Capítulo 05.
Somos apenas estranhos.
Uraraka não tinha ideia de como fazer um curativo em alguém poderia ser um gesto intimo. Bakugou se sentara no chão perto da barraca deles enquanto ela ensopava a própria toalha de rosto no rio para limpar o rosto dele. Em partes ela se sentia culpada, mas em outras ela ficou extremamente satisfeita por acertá-lo, quase sorriu com o pensamento. Porém, ao se aproximar dele, e ter que se ajoelhar para conseguir um acesso melhor a têmpora, qualquer via de reflexão se perdeu.
— Eu vou... — ela estendeu o pano molhado, sem esperar uma resposta dele. Bakugou fechou os olhos, não aborrecido, só não queria encará-la naquele momento.
A lanterna estava fincada no chão e Uraraka estendera uma camiseta por cima para diminuir a intensidade da luz. Com cuidado, ela afastou o cabelo dele da testa, segurando os fios para trás. Macios, ela constatou. Então, encostou a toalha azul em cima do foco do sangue; Bakugou se retesou sem querer e Uraraka suspeitava que deveria arder pra caramba.
Sem exercer muita pressão, ela limpou a têmpora, a lateral do rosto, a mandíbula, se questionando como Recovery Girl conseguia fazer aquele tipo de coisa sem se sentir no mínimo constrangida. O engraçado é que Uraraka incontáveis vezes ajudou os amigos naquele tipo de situação, então por quê com Bakugou ela estava tão nervosa?
O sangue estancou, só ficou o corte, que não parecia tão profundo, e uma mancha vermelha enorme em volta. Uraraka largou a toalha e abriu o kit de primeiros socorros de Iida, o amigo roncava ainda mais alto dentro da cabana. Ela pegou uma bola de algodão, molhou no soro fisiológico e pressionou no ferimento.
— Tsc... eu tento ajudar e acabo me ferrando. — zombou ele, abrindo os olhos.
— A culpa foi toda sua, não precisava ter me assustado daquele jeito. — ela contestou, tentando manter um tom de voz baixo para não acordar ninguém. — Podia ter esperado eu voltar e fazer as perguntas.
— Como eu poderia saber quanto tempo isso levaria, porra? Você poderia muito bem ter sido sequestrada. — ele se focou em um ponto na camiseta dela, sem querer erguer o rosto.
— Não acha que tá exagerando? — ela pegou outro pedaço de algodão para secar. — E por que você não estava dormindo, afinal?
Ele fechou o olho, a ardência se espalhando por todo seu lado esquerdo. Uraraka se moveu de novo, o mesmo cheiro que ele sentiu naquela noite, na casa da Yaoyorozu, lhe invadiu os sentidos. Era um aroma agradável. Do xampu, talvez? Bakugou pensou, o cabelo dela estava molhado.
— Não durmo tão rápido, meu corpo não... relaxa com facilidade. — ele sussurrou, rouco. Uraraka não estranhou; Bakugou parecia sempre estar em alerta, agitado.
— Bom, você é um pouco exasperado. Demais.
— Não sou! — ele protestou, recuando o tronco. Uraraka ergueu uma sobrancelha, repreendendo o comportamento dele. — Eu não posso fazer nada se as pessoas são tão irritantes e intragáveis.
— Isso é você quem está dizendo. — ela acusou, vendo-o voltar a posição anterior.
Novamente, ela afastou os fios que teimavam em ficar no caminho. Os dedos dela pararam no topo da cabeça de Bakugou e, por um segundo louco, Uraraka desejou deslizar a mão por todo o cabelo dele para sentir melhor a textura. Ela nunca tinha pensado no assunto, mas se alguém perguntasse sobre o cabelo de Bakugou, ela poderia jurar que era ressecado ou desidratado. Uraraka ficou contente por estar enganada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
flame [𝑏𝑎𝑘𝑢𝑔𝑜𝑢 x 𝑢𝑟𝑎𝑟𝑎𝑘𝑎]
Roman d'amourDepois de um incidente, a relação entre Bakugou e Uraraka muda completamente. A inesperada aproximação acaba trazendo uma porção de novos sentimentos que nenhum dos dois sabe lidar, principalmente se tratando de alguém tão cabeça-dura quanto Katsuki...