mais poderosa linhagem samurai que já existira, pupilo de Sho, membro da grandiosa ninkyō dantai, ser manipulado por alguém como ela? Uma mera mulher que sequer tinha forças ou a estrutura física para erguer uma espada e enfrentá-lo, tão ameaçadora a ele quanto um gato de estimação.

Ora, apenas homens fracos e patéticos deixavam-se controlar por uma mulher como aquela. Certamente era bonita. Mais do que bonita. Insuportavelmente bela. A ponto de fazer doer seu peito e congelar suas entranhas. A ponto de silenciar uma sala que estava prestes a tornar-se um campo de batalha. A ponto de tornar os homens mais poderosos do Japão em meras crianças desesperadas por atenção.

Kurushimi - A Gueixa e o Samurai (SENDO TRANSFORMADA EM LIVRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora