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Capítulo 7

Eu descobri que não estava morta quando voltei a mim novamente em um arquejo.

Abri os olhos e meu foco foi parar na grã-feérica que se debruçada sobre mim. Sua mão segurava meu rosto e sua boca soprava ar para dentro dos meus pulmões.

Além dela, havia um casal. Uma grã-feérica de cabelos claros e grávida que irradiava luz ao lado de um grão-feérico, ruivo e com um olho feito de metal.

Voltei a encarar o rosto a minha frente. A grã-feérica me avaliava cuidadosamente e eu podia dizer que era semelhante, talvez irmã da outra grávida. Seus cabelos eram de um tom mais escuro, olhos cinzentos e com a proximidade que estava, eu podia até contar suas sardas feito estrelas. Lindas e confusas.

Pisquei devagar, os grão-feéricos ruivos, a fumaça, o fogo, as sombras, Eliel. Tudo veio com um click, quase como levar uma picada e despertar de vez.

Impulsionei o corpo para frente.

— Por favor, se acalme! Não vamos machucar você.

“Eliel, Eliel, Eliel” procurei e empurrei as mãos da grã-feérica para longe de mim.

— Seu filho está salvo — parei. — Está vendo? Lucien está com ele — segui seus olhos e em um piscar pude ver com clareza o corpo de Eliel nos braços do grão-feérico ruivo, estava encolhido e suas sombras camuflavam parte de seu corpo.

Comecei a rastejar até ele.

— Venha conosco, sou Feyre. Grã-senhora da Corte Noturna. — explicou segurando meu ombro novamente e nos seus olhos, pude vislumbrar, havia amabilidade por trás da firmeza. — Vou te explicar tudo assim que chegarmos — prometeu.

Por que a Grã-senhora da Corte Noturna viria até mim? Não me importei. Forcei o passo até chegar no tal Lucien e peguei Eliel dos seus braços, confortada pela presença familiar das suas sombras negras se enroscando a mim.

— Precisamos ir, agora. — Lucien disse firme, o olhar avaliativo longe — Você realmente chama isso de não chamar atenção? — Pude ouvi-lo ralhar para Feyre.

— Fique quieto.

— Vou com você — concordei com a voz arrastada.

Que opção eu tinha? Ao menos, era como saltar direto para meu destino final.

E então nós atravessamos e o cansaço veio, irrefreável e destruidor. Estava exausta daquilo tudo, das perseguições e do perigo constante a minha vida e a de Eliel.

Tudo que estava sufocado dentro do meu peito veio a emergir e não tive mais forças para conter enquanto segurava meu filho e um novo cenário surgia ao nosso redor, enfim estávamos na Corte Noturna e eu sinceramente não sabia se podia cumprir a promessa feita para Eli.

Feyre saltou a todos nós para uma casa, os quatro de uma vez, as paredes se erguiam a nossa volta de um tom alegre e a lareira da sala estava acessa, irradiando calor pelo cômodo.

Me esquivei da sensação, meu corpo ainda ardente pelo contato com os dois homens ruivos na corte Outonal.

E Ninguém disse nada, eu simplesmente caí de joelhos em um canto abraçada à Eliel e solucei, as lágrimas pingando no rosto dele desacordado.

Sua roupa, sua face, seus cabelos estavam chamuscados e tingidos de pó preto. Um reflexo do meu deprimente estado. Eu ainda podia sentir o cheiro da minha carne do ombro queimada, fisgando a cada movimento.

Chorei, chorei e chorei, sem filtro.

— E-eli ... — chamei baixinho levando as mãos trêmulas até suas bochechas. Esfreguei sua testa e alisei seus cachinhos negros. — Mamãe está a ... aqui. Desculpe, d-desculpe ... — afastei minhas lágrimas do seu rosto, não aguentava mais vê-lo passar por situações arriscadas e eu sabia, lá no fundo, que sempre seria assim porque ele era especial e aqueles com olhos destituídos de calor sempre veriam nele um objeto, uma arma a ser empunhada.

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