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Capítulo 26

Chegar até a familiar fachada da residência de Feyre e Rhysand foi rápido.

Nós pousamos na entrada e parei em frente a porta, deslizando os dedos pela madeira entalhada de sonhos e amor.

Uma única luz estava acesa, a do cômodo inferior que eu sabia que se localizava a sala de estar, a mesma na qual cantei a Canção da Mamãe para Eli e ele me leu histórias que jamais se apagariam da minha memória, nem sua doce voz infantil.

Meu coração já se encontrava descompassado e não conseguia parar de tremer pela ansiedade ao lado de Azriel que aguardava eu dar o primeiro passo e entrar.

Eu ergui o rosto para ele e abri a boca para despejar sobre minha hesitação, mas foi então que ouvi uma risada baixa.

Foi como se meu filho tivesse gritado por mim.

Eu abri a porta no mesmo segundo, rápida e segui apressada até a voz.

Corri e fiz muito barulho chegando a derrapar com as botas grandes que calçava na porta, mas me recompus e quando pousei meus olhos na figura pequena de Eli, chorei.

Ele estava de pijama azul, estampado com dragões verdes. Seus olhos estavam arregalados e velozmente ficaram cheios de lágrimas. Não havia nenhum sinal dos cachinhos negros, sua cabeça estava lisa e com uma cicatriz grossa descendo pela lateral da cabeça.

— MAMÃE!

Não sei como, mas pisquei e já estava caindo ao seu lado, de joelhos e puxando-o para mim com força.

O choro irrompeu do peito de Eli e todo o resto sumiu conforme eu o abraçava e beijava seu rosto repetidas vezes.

O centro de meu mundo se alinhou novamente e voltou a pulsar, como um órgão vital para existir.

— Mamãe está aqui. Mamãe está aqui, filho.

Segurei seu pequeno rosto nas minhas mãos e o sorriso trêmulo e banguela que me lançou, me fez rir e engasgar junto.

— Também fiquei com saudade.

Beijei o topo da sua cabeça raspada.

— Você está lindo.     

Eliel não disse nada, chorou em silêncio e aninhei-o no meu colo como uma concha protetora que guarda sua pérola preciosa.

— Mamãe veio para ficar. Não vou mais a lugar nenhum, prometo filho.

Anunciei, deslizando uma das mãos pelas suas costas com carinho.

Logo, Rhisy surgiu ao meu lado e me ofereceu um largo sorriso, os olhos grandes, violetas e curiosos me avaliando dos pés à cabeça.

— As roupas do tio Az ficam grandes em você tia Gillian. Posso te dar as minhas.

— Hum, até o seu casaco de estrelas e luas?

Suas bochechas ficaram rosadas e ele coçou a nuca.

Acompanhei o movimento e cheguei até a extensão das suas asas, faltava uma garra na asa esquerda.

— Éerr ... pode ficar se quiser, tia Gillian — ele seguiu meu olhar e sua voz subiu uma nota ao adicionar, com verdadeiro entusiasmo — Um homem gigante arrancou uma garra de mim, doeu. Mas vou ganhar uma dourada para colocar no lugar! Como o olho do tio Lucien!

E riu, faceiro.

— Vai ficar muito lindo, tenho certeza disso.

Sorri e puxei-o para mim também, abraçando os dois.

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