Capítulo Dois

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Capítulo Dois.

"...Mas você tá apontando pra eu todo!"

Ok, talvez ele tivesse calculado errado.

— Não posso ter calculado essa droga errado! Por Deuses! — Praguejou, observando cansado o mapa que rabiscou durando à noite, nele estava desenhado o local em que atirou contra o Fúria da Noite na noite anterior.

Uma linha de onde ele achava que o Fúria da Noite foi atingido até onde ele deveria ter caído com o impacto, estava traçado em meio ao mapa. Claro, não havia cálculo algum, apenas probabilidades em consideração a olho nu de alguém que viu tudo no meio da noite.

Suspirou derrotado, a tristeza se transformando em raiva momentaneamente e ele atirou a bagagem para frente com força.

— Droga! Os Deuses me odeiam. — Gritou raivoso, passando as mãos nos olhos para que não chorasse de frustração, se acalmando. — Tem gente que perde a faca, que perde o escudo, mas eu não, eu consigo perder um dragão inteiro.

Andou em meio as árvores até onde a bagagem havia caído, não muito distante, alcançando a alça e a pondo ao redor dos ombros, se preparando para continuar quando viu a árvore a sua frente, caída, como se algo enorme tivesse despencado sobre ela. Mais à frente, outras árvores formavam um caminho de troncos e galhos quebrados. Harry arregalou os olhos, seguindo tudo aquilo com entusiasmo.

— Por Odin! Será que eu... — Se calou imediatamente, assustado quando ao sobrepor um pequeno planalto pôde ver a fera que jazia imóvel abaixo dos rochedos, deitada, cujo o corpo inteiro estava laçado pelas grossas cordas.

Harry se abaixou, sentindo o coração bater em uma velocidade e força assustadoras, os olhos quase saltando para fora de órbita. Ele podia ouvir a respiração forte da criatura e então, cautelosamente, se esquivou para mais perto, observando.

— Deuses... isso é... — Mal podia acreditar. — Um Fúria da Noite?!

Não era o maior dos dragões, mas Harry e qualquer outro viking sabia que se tratava do mais perigoso, apesar do tamanho. Devia ter cerca de sete ou oito metros de comprimento, Harry não esperando o ver de pé.

Sua pele parecia rígida, similar aos dragões da classe rocha. Cada centímetro da pele era banhada pelo mesmo tom negro como ébano. As asas deviam ser compridas e espessas, pelo que Harry podia perceber das envergaduras grossas e encouraçadas, apesar de serem escamadas, curvadas e presas ao redor do dragão inteiramente amarrado ao chão, dormindo.

— Olha só... eu consegui? Ah, eu consegui! — Um pequeno sorriso brotou em seus lábios enquanto alcançava a mediana adaga presa em sua cintura, a desembainhando-a com um ruído ferroso. — Isso vai limpar minha barra! Eu derrubei essa fera poderosa!

O garoto se aproximou, cauteloso, respirando fundo para o que deveria fazer. Era simples, cravaria a espada no peito do dragão, arrancaria sua coração, e levaria sua cabeça para a aldeia. Harry já pensava como faria para carregar uma cabeça de tal tamanho.

Foi quando estava próximo o suficiente, apertando a adaga com força entre os dedos, sentindo por alguma razão a coragem falhar quando ele o viu pela primeira vez. Os olhos verdes intensos do garoto se cruzaram em um mesmo olhar com os da fera. Azuis. Eram de um tom de azul mais vivo e assombroso que Harry já havia visto.

As pupilas em formato de fendas diagonais, que estremeciam se prensando e formando uma linha fina, estavam fixas em Harry. O viking de alguma forma sabia que o dragão estava com medo. A fera mais perigosa de seu mundo, jamais vista antes por algum outro viking, estava com medo em seu olhar. Medo de Harry.

Como Treinar Seu Dragão | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora