06. o refúgio

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Após a noite passada, Tweek não teve nem um mísero segundo de paz, tendo que escutar a todo minuto seu pai tagarelando pra lá e pra cá, dizendo que prepararia as coisas pro "casamento" dos dois e que ele e Craig eram lindos juntos.

— Você prefere rosa ou roxo pras flores? — perguntou ao chegar ao quarto, parado no batente da porta, parecendo falar sério, e Tweek revirou os olhos sentado na cama enquanto lia um livro de fantasia, não acreditando em tamanha baboseira.

— Pai, eu só dei um beijo na bochecha dele, não tem motivo pra fazer esse alarde todo — disse, dando de ombros como se não fosse nada demais.

No entanto, só em pensar no que aconteceu e rever a cena de como Craig pareceu surpreso e como seu rosto ficou rubro, Tweek sentia aquela mesma sensação em sua barriga que o incomodou durante todo o passeio.

Mas a questão mesmo é que Tweek não era gay.

Absolutamente não.

Foi uma decisão impulsiva, e não aconteceria novamente.

— Foi só... m-meu jeito de agradecer por ele ter me deixado em casa, tá legal? Não é tudo isso, você tá muito emocionado! — continuou dizendo, muito sério.

Richard notavelmente ignorou suas palavras, voltando a falar e falar sobre o mesmo assunto, não parando mais.

Paciência tinha limites e Tweek já estava seriamente a um passo de atirar o livro na cabeça do pai.

[...]

Enquanto isso, Craig dançava livremente no seu quarto. Com fones de ouvido, ele ia remexendo os quadris com habilidade, se sentindo mais feliz do que nunca esteve em toda a vida.

Afinal, Tweek havia lhe beijado. Na bochecha é claro, mas isso já era um grande passo, levando em conta o fato de que não fazia nem 4 meses desde o primeiro acontecimento que fez eles se conhecerem.

As coisas iam bem entre eles, ele só não sabia como seria no dia seguinte, em que eles se veriam de novo na cafeteria.

Como Tweek iria reagir? Será que ele ia surtar? Ou ignorar a situação completamente?

Essas eram as perguntas que enchiam os ouvidos de Craig e o incomodavam como um mosquito o rodeando com um zumbido irritante.

Ele só parou de dançar quando Tricia apareceu na porta, o avisando de que tinha visita pra ele, o que o fez franzir o cenho em confusão. Não lembrava de ter chamado alguém pra casa hoje.

— E aí! — Clyde cumprimentou no momento em que Craig abriu a porta, e já veio entrando junto com Token, tirando os sapatos e o casaco e os pendurando no cabideiro logo ao lado da entrada.

Craig franziu o cenho em confusão.

— O que vieram fazer aqui? — perguntou, confuso, apoiado na maçaneta da porta depois de fechá-la. Afinal, nenhum dos dois tinha avisado que vinha.

— A gente veio te ver, ué. — Clyde disse como se fosse óbvio, mas sua expressão estava estranha. Ele parecia irritado. Craig não entendeu.

— Isso eu sei, idiota. Eu só quero saber por quê. A gente não tinha nenhum plano hoje, até onde eu lembro.

E então, Craig finalmente reparou na expressão de Token. Ele parecia lívido.

— Como assim "por quê"? — ele perguntou erguendo as sobrancelhas, desacreditado. — Você quer que a gente vá embora então? Já basta você ter deixado a gente de escanteio por causa desse seu Tweek! Eu entendo que você teve um encontro com ele e tudo o mais, mas cara, não é por causa disso que você tem que esquecer da gente. E é isso que você tá fazendo. Não somos segunda opção.

O loiro da cafeteria, creek ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora