Promessas não devem ser quebradas.

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Capítulo 08.

Promessas não devem ser quebradas.

Se existia algo mais chato e massante do que uma aula com apresentação de slides, ninguém saberia dizer o quê. Até nas escolas com o ensino comum, os alunos deveriam desgostar daquilo também. Todas as turmas da U.A foram juntadas no auditório para assistirem a um documentário sobre como um herói deveria agir em determinadas situações. As luzes estavam apagadas, os professores sentados nas primeiras fileiras (Uraraka podia jurar que Aizawa cochilava sobre o peito).

Ela mesma não estava em uma situação diferente; lutava contra o sono repentino. De onde eles tinham tirado a ideia de que aquilo funcionaria? Ao lado dela, Mina bocejou e forçou o cotovelo no apoio da cadeira. Uraraka deu um belisquinho na própria coxa a fim de manter os olhos bem abertos.

Izuku, uma fileira abaixo dela, conseguia a proeza de fazer anotações em seu caderno surrado; Uraraka desejou ter o mesmo empenho. Acontece que ela estava tendo sérios problemas para dormir, bastava que Uraraka deitasse em sua cama para que a mente dela fosse invadida por devaneios inconvenientes.

Nos últimos dias, Uraraka notou com certo pânico, que estava pensando demais em garotos. Ela passou reparar na altura deles, nos olhos, nas costas, no espaço onde terminava o cabelo na nuca, na voz... E desde que o incidente com Bakugou na sorveteria, tais fantasias surgiam com mais fluidez.

Ela não queria acreditar que ele tivesse algo a ver com esse despertamento inopinado, porém cada vez que o olhava Uraraka tinha vontade de se encolher e derreter sobre os próprios pés. Se isso era bom ou ruim, ela ainda não sabia especificar.

— Eu não vou aguentar mais um minuto sequer. — Mina bocejou outra vez. — Ninguém tá prestando atenção, por que eles não desligam logo isso?

— Não, é? Prefiro mil vezes ouvir o Professor Aizawa falar. — Uraraka sorriu para a amiga.

A tela do projetor ficou escura por uns segundos para mudar o vídeo e o auditório foi tomado por um breu. Uraraka girou os olhos pela sala quando a luz retornou e encontrou Bakugou na fileira seguinte, parecia tão entediado quanto o resto dos colegas. Bakugou tombou a cabeça para trás, de olhos fechados.

— Se ele não fosse tão bruto, eu até que deixaria ele me beijar. — Mina sussurrou para ela, firmando a bochecha no punho fechado.

— Tá falando de quem? — Uraraka se virou para ela.

— Do Bakugou, é claro. Para onde mais você estava olhando? — ela disse naturalmente; Uraraka se chocou por ter sido flagrada. — Ele pode não ser nada delicado, mas é um gato, você não acha?

— Que conversa é essa, Mina? — Uraraka a recriminou, se mexendo desconfortável em seu assento. — Ele é nosso colega de turma!

— Ah, larga a mão de ser acurada, sei que você não é cega e sabe que não estou mentindo. — ela chegou mais perto para falar. — Eu posso estar errada, mas acredito que por baixo dessa pose de incivilizado e grosseiro, existe um cara mole feito manteiga derretida.

— Pois eu duvido muito. O Bakugou nunca demonstrou fraqueza ou qualquer sentimento parecido. — Uraraka contrapôs, com uma queimação estranha no estômago. — Mas chega desse papo, tá bom? Eu quero me concentrar na aula.

Concentrar, Uraraka? — Mina repetiu, com desdem. — Você tá tão focada quanto um carro desgovernado. E sabe o que eu acabei de perceber? — ela cochichou animada e maliciosa. — Toda vez que falamos do Bakugou você fica na defensiva.

flame [𝑏𝑎𝑘𝑢𝑔𝑜𝑢 x 𝑢𝑟𝑎𝑟𝑎𝑘𝑎]Onde histórias criam vida. Descubra agora