Eu quero te conhecer

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Luffy não era, nem poderia, ser considerado alguém cético, pelo contrário, ele confiava bastante; não possuía medo daquilo que era primordialmente concebido como perigoso, apreciava a adrenalina dos riscos que corria e que sempre o acompanhava, fazendo seu corpo vibrar cheio de vida e energia.

Por tal razão ele nadava tranquilamente no rio repleto de animais perigosos, que possuía águas num tom de verde esmeralda que tanto combinava com as pedras esbranquiçadas naquela floresta que era proibida para si.

Trajado apenas com a peça íntima o garoto saiu da água balançando seu corpo para expelir o excesso de água e tornar a trajar sua roupa. Pôs a bermuda azul clara e passou a mão pelos fios negros encharcados, jogando-os para trás enquanto os resquícios de água escorriam por seu corpo bem esculpido, era, de fato, uma visão divina.

Em seu momento de distração quase não percebeu a apropinquação repentina da criatura grande e peluda que o espreitava por detrás das árvores, aproximando-se vagarosamente, porém, de alguma forma, ele sempre sentia aquela presença.

Seus grandes olhos ônix se voltaram rapidamente para a criatura enorme que o fitava com os brilhantes olhos dourados em meio aos pelos soturnos que pareciam tão macios e convidativos ao seu toque. Apesar de levemente surpreso, já esperava que ele aparecesse alguma hora, afinal não era a primeira vez que o via, mas era, no entanto, a primeira que era ele quem aparecia em sua frente.

Se lembrava claramente do princípio daqueles encontros. Ele sempre costumava vir àquela floresta, mas depois que em sua adolescência quase morreu afogado em uma das partes mais fundas daquele rio, seus irmãos preferiram mantê-lo longe de lá, ainda mais que começaram a haver vítimas de ataques de animais naquela área; mesmo que amassem o lugar, não arriscariam a vida do irmãozinho descuidado que tinham. Luffy, porém, não se preocupava com o mesmo que os irmãos, mas também não desobedecia, visto que tinha outras coisas interessantes a fazer, mas bastou uma pequena briga entre eles para fazer com que o garoto se refugiasse nos braços que o acolheu junto com os irmãos desde a infância, como se fosse o único lugar que poderia recebê-lo, como se fosse atraído até ali.

O problema surgiu quando foi atacado por um urso a qual não conseguiu fugir, estava sozinho, assustado e por mais que fosse alguém forte, ele estava indefeso contra o animal. Quando pensou que morreria ali mesmo, no lugar que amava desde a infância e sempre o acalmava, o fazendo se sentir em paz, foi quando outra criatura surgiu. Era grande, possuía pelos negros e olhos que brilhavam como chamas. Ele foi rápido em atacar o urso e extremamente violento em matá-lo, mas Luffy não sentiu medo dele, nem sequer um resquício que seja o atravessou, apenas uma sensação de reconhecimento, como se algo em seu interior soubesse quem ele era, como se tivesse absoluta confiança nele, e Luffy acreditou afinal sua intuição nunca falhava.

Mas o outro sequer lhe deu tempo para uma aproximação ou agradecimento qualquer e somente o fitou incisivamente antes de correr floresta a dentro.

Luffy continuou frequentando a floresta mesmo sabendo da proibição de entrada, não só dos seus irmãos quanto da guarda florestal. Ele queria encontrá-lo de novo, saber mais sobre ele, como e quem ele era, porque, por alguma razão, ele acreditava que ele não era um lobo comum; ele era maior do que qualquer outro, agia de uma maneira diferente e o olhava de uma forma que nenhum animal era capaz, ele parecia lhe dizer algo sempre que seus olhos se cruzavam.

No entanto ele estava sempre longe, toda vez que o via não era porque ele aparecia para si, mas sim um acaso – ou ao menos acreditava que sim – e após uma significativa troca de olhar ele ia embora em seguida, porém agora ele quem escolheu aparecer, ele realmente veio até si e deixou isso claro.

O lupino da floresta proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora