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Azriel.

 

  Dormi a noite toda, foi uma noite tranquila. Fora o ocorrido de mais cedo, mas tinha sido um ocorrido intenso. Eu não sabia onde estava com a cabeça. Beijar um macho. Beijar Lucien. De onde eu tinha tirado aquela maldita idéia? Eu só queria o fazer calar a boca, e aquela era a única maneira que eu poderia fazer sem machuca-lo. Era isso, claro que era, não tinha outra explicação, e ele nunca retribuiria um beijo meu, não é? Ele não é louco. E também não gosta de machos. Será que Lucien gostava de mim? Eu apenas deveria fingir que nada tinha acontecido noite passada?

   Me levantei do sofá, dolorido, com minhas costas e meus músculos doendo, caminhei para a cozinha. Uma tinta vermelha tinha manchado a maioria das pinturas de Lucien, mas o que sobrou das pinturas estava bem bonitas. Tinha um céu estrelado. Um mar de estrelas, segurei o pepel, e tinha algo escrito atrás.

    "As estrelas refletem nos olhos de Azriel."
 
     E a data da noite em que ambos dormimos sob o céu, ele estava me olhando naquele dia, enquanto eu estava tocando. Seu olho era atento aos meus, ele havia reparado em algo profundo. E aquilo era tão bonito. O escutei descendo as escadas e em questão de segundos eu estava em frente a geladeira, pegando algo para comer, ou pelo menos fingindo que estava pegando algo para comer.

    — bom dia. — ele resmungou de forma baixa, peguei uma jarra de suco, me virei para procurar um copi quando o vi colocando a mão sobre a testa. — Estou morrendo de dor de cabeça.

   ele parecia mal, bem mal. Seus lábios estavam ficando roxos de novo. Aquele frio estava voltando para ele. Ele andou, ou cambaleou até a mesa e puxou a cadeira para se sentar. Mordi meu lábio enquanto pensava em alguma coisa, para fazê-lo melhorar. Talvez eu pudesse coloca-lo em transe. Elain não me veria abraçado com ele. Mas ele não saberia, e eu nunca faria nada com ele sem o devido consentimento.

    — você não parece muito bem. — Senti um leve incomodo, meu escudo estava tentando ser derrubado. O escudo que estava protegendo a porta. Quem será que tinha conseguido passar pelos outros escudos? Talvez Rhys, ou Feyre, até mesmo o Cassian, eles poderiam abrir os escudos deles e entrar facilmente, mas não poderiam passar pelo meu.

    — não estou nada bem, Azriel. Acho que preciso de um pouco de água... — ele se levantou, mas ia cair se eu não tivesse largado a jarra no chão e ido de encontro com ele, segurado-o no colo e servido de apoio. Sua pele estava igual gelo. Ele estava congelando novamente.

   Corri para a sala, colocando-o sobre o sofá. Não estava ligando para quem estaria na porta naquele momento. Não seria a Elain, Cassian e Amren nunca confiariam em Elain novamente. Talvez Rhys também estivesse suspeitando de algo. Mas no momento eu precisava de algo para salvar a vida do Lucien.

    — Lucien! Sou eu, a Amren! abra pra mim idiota. Eu vim cuidar de você. — Amren. Amren poderia me ajudar. Claro que poderia. Corri para a porta, desfazendo o escudo e vendo os sifões brilharem em minha mão. — Azriel? O que está fazendo aqui? E cadê o Lucien?

    — O Cassian não te contou? eu estou aqui pra cuidar dele. Mas acho que ele não está em um bom estado. Eu estou preocupado com ele Amren... — Ela olhou para mim, já conhecia aquele olhar. Um olhar de desconfiança. Ela entrou, fechou a porta e me jogou contra a parede com tanta força que se minhas asas tivessem livres, iria doer mais do que tinha doído normalmente.

    — quem é você? — Ela colocou seu antebraço em meu peitoral para que eu não escapasse. Amren é bastante forte. — O que você fez com o Azriel? FALA!

    Soltei uma risada e ela apertou ainda mais o meu peito. Havia uma sombra no canto da parede e eu fui puxando ela, até que pudesse me esconder nela e fugir da Amren.

    — Sou eu, Amren. — Limpei a poeira invisível de minha roupa, enquanto ela se virou para mim e entreabriu a boca. Talvez estivesse surpresa com a parte do "Estou preocupado com ele, Amren". Era de se estranhar mesmo.

    — Você está preocupado com o Lucien? Sabe, o mesmo Lucien que é parceiro da Elain? Da mulher que você é apaixonado e corre atrás dela feito um cachorrinho sem dono? — Ao ter tudo aquilo jogado em minha cara, percebi que eu era quase igual o Cassian. Eu, Rhys e Cassian, três apaixonados pelas irmãs Archeron. Mas nem todas tem um bom caráter. E eu havia beijado o parceiro da mulher que um dia eu amei com toda a intesidade do meu coração.

    — Não vamos nos preocupar com isso. Vamos nos preocupar com ele. — Apontei para o Lucien. Ele estava desacordado. Meu coração ficou apertado. Amren estava ajoelhada ao lado do sofá, segurando a mão de Lucien, estava o examinando. Ele realmente estava ficando congelado, toda a sua pele estava ficando congelada, seus lábios roxos e a ponta dos seus cabelos vermelho estava ficando branco.

    — Ele está entre a vida e a Morte Az. Precisamos levar ele até o Rhys, não posso fazer nada aqui. — Amren me olhou, parecia preocupada também. Eu concordei. Já sabia o que ela queria dizer, então fiz minhas asas aparecerem.

    — Vamos.

༺☈༻
Elain.

   Com Lucien desacordado eu não tinha como saber das coisas. Eu não tinha como saber se iriam salva-lo. Eu precisava voltar para Velaris com o mais rápido possível. Apenas Lucien sabia da verdade, o coração dele estava envenenado e sob o meu domínio, então ele não poderia falar nem sequer uma palavra de meu plano. Todos em Velaris pareciam não desconfiar de mim. Era hora de agir, e levar a ajuda. A minha ajuda.

    — Vamos lá, Maxim. Eles não são um bicho de sete cabeças, você entrou nisso comigo, e tem que terminar isso comigo! — falei em um tom autoritário.

   — Eles são um bicho de sete cabeças sim! Conte comigo. Feyre, Rhysand, Azriel, Nestha, Amren e Mor. — ele contou nos dedos e eu revirei os olhos. Ele poderia ser poderoso, mas era burro.

    — São seis, no total. E nós temos um exército! O seu exército. Claro que eles não vão agora... connosco. Mas os deixe preparados. E você acha mesmo que minhas irmãs ficariam contra mim? — Perguntei num tom sínico. Ele ajeitou as asas e se aproximou de mim, deixei um beijo na bochecha dele. Um beijo sensual para deixa-lo querendo mais. Ele segurou minha cintura, aproximou o meu corpo do dele e saiu voando. Nosso destino? Velaris. E eu estava torcendo para que Rhysand, Azriel e Cassian não o reconhecessem da juventude.

  

𝐂𝐎𝐑𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐒𝐎𝐌𝐁𝐑𝐀𝐒 𝐄 𝐏𝐄𝐒𝐀𝐃𝐄𝐋𝐎𝐒. Onde histórias criam vida. Descubra agora