Esse é o momento em que nos apaixonamos.

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Capítulo 01.

Esse é o momento em que nos apaixonamos.

O verão havia chegado. Enfim, a estação do ano que Uraraka mais gostava; tudo parecia ganhar mais cor, mais aroma, mais vida. Ela ergueu a cabeça, contemplando o céu inteiramente azul, nuvens tão brancas que pareciam bolas de algodão pairando no ar. Uraraka fechou os olhos quando o vento soprou contra seu rosto, abanando o cabelo. Sacudindo a barra do vestido acima dos joelhos.

Era um dia bom, aparentemente calmo. A escola havia liberado os alunos para passarem o final de semana em casa e Uraraka pretendia aproveitar essas rápidas quarenta e oito horas da melhor forma possível, esquecendo-se por um tempo de todas as suas obrigações como aspirante a heroína. Não que ela não gostasse do que fizesse; Uraraka estudar na U.A, aprender e entender a sua própria individualidade, aprimorar cada vez mais suas técnicas, ajudar as pessoas. Contudo, em alguns momentos, ela desejava apenas estar no conforto de seu quarto, lendo um livro clichê de romance e bebendo um bom chá.

Ela sabia que era impossível ser uma garota comum de dezenove anos, o comprometimento com o lado heroico sempre viria em primeiro lugar, por isso era importante curtir ao máximo uma folga. Foi com esse pensamento que Uraraka saiu de casa naquela tarde. A cidade estava pacifica, embora era certo que essa trégua duraria pouco. Mas Uraraka não queria pensar sobre isso agora.

Ao ouvir uma buzina ao longe, ela reabriu os olhos. Do outro lado da rua estava a sorveteria, o lugar que ela tinha em mente desde que acordara de manhã. Se fantasiasse um pouco, Uraraka podia sentir o gosto do sorvete de morango com gotas de chocolate; a massa derretendo na boca. Salivando, ela atravessou a rua.

O sininho em cima da porta tilintou assim que ela entrou. O local estranhamente vazio, com exceção de um garoto sentado ao fundo — os braços estirados sob a mesa, um copo ainda cheio de milk-shake entre eles — e o funcionário atrás do balcão, distraído teclando no celular. Ele ergueu o olhar sem ligar para a nova cliente, Uraraka se limitou a dar um pequeno sorriso e o rapaz se voltou para o aparelho em suas mãos.

Uraraka caminhou até os freezeres e as prateleiras repletas de acompanhamentos, coberturas e copinhos. Ela não precisou escolher tanto, seu sabor favorito se destacava entre as massas brancas e marrons. Apanhou uma casquinha e começou a montar como queria. Alheia a tudo a sua volta, ela sequer percebeu os movimentos atrás de si.

Somente quando se virou, enfiando a colherzinha no topo do sorvete, foi que Uraraka encontrou o rapaz há pouco sentado, agora em pé, sem o capuz do moletom lhe cobrindo a cabeça, a observando com os olhos completamente injetados. O ânimo dela murchou feito um balão estourado. Droga, ela só queria um dia de descanso.


Bakugou estava acostumado com o calor, temperaturas altas não eram um problema para ele, no entanto aquele ápice veraneio, quase alcançando os trinta e sete graus, deixava-o ainda mais irritado do que usualmente já era. Mesmo que sua peculiaridade dependesse do suor para funcionar, suar nas costas e ter a camisa grudando em sua pele não era nada agradável.

Na realidade, Bakugou não queria ter saído de casa, só que ouvir as provocações de sua mãe sem poder rebatê-las e incomodou ao ponto de precisar fazer isso. Katsuki Mitsuki não era uma mulher que se abalava facilmente, ainda que conhecesse os poderes explosivos, e ás vezes descontrolados, do filho. E também, com o fim de semana livre da U.A, Bakugou não tinha muitas opções além de dormir e esperar, tediosamente, os minutos passarem.

Bakugou detestava a inércia, ficar parado lhe a sensação de perca terrível. Para ele não existia nada mais alucinante do que estar envolvido em uma boa briga ou treinando suas habilidades. No entanto, olhar só ele estava: caminhando sem rumo pela cidade, recebendo olhares curiosos, vendo pessoas cochicharem quando ele passava; a raiva começou a borbulhar em seu interior, tanto que suas palmas esquentaram dentro dos bolsos de sua calça. Todavia, ele suspirou e deixou para lá.

flame [𝑏𝑎𝑘𝑢𝑔𝑜𝑢 x 𝑢𝑟𝑎𝑟𝑎𝑘𝑎]Onde histórias criam vida. Descubra agora