07. onda de desejo

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Tweek estava mais nervoso que nunca, andando de um lado para o outro dentro de seu quarto, puxando os cabelos e tremendo bem mais que o comum.

Craig estava vindo para o trabalho, e obviamente, eles teriam que se ver, e eventualmente se falar também.

O problema era que depois de tudo que houve no dia que os dois saíram, ele não fazia ideia de como agiria na frente do moreno. O dia foi incrível e Tweek gostava de como parecia que eles eram amigos agora. Mas ele não pensou direito, o beijou pelo impulso, e isso estava o enlouquecendo.

Não era como se ele se importasse com a opinião de Craig, nem nada — era do que ele estava tentando se convencer. Se sentia um idiota por estar surtando tanto por isso, mas era difícil não surtar quando ele não conseguia parar de pensar.

Ele passou os últimos dois dias sem sequer pensar sobre isso, e por isso esteve tão tranquilo. Mas agora que o dia de vê-lo havia chegado, Tweek não conseguia parar de surtar. Ele engarrafou tudo que sentia sobre essa situação por dias, e agora estava pagando o preço por isso, porque todo o nervosismo o atingiu como uma avalanche.

O que fazer quando você toma uma decisão impulsiva e sem querer beija seu colega de trabalho na bochecha?

— Caralho, o que eu vou dizer?! — perguntou a si mesmo, parado na frente do espelho, quase berrando com seu próprio reflexo. — "Ah Craig, oi, você pode, por favor, esquecer que eu te beijei e fingir que nada daquilo aconteceu? Eu sou hétero" AAAGH! Eu sou um imbecil! Puta merda, eu estraguei minha própria vida.

— Que gritaria toda é essa Tweek? — Richard perguntou quando entrou no quarto, estranhando toda a barulheira. — Dava pra te ouvir berrando lá do andar de baixo... E já chegou um cliente, você não vai vir?

Tweek virou o pescoço de um jeito que Richard não sabia que era humanamente possível, e o encarou com os olhos arregalados marcados por olheiras, em um pedido silencioso por ajuda.

— Pai, o que eu faço?!

Richard o olhou, confuso.

— Do que estamos falando exatamente...?

— Do Craig! — Voltou a mirar o próprio reflexo assustado no espelho. — Do que mais seria?! Não que eu me importe, mas... talvez ele se importe.

— Ah, então é por isso que está nervoso? — Se aproximou do filho, indo parar atrás dele, apoiando as mãos nos ombros dele, sentindo como ele estava tenso. — Tweek, não tem o que se preocupar, eu tenho certeza de que as coisas vão continuar bem entre vocês.

— Você acha...?

— Claro — sorriu, olhando o loiro pelo espelho. — Eu vi como ele sorriu depois que você entrou. — Ao dizer isso, Richard viu Tweek ficar num tom de vermelho muito forte, e abaixar a cabeça. — E também, eu já fiz os preparativos pro casamento de vocês, então não tem mais volta.

Tweek armou uma carranca para ele.

Pai, sério.

Richard apenas sorriu alegremente, ignorando sua irritação.

— Vou estar te esperando no andar de baixo, tudo bem? — Beijou o rosto do filho carinhosamente. — Não demore a descer.

Tweek bufou contrariado, se voltando para o espelho mais uma vez, tentando dar um jeito no cabelo e fazendo seu melhor para não pensar demais em Craig.

Não estava dando muito certo.

[...]

As ruas estavam quase desertas, e o único som que se ouvia era o dos sapatos de Craig em contato com o chão. Ele corria desgovernado, murmurando um novo xingamento a cada passo que dava, furioso com seu despertador. Ele não havia despertado no horário que deveria, e Tucker perdeu o horário, tendo que se aprontar o mais rápido o possível, o que foi inútil, pois ele continuou como se tivesse acabado de sair de uma guerra de travesseiros super violenta e com direito a panelada na cabeça.

O loiro da cafeteria, creek ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora