— Craig...? — Tweek chamou assim que entrou no quartinho para funcionários, fechando a porta com cuidado e acendendo a luz. Ele piscou um pouco para a claridade repentina, demorando um pouco para focar em alguma coisa. — O-o que aconteceu?
Seus olhos encontraram os do moreno, e os dois garotos ficaram em silêncio, encarando um ao outro.
Craig desviou o olhar rapidamente e um som horrível saiu dele, como um soluço quebrado, e ele rapidamente escondeu o rosto nas mãos, estremecendo.
Ele fechou os olhos com força, tentando desfazer as imagens em sua mente, tentando esquecer. Mas já era tarde demais. Ele viu o causador de tudo e as emoções voltaram com toda a força. Cada pedaço de memória daquele dia. O dia do acidente. O dia que marcou sua vida pra sempre. O dia em que ele perdeu uma das pessoas mais importantes da sua vida.
Ele não queria lembrar daquilo, da sensação. Simplesmente não queria passar por aquilo mais uma vez. Ele guardou tudo por tanto tempo e agora veio com tudo e ele não conseguia controlar o aperto em seu peito e o bolo em sua garganta.
Era como se o mundo estivesse ruindo ao redor dele e ele não pudesse fazer nada para impedir. Era como se ele mesmo fosse o mundo e estivesse caindo aos pedaços.
Sua respiração estava vindo em movimentos rápidos e doloridos e seu corpo inteiro parecia formigar em todo lugar. Tudo doía. Sua visão parecia queimar, borrada no canto dos olhos, e ele teve que fechá-los. As mãos em seu rosto tremiam e ele sentia como se estivesse sufocando aos poucos, diminuindo até ficar completamente encolhido em si mesmo.
— Craig? — ele conseguiu registrar a voz de Tweek em algum lugar perto dele, soando como se estivese debaixo d'água, e o loiro se aproximou devagar, se agachando para ficar na altura de Craig, que ainda estava abraçando os próprios joelhos com a cabeça entre os braços, tremendo sem parar e sem conseguir respirar corretamente.
Tweek reconhecia uma crise quando via uma, ele teve várias dessas, mas ver Craig daquela forma era destruidor, seu peito doía só de vê-lo.
Lentamente, Tweek levou uma mão para um dos ombros dele, fazendo movimentos calmantes, e perguntou, baixinho:
— Você acha que consegue me dizer o que aconteceu? E-eu quero ajudar.
E Craig tentou, realmente tentou dizer algo. Mas não conseguia. Sua voz não saía. Era como se as palavras fossem pequenos cacos de vidro e cortassem sua garganta, o sufocassem.
Então, ele chorou. Chorou por sentir tristeza. Por sentir medo. E por sentir vergonha. Vergonha porquê não queria ficar assim na frente de Tweek. Não queria que ele o visse nesse estado. Só queria se acalmar, engolir o choro, e ir trabalhar como nos outros dias, ser forte. Ignorar os problemas, as lembranças e, principalmente, a dor. Que era excruciante.
Diante do silêncio de Craig, Tweek segurou sua mão bem firme, e se encostou na parede ao seu lado, sussurrando em uma voz suave:
— Olha, eu não sei o que houve, mas você pode contar comigo, tá? Vou ficar aqui com você.
— E v-você pode deitar a cabeça no meu ombro s-se quiser. — o loiro ofereceu num sussurro, apertando mais sua mão na outra pra demonstrar seu apoio.
Sem fazer som algum, Craig levantou sua cabeça e a deitou no ombro dele, fechando os olhos ao sentir um carinho leve nos seus cabelos.
Seu corpo ainda formigava e ele sentia uma queimação dolorosa em seu peito, mas Tweek ao lado dele era uma presença sólida e real e ajudava a sentir que ele estava preso a terra de alguma forma, vivo.
Em algum momento, ele enterrou a cabeça no peito de Tweek e ficou ali, tentando seguir o ritmo calmo da respiração dele, sentindo o formigamento o deixando aos poucos enquanto ele se acalmava e a crise parava.
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O loiro da cafeteria, creek ✔️
Romance[Concluída] Ter um crush enorme no funcionário de uma cafeteria realmente não estava nos planos de Craig para aquele ano. Mas acabou acontecendo mesmo assim. E ele nem mesmo gostava de café. História também disponível no Spirit!