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Capítulo 21

No dia seguinte, a mesma senhora que me banhou e alimentou, apareceu com mais pedidos vazios e recados deixados de Alberyo nas entrelinhas, “‘não faça o que a mulher pedir e a própria vida dela acaba ali”, então eu a deixava me banhar, vestir da maneira mais odiosa e vulnerável, me alimentar e me deixar sozinha a espera de Marcus para mais uma exibição.

O cabaré da Madame Cobra dobrou de público e não eram as mesmas garotas a serem trancadas nas quatro gaiolas ao meu lado, eram mais novas e seus semblantes assustados de uma forma doentia excitavam os homens ainda mais a se aproximar e fazer ofertas.

No fim, elas seriam levadas para o mesmo corredor xadrez e os mesmos quartos próximos do meu, e outro grupo ocuparia seus lugares no dia seguinte.

Apertei meus punhos.

Eu nem mesmo soube o que aconteceu com o grupo e Leanna e ninguém abriu a boca a respeito, não recebi um sussurro sequer das sombras de volta, apenas aquele leve tremeluzir na noite seguinte, depois silêncio.

Eu estava trancafiada, observando o público com uma expressão que os desafiavam a se aproximar depois do episódio do homem de mão boba ontem.

Contudo, ainda sim algum idiota vinha até mim.

— Ninguém quis você belezinha?

Olhei para ele.

Seu semblante e seu caráter eram exatamente comuns para aquele tipo de lugar. Roupas caras, bebida na mão, um violentador e tirano de merda.

— Já vi que Leanna e as outras foram vendidas.

Ele deu um longo gole na sua cerveja e eu quis ter a liberdade para calá-lo com um soco, para sempre.

Ele terminou de entornar a caneca e se voltou para mim.

— Eu dei uma oferta por você, mas não estava à venda. Interessante, porque a guardam para si?

O que eu mostrei para ele não pôde se qualificar como um sorriso.

— Bryen, conhece?

Usei o nome falso do homem, lembrando que não passava de uma identidade roubada de um cadáver, porém fez o cara arrumar a postura, surpreso e incomodado.

Bem, eles não sabiam mesmo da identidade verdadeira do homem.

— Ele está vindo para cá, então? Aquele merda, se acha melhor do que todos nós — cuspiu.

— Quanto sabe sobre ele?

— Ele quase nunca dá as caras. Nunca o vi pessoalmente, mas você não deve ser motivo suficiente para ele estar vindo — ele pensou por 3 segundos para no fim dar de ombros — Se bem que homens fazem muito mais do que sair de casa para enfiar o pau em uma boa mulher.

Era justo esse problema, pensar com a porcaria do meio das calças e do bolso.

— Então é por isso que o cabaré está mais cheio. Ele precisa ser tão paparicado que chega a ser irritante — ele revirou seus olhos com desdém.

— E você não faz parte do clube de fãs.

— Não mesmo.

Eu o dei um olhar que dizia para continuar.

— Os outros comentam que ele é tão rico que poderia comprar o forte inteiro e muito mais. Seus guardas são seus próprios filhos, de uma fêmea que veio das gaiolas, como você. Parece que você é a próxima.

Riu com divertimento falso, a irritação era mais perceptível.

— O que houve com a última fêmea?

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