01. ligação

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Era Sexta-feira e o clima estava de congelar em South Park. Craig se encontrava estirado em sua cama junto com Token, que estava passando a tarde em sua casa.

Clyde não pôde ir porque pegou um resfriado, mas de qualquer forma, Token o contaria tudo depois.

O moreno estava relembrando do que tinha acontecido duas semanas atrás. De quando a briga ocorreu, e o soco — um canto de seu rosto ainda estava um tanto inchado — , e a breve e desconfortável conversa que Tweek e ele tiveram antes dele ir embora. O momento em que Tweek limpou seu machucado também era uma memória recorrente em seus sonhos.

Seu coração martelava mais forte cada vez que pensava em ver o loiro de novo. E uma batida solitária se dava toda vez que o sorriso pequeno dele aparecia em sua mente, deixando seu estômago confuso e estranhamente quente.

Era até meio bizarro pensar que ele estava tão radiante apenas por ter conversado com alguém que nem ao menos sabia seu nome ainda. Ele não podia evitar em se sentir bem, no entanto.

As coisas tinham mudado um pouco depois daquele dia, pois Tweek acenava com a cabeça sempre que o via, como um cumprimento.

Na verdade, dois dias seguintes ao soco, quando Craig apareceu na cafeteria, Tweek se aproximou hesitantemente dele, parando logo em frente a sua mesa com uma expressão estranha.

"Como tá o machucado?" Foi o que ele perguntou.

Craig ficou tão surpreso com a iniciativa de vir perguntar, que mal soube reagir. Ele ficou com a boca aberta estupidamente por alguns segundos antes de conseguir elaborar uma frase coerente.

"Tá menos dolorido, eu acho. Você tem um soco forte." Ele respondeu, mordendo um sorriso quando Tweek balançou a cabeça com os lábios meio curvados para cima.

Ele fez seu pedido rapidamente — um pedaço de bolo e um cappuccino, porque apesar de não gostar de café, um cappuccino sempre era bem vindo —, seu coração muito violento no peito ao ter Tweek o encarando atentamente enquanto ouvia.

Mais de uma vez durante aqueles poucos minutos, Craig cogitou chamá-lo para algo, mas sua garganta parecia se fechar sempre que ele abria a boca para dizer isso, e ele acabou não dizendo nada.

E então algum cliente o chamou em sua mesa e Tweek se despediu com um aceno educado, pediu desculpas pelo soco mais uma vez, e saiu rapidamente.

Quando ele trouxe seu pedido alguns minutos depois, eles não conversaram além de um "aqui está" e "obrigado", e toda a queimação no estômago de Craig cessou ao observar suas costas se afastando dele, indo para longe como sempre fazia. Sempre inalcançável demais.

Essa foi a única interação entre eles que realmente importava desde o soco. Ainda estava deixando Craig louco.

A sensação de querer mais era extremamente incapacitante porque ele sabia que não poderia fazer nada. Mas, Deus, como ele queria conseguir se aproximar de Tweek. Era quase doloroso, o quanto ele queria.

Mas dizer isso era muito difícil. As palavras subiam até sua garganta e ficavam presas lá.

— Tá pensando naquele menino da cafeteria? — Token se deslocou de um lado para o outro na cama de solteiro, encarando o amigo atentamente.

É claro que ele e Clyde já estavam cientes da pequena paixão do amigo, porque eles sabiam de tudo sobre ele, e sempre o encorajavam pra que ele tomasse de vez uma maldita atitude e ao menos tentasse chamá-lo para sair e acabasse com esse sofrimento todo. Mas honestamente, Craig preferia sofrer do que ser rejeitado. Ele já tinha humilhações o suficiente em sua vida e não tinha espaço para mais uma.

O loiro da cafeteria, creek ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora