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Lucien.

      Rhysand convocou uma reunião do Círculo Íntimo. Ninguém sabia do porque ainda, mas ele parecia estar tenso, e no momento ele tinha ido atrás de Azriel. Estávamos todo mundo na sala de reuniões, e eu estava encarando o chão vermelho. A Corte Noturna não era nada de como eu esperava, não tinha aquela matança toda que eu sempre tinha ouvido falar, as pessoas eram todas gentis ao contrário do que Tam sempre falava. Eu me sentia enganado e traído, e talvez entendesse Azriel por estar tão bravo e magoado por ter descoberto sobre o Laço de Parceria daquele jeito. Eu ficaria do mesmo jeito, não posso negar.

   Rhysand chegou alguns longos minutos depois, mas sem o Az. Talvez ele realmente fosse fazer uma destruição se me visse. E eu não estava com vontade de morrer para um illyriano, pelo menos não naquela noite. Respirei fundo e todos se sentaram, Elain estava ao meu lado, seguido por Nestha, Feyre, Cassian, Amren, Mor e por fim, a cadeira de Rhys, e ao lado dele ficaria Azriel. Se ele estivesse aqui.

    ─ O Az não pode estar aqui hoje. ─ comentou, Rhys, enquanto Cassian grunhiu. Eles tinham brigado? ─ Cassian, sabe que ele não fez por querer.

   Cassian bufou, e revirou os olhos, Nestha o seguiu. Era rara as vezes que Nestha concordava com Cassian, e aqueles momentos eram espetaculares, apenas quando, Cassian notava, mas talvez no fundo ele estivesse realmente preocupado com Azriel, essa foi a primeira vez em que eu pisei aqui que Cassian não estava olhando e admirando Nestha. Então ele não tinha percebido.

    ─ Bom, não sei se vocês notaram, mas esses últimos dias fumaças estão aparecendo por toda Velaris. ─ falou Feyre, então. ─ Rhys foi fazer uma patrulha hoje a noite, e ele viu algumas queimadas. Dentro de Velaris. Estamos observando que é longe demais das casas para ser algum habitante das casas das aldeias.

    ─ os escudos estão bem erguidos. ─ afirmou Mor. Rhysand concordou, e quando eu menos percebi, o olhar de Amren e de Nestha estavam sobre mim. Achavam mesmo que eu estava colocando fogo em Velaris? eu nem ao menos tinha saído daquela maldita casa no alto da montanha.

   ─ Não suspeitamos de você, Lucien. ─ Rhysand falou. Mas uma coisa, Rhys não falava por todo mundo daquela sala. Me levantei, se Azriel tivesse ali também, ele concordaria com Nestha e Amren, e eu seria expulso. Por que eu deveria ficar em um lugar que não sou bem aceito?

   ─ hum, vocês podem discutir isso. Eu irei me retirar e descansar um pouco. Pois eu fiz muitas queimadas aqui de dentro desta casa. ─ me levantei, rapidamente eu estava na varanda da casa, aquela que sempre os illyrianos pousavam, com aquelas grandes asas e tão elegantes. Cuspi, meu cuspi caiu no chão à quase mil quilômetros de distância antes que eu pudesse pensar em outra coisa, fiquei olhando para o céu. O céu de Velaris, o céu mais bonito que já havia presenciado em toda a minha vida, mas eu estava sozinho. Ou não mais. Elain apareceu atrás de mim. Me virei de imediato.

   ─ O que? também acredita que eu estou incendiando Velaris? ─ Indaguei, a encarando nos olhos. Antes que ela falasse algo, suas mãos tocaram meu rosto, as pontas dos dedos estavam gélidos. Pisquei, ficando um pouco mais calmo, Elain tinha aquele poder sobre mim, me deixava calmo, e ela sabia, sabia que não tinha sido eu.

   — Não acredito que você seja capaz disse, Lucien. — afirmou ela, e um sorriso se formou em meus lábios, um sorriso sincero. Fazia dias que eu não sorria com sinceridade. — não faça besteiras. E irei voltar para a reunião, e você deveria voltar também.

"não faça besteiras."
   Fazia dias que a guerra tinha acabado, fazia dias que eu não saia daquela casa. Ou eu poderia tentar descer a grande escadaria ou me jogar ali de cima. Não séria uma má idéia, eu poderia morrer ou minha queda poderia ser parada pela neve fofinha. Eu não me importaria de morrer, na verdade. Não iria fazer falta, e talvez provasse minha inocência.

   Minha boca ficou seca instantâneamente. Fechei os meus olhos, estava pronto para o impacto, estava pronto para cair de cara no chão, mas algo se chocou contra o meu corpo. E minhas costas se chocaram contra a parede, na verdade, contra a montanha. Olhei para baixo, estava centímetros do chão. Engoli em seco e então senti braços fortes ao redor do meu corpo, ergui a cabeça e ali estava ele, Azriel. Com a sua pele bronzeada e aqueles olhos castanhos e chamativos.

   Coloquei minhas duas mãos no peito dele, o empurrando para longe de meu corpo, e então me choquei contra o chão, mas não teve impacto, então o encarei de novo, indagando com aquilo. Agora eu estava devendo algo para ele não estava? é claro, é claro que eu estava.

     — eu salvei sua vida! É assim que me agradece? — Azriel passou a mão por suas vestes, limpando toda a neve. Eu não queria ser salvo.

    — valeu. — minha voz saiu baixa, então saí batendo o pé pela neve, esbarrei no ombro dele e pude visualizar ele virando-se em minha direção com os braços cruzados, com aquele semblante indagando "para onde está indo?" Mas fui surpreendido com ele, esbarrei nele novamente, mas agora ele estava em minha frente.

   ─ para onde está indo? que eu saiba, sua casa é lá em cima. — ele apontou para a casa no alto da montanha. Revirei os meus olhos, ele percebeu minha irritação, e ele estava se divertindo com aquilo, eu tinha certeza que estava. Apenas passei por ele e continuei o meu caminho, não tinha respondido pois eu não devia nenhuma satisfação à Azriel, e... eu também não sabia para onde eu estava seguindo, só estava indo.

𝐂𝐎𝐑𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐒𝐎𝐌𝐁𝐑𝐀𝐒 𝐄 𝐏𝐄𝐒𝐀𝐃𝐄𝐋𝐎𝐒. Onde histórias criam vida. Descubra agora