After Everything • ACOTAR

Capítulo 4

Amren preferiu não nos acompanhar e por em jogo o seu apetite, então Rhys e eu seguimos para o quarto do bebê. Ele o colocou deitado sobre a cama e depois colocou as mãos na cintura. Entreguei a ele tudo o que iria precisar e apenas observei.

— Vamos lá, então, amigão.

Observei atentamente o que meu parceiro estava fazendo, Rhys sabia exatamente o que fazer e como fazer, percebi que todos aqueles livros que leu e práticas loucas serviram para algo. Quando terminou, Rhys fez todos os panos e a fralda desaparecerem em um piscar de olhos.

— Cheiroso de novo. —  ele disse, dando um beijo na bochecha de Nyx.

— É, filho, parece que o seu pai leva jeito para essas coisas.

— Eu sou bom em muitas coisas. — malícia brincava em seus lábios.

Voltamos para o jardim e Amren ainda estava lutando para comer um pedaço de carne, o mesmo de antes. Ela ainda estava se habituando às comidas, mas com uma certa resistência.

Mor apareceu minutos depois, se juntou a nós e pegou Nyx dos braços do pai. Rhys não se importava ou se sentia incomodado com isso também, Mor era extremamente apegada ao bebê e não era bom contrariar esse fato, desde quando percebeu a mudança no meu cheiro a vi empolgada com tudo isso. Com tudo que estivesse relacionado a ele.

— Como foram as coisas na corte dos pesadelos? — perguntei a ela mesmo sabendo de alguns detalhes.

— Como sempre. Keir tentando me afetar, mas falhando miseravelmente.

Eu admirava demais a Mor por isso, nunca abaixava a cabeça não importava o que falassem a ela, o quanto tentassem destruí-la com palavras, minha amiga nunca demonstrava se aquilo a abalava.

— Desgraçado. — resmunguei.

— Alguém sabe onde anda o ladrão de comida?

Comecei a rir ao perceber que aquele apelido tinha realmente ganhado o apreço deles.

— Acredito que esteja atrás da Nestha — rhys disse. — Ou no campo illyriano fazendo raiva para alguém.

[....]

Enquanto Nyx dormia na cama fiquei observando o quadro que eu havia pintado há um tempo, que estava ao lado da mesa do quarto. Sentia falta daquilo, nunca fui uma das melhores pintoras, mas adorava pintar. Levantei e fui até o quarto, me abaixei e toquei a tela, passando a mão pela tinta preta, roxa e azul cobalto que usei para pintar o céu noturno, as estrelas e senti um vento forte vindo da varanda, sabia exatamente quem era.

— O que está fazendo?

— Analisando minuciosamente esse quadro. Isso está péssimo.

— Para mim está perfeito.

— Não fale isso apenas para proteger meus sentimentos, Rhys.

Levantei e me aproximei dele, fiquei na ponta dos pés para beijá-lo e depois, minhas mãos que estavam uma em cada lado de seu rosto desceram para a cintura dele.

— Sente saudade disso, não é? — permaneci em silêncio. — Sabe que pode voltar aos seus afazeres de Grã-senhora a qualquer momento.

— Eu sei...mas ainda não consigo deixá-lo. Nyx ainda é muito novinho.

— Podemos contratar uma babá ou deixá-lo com a Mor algumas vezes, ela não vai reclamar.

— Ainda não estou pronta.

Fomos até a cama e nós sentamos próximos ao nosso filho, ele estava dormindo tão tranquilamente que tivemos cuidado ao fazer qualquer tipo de barulho ou algo que pudesse acordá-lo. Sabia que Rhys tinha a mesma sensação que eu, de que aquilo fosse um sonho e que poderia ser tomado a qualquer momento.

— Acha que sua mãe estaria feliz? — murmurei.

— Com certeza — sorriu enquanto olhava para Nyx. — Ela estaria extremamente feliz.

Lembrar de tudo o que meu parceiro já passou, sobre a sua família, deixava meu coração em migalhas, eu talvez fosse capaz de perdoar o que tamlin fez a mim, mas nunca seria capaz de perdoá-lo pela dor que inflingiu em Rhys. Segurei a mão dele e dei um beijo, tive uma ideia que talvez ele fosse adorar, então esperei um pouco e disse:

— Podíamos levar ele para um passeio noturno. Talvez Nyx deva conhecer um pouco o lugar onde nasceu.

— As pessoas vão gostar de vê-lo. De ver você.

Assim que o bebê acordou, vesti nele uma roupa de frio, não queria pensar em hipótese alguma Nyx sentindo frio. Rhys achou a roupa bem engraçada, já que haviam orelhinhas no capuz.

— Pare de rir, foi um presente da tia dele. E honestamente eu adorei.

Saímos da casa e fomos para a rua principal. Velaris continuava igual, música tocando, pessoas andando e sentadas em mesas de restaurantes, o Rita's como sempre animado e quando notaram nossa presença, a presença do bebê, não esconderam os olhares. Foram poucas as vezes em que me viram, a notícia tinha se espalhado rápido, mas ainda não tinham visto Nyx. Todos estavam curiosos para conhecer o filho de seu Grão-senhor e de sua Grã- senhora.

Ao passarmos em frente ao Rita's ouvi uma voz um tanto familiar....Cassian. O general illyriano estava bebendo e conversando com alguns homens desconhecidos, mas aparentemente estava sóbrio. Ainda.

— É bom não intervir nisso — rhys alertou. — Algo me diz que tem a ver com a sua irmã.

— Às vezes me preocupo com os dois — admiti. — Com o Cassian, na verdade.

As asas de Nyx estavam sob o casaco, mas eu as consegui sentir tentando bater e isso quase sempre significava que ele estava começando a ficar impaciente. Pelo visto meu filho realmente puxou o meu temperamento. Continuamos andando até chegarmos próximo ao Rio Sidra, as estrelas brilhando intensamente no céu me deixavam sem fôlego, emocionada até.

Sem dúvidas o meu lugar era aqui.