Pela manhã, assim que Tweek se levantou e desceu às pressas da parte de cima da beliche que dividia com seu pai, ele pôs as engrenagens para funcionar e começou a pensar em como faria para pedir a mão de Craig sem acabar estragando tudo.
Já era de conhecimento geral que os garotos praticamente agiam como se fossem um casal de anos de convivência, por aparentarem ter um grande nível de intimidade entre si. E Tweek tinha 99,1% de certeza de que Craig retribuía seus sentimentos na mesma intensidade. Mas ainda sentia medo de perder a relação que eles demoraram tanto para construír. Ainda tinha um receio de ficar sem a única pessoa que o fez sentir o tão famigerado e procurado amor. Nunca se perdoaria se deixasse Craig partir por um erro tão bobo.
Ele foi o único a entender o loiro de verdade. O único que teve paciência com seus medos e erros e não o julgou por eles. E o único que prometeu ficar, e realmente ficou.
Mesmo tendo certa dificuldade para lembrar de algumas coisas, esse dia em específico foi um que Tweek nunca mais esqueceu. O dia em que, há mais de um ano atrás, ele viu Craig pela primeira vez, sentado naquela mesa situada logo no canto de sua cafeteria, usando gorro e um casaco azul.
Ele realmente não deu muita atenção a ele no dia porque estava exausto e só queria terminar seu turno do dia e deitar por algumas horas. Mas ele não pôde perder como aquele novo cliente sentado na mesa com outros dois garotos tinha olhos muito azuis e bonitos. Por um momento, foi quase como se tudo ao seu redor tivesse parado enquanto ele encarava aqueles olhos.
O momento se quebrou muito rápido e ele simplesmente não pensou nisso mais ou se importou, mas a sensação ainda estava alojada em algum lugar no fundo de seu cérebro, uma sensação de formigamento, tão inquietante e incapacitante que chegava a beirar o bizarro.
Mesmo sem realmente saber disso, ele sentia, de alguma forma, que sua vida nunca mais seria a mesma depois daquele dia.
E de fato, não foi.
Aquele moreno carrancudo com o rosto mais lindo que Tweek já vira, viraria seu mundo de cabeça para baixo e o faria questionar todas as suas certezas e incertezas.
[...]
— Tá indo pra onde? — Tweek perguntou ao que Richard apareceu arrumado logo após a cafeteria fechar e Craig se despedir.
O adulto se virou para o filho como se houvesse acabado de receber o melhor dos presentes. Seu sorriso estava tão aberto que alcançava os olhos.
— Molly me convidou pra sair. — Ah, agora isso fazia algum sentido. Molly... era só sobre ela que o pai sabia falar nesse último mês.
— Isso não me-ngh, surpreende. — murmurou, tendo um tic, voltando a atenção para seu livro, fingindo desinteresse nos assuntos do pai. Já era a segunda vez em 7 dias que os dois saíam juntos. Pareciam até um casal de velhos, não conseguiam ficar separados um segundo. — V-vocês sempre saem juntos.
Tweek revirou os olhos, passando mais uma página e marcando o capítulo onde parou, voltando a encarar o pai assim que fechou seu livro.
— Onde ela vai deixar o garotinho? — Direcionou a pergunta para o adulto, que passava perfume na própria camisa e a cheirava. — Aquele do parque.
— Ah... eu esqueci de dizer. — O homem, parecendo de repente muito nervoso, fez uma careta esquisita, sem olhar o filho. — Nós íamos deixar ele aqui.
— A-aqui?! Comigo?!
Tweek já tinha tido experiências ruins o bastante com pirralhos para saber que não gostava nem um pouco deles. Como no dia que teve que aguentar uma terrível enxaqueca por horas seguidas simplesmente porque o filho de um dos clientes fez um escândalo na cafeteria por seu pai não ter lhe comprado um brownie. Só aquilo já dizia muito sobre a relação de Tweek com qualquer criança que fosse.
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O loiro da cafeteria, creek ✔️
Romance[Concluída] Ter um crush enorme no funcionário de uma cafeteria realmente não estava nos planos de Craig para aquele ano. Mas acabou acontecendo mesmo assim. E ele nem mesmo gostava de café. História também disponível no Spirit!