Adrien havia brigado com o pai, perdendo todos os mimos que tinha desde pequeno. Influenciado pelo primo de má índole - Félix - Adrien acaba cedendo a ideia de que caso conseguisse uma esposa rica, as coisas ficariam bem, principalmente se tivesse u...
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— Desculpe senhor, mas o seu cartão foi recusado.
A atendente ofertou a Adrien um sorriso pesaroso, até mesmo por saber que não era somente ele quem sairia perdendo. No caixa, via que a conta estava batendo no teto dos setecentos euros e ela ganharia uma bela comissão caso fechasse aquela venda.
Mas não havia fechado.
Adrien meneou a cabeça em negação. Abriu a carteira, puxou outro cartão e entregou a ela.
Novamente recusado.
Tentou outro.
Recusado.
— Passa no meu, vai.
Félix acabou murmurando ao entregar o cartão a mulher que só faltou suspirar aliviada e contente pela nova esperança de ter uma grande comissão. Dessa vez, o cartão passou sem qualquer erro e Adrien não sabia onde enfiar o rosto.
Oh, por que aquilo estava acontecendo com ele?!
Ah, certo, porque ele havia se exaltado e brigado com o pai na última semana quando Gabriel queria faze-lo mudar de faculdade para em pouco tempo assumir os negócios da família.
E Adrien se recusou e acabou – sem querer – deixando escapar um "velho arrogante" na cara de Gabriel Agreste. Sim, aquilo havia atingido em cheio o ego do infame Gabriel Agreste que protestou, ficou ainda mais irado e drasticamente tomou a decisão de cortar todos os luxos do Agreste mais novo.
Adrien ainda fez questão de debochar ao sair do escritório do pai naquele dia.
Mas era somente porque ele pensava que Gabriel voltaria atrás. Sua mãe conversaria com ele, ele esfriaria a cabeça. No primeiro dia, ele pacientemente aceitou esperar, afinal, tinha a única certeza que Gabriel não o tiraria todos os mimos, como os três cartões com limites quase estratosféricos.
Contudo, aquilo não aconteceu.
Passou-se quatro, cinco, seis dias e nada. Para completar toda a merda já existente, Adrien havia recebido o comunicado que Gabriel havia, sem dó ou piedade, o desligado por completo da Gabriel, cancelando os ensaios e outros, afinal, pelo que ele mesmo havia entendido, Adrien não queria ter nada que tivesse relação com a Gabriel e ele super entendia.
E, como ele não queria relações com a empresa, nada mais justo que ele também parasse de receber e trabalhar para ela. Era um grande e completo corte de laços que Adrien queria? Bem, ele teria seu desejo atendido, e também aprenderia a crescer.
Também, Adrien acabou descobrindo que o apartamento em que vivia agora estava sendo pago por sua mãe, afinal, Gabriel também havia parado de pagar o imóvel. Aquilo foi o estopim para que Adrien se irritasse.
— Ele não podia fazer isso comigo, Félix!
Adrien grunhiu enquanto se ajeitavam em uma mesinha na praça de alimentação após comprarem dois milkshakes. As compras eram de Félix desde o começo, mas Adrien estava querendo testar e ver se por algum motivo - mais conhecido como uma possível Emilie Agreste fazendo com que Gabriel voltasse atrás em sua última decisão - seu cartão fosse estar desbloqueado, como antes, mas não. Ele ainda estava naquele pesadelo.
— Bem, tecnicamente, ele tanto podia que o fez.
O Agreste rolou os olhos antes de tomar um gole da bebida.
— Você me entendeu. — Adrien fez um beicinho, e suspirou mal humorado ao ver as garotas que passavam e - de certa forma - o lançavam olhares significativos. Aquilo o deixou um tanto irritado. — O que adianta tanta garota me olhando? Eu não tenho dinheiro nem 'pra sair com alguma, que merda.
Félix acabou soltando uma risada.
— Ah, priminho, você não sabe mesmo ver o outro lado das coisas, não é?
Adrien desviou o olhar para o Graham de Vanilly. Franziu o cenho. Mas o que Félix estava falando? Ou melhor, tentando falar...
— O que quer dizer com isso?
— Quero dizer que... o que você está reclamando pode ser a sua salvação.
Adrien pensou por um minuto, e então arregalou os olhos.
— Está dizendo para que eu arrume uma sugar mommy?
— Não! — Félix bufou. — Bem, se você quiser pegar uma velha, talvez seja uma opção. Vai que você tem tara em velhas? Enfim, se não quiser velhas, o lance é... Adrien, você é um mauricinho cobiçado, ninguém saber da merda que seu pai te colocou, então... — O Graham de Vanilly sorriu de canto, de um modo sacana e deveras trapaceiro. — ...arruma uma rica, filha de um acionista. Você consegue dois prêmios: uma esposa rica, e seu pai vai ficar de boa porque Gabriel só pensa em dinheiro... e você casado com uma herdeira rica...
— Pera, pera... tem umas falhas aí! — Adrien ergueu as mãos de um modo a interromper o primo. — Primeiro, com certeza a garota vai descobrir que meu pai... uh... digamos que de certa forma me deserdou e vai logo sacar o que eu quero, porque eu sou um lerdo que vai deixar na cara, segundo... casar? Não acha isso muito viajado não? Digo... não é como se eu fosse dar um beijo na garota e no dia seguinte pedir em casamento! Isso seria... estúpido.
— Ai, Adrien, é que você tem que ser inteligente. — Félix riu. — É só você engravidar a garota, Adrien. Tipo... um golpe do baú ao contrário!
Adrien piscou algumas vezes.
— Uh... isso é podre.
— Talvez, mas pensa, você vai se casar com uma garota bonita, rica, ter um filho, casa, comida, roupa lavada pelas empregadas. Não é... tão ruim assim! — Félix riu. — Até porque você não vai deixar a garota de lado. Quando ela contar que vai ter um bebê você diz que sempre foi seu sonho ser pai e 'tá feito. Vocês vão casar, começar uma família. Uma vibe bem casamento arranjado do século retrasado, a diferença é que você foi quem planejou.
— Continua sendo podre e baixo....
— Então você fica na merda...
— ...porém... tem... tem uma garota ai... — Adrien puxou o lábio ínfero. — Ela é bonita, gentil, eu... eu sinto algo por ela e... pode ser que... bem... se eu ficar bêbado demais... e a gente se curtir, tipo... já... fizemos coisas umas vezes e... pode ser que...
Adrien gesticulou, um tanto conturbado. Félix riu.
— Pode ser que vocês tenham um filhinho e você volte a ter dinheiro, Adrien. — Félix piscou para ele. — Não é uma ideia tão péssima, certo?
Adrien ficou quieto, mesmo que sua mente estivesse trabalhando a mil.
