02. chance

2.6K 221 365
                                    

Devidos créditos dados ao artista da fanart do cap. Boa leitura <3

**

Eram 23:00 e a cafeteria já estava fechada há algumas horas. Tweek encontrava-se limpando uma mesa com um pano azul. Seu avental estava cheirando a ovo podre e seu cabelo estava mais bagunçado que nunca.

Seu humor realmente não estava dos melhores e ele tinha um motivo para isso.

É que desde que recebeu a notícia de que sua avó Gemma, a mãe de sua mãe, faleceu, foi como se seu mundo tivesse caído e ele não sabia como levantá-lo novamente.

Gemma sempre foi uma mulher muito divertida, e sempre que podia, fazia piadas e se divertia conversando com Tweek sobre assuntos que os dois tinham em comum, sempre presenteando-o com livros e sapatos e tudo o mais que sabia que ele gostaria.

Durante a sua infância, ela ajudou muito seu pai a cuidar dele, e tinha um vício por bagunçar seu cabelo carinhosamente. Tweek sabia que a guardaria para sempre como uma memória brilhante e cativante, sempre com aquele sorriso enrugado e a voz suave.

Diferente de sua mãe, Gemma nunca se afastou e, na verdade, desaprovava totalmente a atitude da filha de abandonar o próprio filho e o marido. Parecia até irônico que sua mãe fosse a pessoa a avisá-lo de seu falecimento. Tweek não conseguia decidir entre se sentir irritado ou triste. Sua mente nunca foi um lugar tão confuso.

Ele mal conseguia suportar pensar nas memórias que tinha dela e lembrar da sensação horrível de ficar parado em roupas pretas na frente de um caixão quatro dias atrás. Saber que sua vó estava bem ali, o deixava enjoado. Ele sequer teve coragem de ir até ela e ver seu rosto pela última vez. Parecia demais. E ele realmente não queria vomitar no funeral.

— Tweek, vamos entrar, já está tarde. — Richard desceu as escadas já sem seu avental, sua voz mansa enquanto ele se aproximava.

— E-eu já estou terminando. — ele fingiu esfregar a vidraça, que já estava brilhando de tantas as vezes que o garoto passou o mesmo pano ali. Ele só precisava de algo para se distrair.

Seu pai suspirou, tão exausto quanto Tweek, olhos cansados.

— Eu sei que é uma coisa terrível que aconteceu, mas não quero que você se isole desse jeito — Se aproximou e apoiou uma mão em seu ombro, tentando acalmá-lo. Sabia dos problemas e das crises de Tweek, e não queria que ele tivesse mais um desses episódios num horário daqueles. — Eu sabia que era melhor se você não tivesse ido até o enterro.

Tweek ajeitou a própria postura, tentando muito não transparecer em sua expressão o quanto ele ainda queria chorar.

— Eu teria... ngh, me sentido pior se não tivesse ido!

Richard olhou preocupado para ele, franzindo um pouco as sobrancelhas. Então ele suspirou, levando uma mão para bagunçar os cabelos loiros carinhosamente.

— Olha, eu já vou subindo, tudo bem? Não demore a subir também. O clima está frio e você já está resfriado. Vou esperar lá em cima.

E então ele se inclinou para frente, levantou o cabelo da testa de Tweek e deixou um beijo ali, sorrindo fraco antes de subir.

Tweek ficou mais alguns minutos no andar de baixo, refletindo em silêncio com o coração apertado, parado enquanto olhava para o chão.

Seu cansaço era tanto que ele sequer conseguia puxar os próprios cabelos para tentar aliviar o próprio estresse. Simplesmente parecia muito para se fazer agora e ele só queria deitar e dormir por dias, não pensar em nada.

Foi então que sentiu uma vibração incomum no pequeno bolso costurado em seu avental manchado. Era seu celular indicando que tinha recebido uma mensagem.

O loiro da cafeteria, creek ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora