Ardendo.

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Capítulo 15.

Ardendo.

Com a boa luz do quarto, Uraraka percebeu, quando acordou as duas da tarde, que tinha pequenos arranhões nos dedos, nas palmas e nos punhos — nada ferrenho como o ferimento no joelho, que por sinal ardia a beça, mas doloridos ainda assim. Ela estava machucada, tinha provas na semana seguinte, precisava arrumar a mala para ir para casa naquele final de semana, estudar... No entanto, nada preocupou Uraraka quanto pensar no jantar dali algumas horas.

Ela trocou algumas mensagens com Ren, ainda pela manhã, questionando sobre a ideia do tal jantar, mas tudo o que ele respondeu foi que era uma surpresa. Ela não sabia se era um bom momento para jantares, com toda a mídia em cima deles e o interrogatório dos colegas, tudo o que ela queria de Ren, no momento, era um pouco de distância.

A turma foi liberada das aulas naquele dia, até Aizawa reconhecia que ninguém estava em plenas condições para estudar ou para mover um músculo sequer. Uraraka demorou a criar vontade para levantar e sair do quarto, sabia que as amigas a encheriam de perguntas e ela não tinha o menor entusiasmo para responder o que nem mesmo ela compreendia.

Depois de muito de revirar na cama, cochilar mais vezes, Uraraka deu fim ao descanso e se pôs de pé, alongando os braços e o pescoço. Colocando o peso do corpo na perna direita, Uraraka puxou a mochila do armário e começou a arrumar tudo o que precisaria para passar o sábado e domingo com os pais. As vezes ela se esquecia que existia uma vida fora da escola.

Ao terminar, Uraraka tomou um banho, aproveitando para lavar os pontos no joelho. Ela voltou para o quarto com uma toalha envolta do corpo e outra menor no cabelo, foi um saco andar mancando e se apoiando na parede para facilitar os passos. Antes que ela abrisse a porta, Momo apareceu saltitando atrás dela.

— Você quer que eu pinte as suas unhas? Assim podemos conversar um pouquinho. — a amiga sorriu, toda simpática.

— É claro. — Uraraka aceitou porque Momo era a única com quem ela podia se abrir sem receios.

Uraraka fechou a porta quando elas passaram, sentou-se na cama. Momo puxou a cadeira da escrivaninha e abriu um estojo que trazia nas mãos.

— Que cor você quer? — Momo estendeu o estojo para Uraraka.

— Escolhe você. — Ochako tirou a toalha do cabelo para penteá-lo. Com cuidado, ela colocou a perna no colo de Momo.

— Nossa, isso tá feio. — ela comentou ao ver os pontos cercados por um vermelho-arroxeado no joelho.

— E doendo feito o inferno. — Uraraka desceu a escova pelos fios molhados. Momo escolheu um esmalte rosinha para os pés.

— Imagino. — Momo colocou algodão entre os dedos da amiga. — E então, qual é a desse jantar? Pode ser uma cortesia, mas eu aposto que tem alguma intenção por trás.

— Ai, Momo, não tenho noção. Eu perguntei ao Ren, mas ele foi muito superficial. Disse que queria fazer uma surpresa. — Uraraka deu de ombros, as pontas do cabelo pingando. — Não quero pensar que ele esteja fazendo isso por minha causa, soa distinto demais.

— Pois eu não acredito que ele venha até aqui só para oferecer um jantar a um bando de aspirantes a heróis. — Momo aplicou a primeira camada e assoprou, Uraraka riu.

— Ele é muito educado, eu não me surpreenderia. Mas é complicado, eu tenho medo de estar passando a impressão errada, entende?

— Você se refere ao seu relacionamento com ele?

flame [𝑏𝑎𝑘𝑢𝑔𝑜𝑢 x 𝑢𝑟𝑎𝑟𝑎𝑘𝑎]Onde histórias criam vida. Descubra agora