23.

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Lucien.

Fomos ao Rita's. Lá encontramos Rhysand na porta, e quando entramos, encontramos Azriel. Com uma fêmea loira. Meu estômago se embrulhou. Queria voltar e ir para a Casa, mas Nils segurou o meu braço.

- Não. - ele falou enquanto os outros se afastavam. Rhysand e Feyre já estavam se atracando, abraçados, Mor estava do outro lado do Rita's dançando e provavelmente já bêbada. Amren estava com Nestha e Cassian, mas parecia que Cassian não estava apreciando tanto a presença dela como Nestha.

- Eles estão felizes sem mim. - falei para Nils, ele fechou os olhos e fez que não com a cabeça, um aceno breve em direção à Azriel.

- Ele não está. - ele disse enquanto me encarava nos olhos, aquele poder de Nils estava começando a me irritar. Ninguém poderia esconder nada dele, nem boas e nem más intenções, nem amor, nem ódio, nada.

- Parece que está. - olho em direção a Azriel que estava com as mãos na cintura da loira, minhas pernas tremeram por conta da dor que aquilo me causou. A fêmea se aproximou sorrateiramente e falou algo no ouvido de Azriel.

- Qual é, Lucien? Vocês dois tem o mesmo cheiro horrível de insegurança, e o mesmo cheiro da saudade, que me deixa com fome e vontade de beber. - um garçom passou com algumas bebidas em uma bandeja, ele pegou um copo e virou, depois colocou de volta na bandeja, seco. Percebi que Nils não ficava bêbado. Mas a bebida podia abafar o cheiro dos sentimentos dos outros.

- Olha... hoje foi um dia cheio. Cortei um laço de parceria, conheci você, descobri que eu tinha não um, mas dois parceiros, e ainda tenho que aguentar isso ali? Fala sério. Me leve pra casa por favor. - Pedi, era a única coisa que eu havia pedido para Nils desde que nos conhecemos, se bem que não faz tanto tempo, mas ele que tinha oferecido tudo pois sabia das minhas necessidades, e agora, ele precissva saber que minha necessidade de sair dali era maior do que a necessidade de falar com Azriel.

- Certo... vamos lá. - Ele se inclinou em direção a saída, e chamou uma nuvem. Ele comentou que elas funcionavam como meio de transporte dele desde que ele se entende por gente. Foi um longo caminho até a Casa do Vento, mas chegamos e ele me deixou na varanda. - Te vejo por aí, fedorento.

Ele soltou uma risada, e o fato de eu estar fedorento tanto em sentimentos quanto em cheiro de verdade, de suor e cansaço, me fez rir junto com ele.

- Até mais, encantador da noite, viajador de nuvens e farejador de sentimentos. - Ele riu e então acenou, dando tchau, acenei de volta pois era o mais educado a se fazer. E então entrei para dentro de casa. Não era a minha casa, e tudo ali me lembrava Azriel. Percebi que eu tinha que alugar, ou até comprar uma casa em Velaris. Eu planejava ficar. Nils poderia não estar certo sobre Azriel, mas estava sobre Feyre, Cassian, Rhys... até Nestha. Sobre O círculo íntimo em si. Eles se importavam comigo.

Caminhei em direção ao meu quarto, fazia um tempo que eu não pisava ali. Peguei uma roupa minha, pois aquela roupa illyriana não ficava, definitivamente não ficava bem em mim. Me despi e caminhei em direção ao banheiro, enchi a banheira e adentrei nela. Relaxei meus músculos e fiquei encarando o céu noturno da janela perto da banheira. O céu estava lindo como na noite que Azriel tocava pra mim. Nunca tive chance de falar que o amo, e eu o amo. E provavelmente nunca terei.

Terminei meu banho algum tempo depois, já era bem tarde e ainda não tinham chegado do Rita's, resolvi colocar meu pijama e deitar na cama. Fiquei brincando com fogo na ponta dos meus dedos, olhando as chamas se espalharem por eles. Eu estava no fundo do poço novamente. Estava devastado e com a companhia apenas das chamas dançando. Fechei os olhos.

- Não coloque fogo na casa. - eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Azriel. Abri os olhos e ele saiu das sombras. A quanto tempo estava ali? E é claro que eu nunca o ouviria chegando.

- Não tenho a intenção. - A minha voz saiu mais grossa do que eu planejava. - O que está fazendo aqui?

Sim, eu estava sendo rude. Mas não tanto quanto não falar com ele, que foi exatamente o que ele fez comigo mais cedo. Fingiu que eu não existia e que eu não era ninguém, e vindo dele, me magoou ainda mais.

- Queria passar um tempo com você. - As palavras dele acertaram o meu peito como flechas de freixo. Me encolhi um pouco debaixo do cobertor.

- Por que não está no Rita's com aquela fêmea? - Perguntei, apenas deixei sair. Tava na hora de parar de me esconder. Estava na hora de conversar com Azriel de verdade.

- Ela não significa nada. - Ele retrucou.

- Ela não parecia não significar nada. - Mais rude ainda. Fez ele se afastar um pouco, recuando um passo. Estava com medo, e eu também estava com medo, mas decidi que seria corajoso o bastante para enfrentar ele. Para dizer tudo que eu estava sentindo de uma vez por todas. Até revelar que ele era meu parceiro.

- Ela era minha amante, está bem? eu tava terminando tudo com ela. Por mais que fizesse semanas que eu não a visse, mesmo antes da guerra. Eu estava acabando tudo com ela porque eu queria estar com você. Isso não basta pra você? quer que eu finja que não tenho sentimentos além do que sinto por você? Quer que eu fale mais do que, eu não estava apaixonado por Elain e sim por você? você quer o que de mim? Eu não sei como isso funciona, merda, não sei. E quero descobrir com você, mas você não facilita pra mim, e ainda estava andando pra cima e pra baixo com Nils. - E ele jogou uma bomba em cima de mim, meu coração acelerou, ele se aproximou de novo, dessa vez eu me afastei. - Desculpe.

- Az... Azriel. Eu sempre perco todos ao meu redor. Olhe pra você, você conseguiu uma família que o ama depois de ter sofrido tanto. Seu sofrimento não foi em vão, mas eu sinto que o meu sempre é. Sofri na Corte de meu pai, sofri com meus irmãos, sofri com Tamlin, sofri com Elain, todos quase tentaram me matar... - dei uma pausa, silêncio. - Mas ter você é algo diferente. Mas também significa que eu tenho mais alguém pra me machucar, ou alguém pra machucarem quando quiserem me atingir... e quando você me ignorou, eu apenas queria fugir e saber o por que, por que você estava fazendo aquilo.

- Eu descobri uma coisa, Luci. - Ele se aproximou mais da cama, se sentou na ponta, sua expressão estava preocupada. - Não posso contar pra você agora, mas eu prometo que não vou mais fazer isso. Por um momento eu também achei... eu senti que não era bom o bastante pra você e que eu o faria sofrer, ou que você me faria sofrer. Sofri por quinhetos anos por Mor. Mas eu estou disposto a encarar isso, se você tiver também.

antes que eu pudesse responder, uma das sombras de Azriel, aquela que estava comigo mais cedo, começou a me rodear.

- Senti sua falta. - Falei pra sombra, e depois ergui a cabeça para Azriel. - E senti a sua falta também.

Falei e ele se aproximou, se inclinou e beijou meu rosto. Foi um ato simples de carinho, eu sorri e ele sorriu também. E depois eu o abracei, para demostrar que estava tudo bem, e estava mesmo. Tentei encontrar o laço que tinha com ele e mandar mais carinho, mais proteção e fazer com que ele soubesse que eu me importo, e acho que ele sentiu, mesmo não sabendo do laço, ele sentiu, e me abraçou mais forte.

𝐂𝐎𝐑𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐒𝐎𝐌𝐁𝐑𝐀𝐒 𝐄 𝐏𝐄𝐒𝐀𝐃𝐄𝐋𝐎𝐒. Onde histórias criam vida. Descubra agora