Capítulo 14 - parte 2

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Recado importante:  ALERTA DE GATILHO.

Tentei não me estender muito, mas há partes que exprimem violência. Se você for sensível, não leia.

Como eu disse anteriormente, por está de férias, vou postar com frequência e, se tudo der certo, terminar o livro até maio.

Beijo e boa leitura,

Tielly

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Analu

But she said: Where'd you wanna go?

How much you wanna risk?

Something Just Like This (Coldplay ft. Chainsmokers)

Será que estou mesmo cometendo um erro?

Não. Não sei. Talvez.

Mas, como disse para minha mãe, já estava feito, só preciso agora saber o que fazer.

Pego meus pertences no quarto de hóspedes da Raquel e, em silêncio, saio da casa da minha amiga, sem lembrar o destino do meu carro, então apenas peço um uber indo em direção a minha casa, incrivelmente silenciosa após um turbilhão de acontecimentos dos últimos dias.

Entro correndo pelas escadas e abrindo meu notebook, procuro por manchetes sobre o acontecido, contudo, apesar de fotos borradas das minhas tentativas de escapar anônima do restaurante, não há maiores detalhes sobre o motivo da briga ou o autor do fato.

Realmente, dinheiro consegue tudo, penso com amargura.

Vou até o banheiro e, enquanto tomo um banho rápido e tento apagar os vestígios das últimas horas, recebo um e-mail da empresa do Andreo, com a cópia do contrato de venda do conglomerado.

Absurdamente cansada, apenas encaminho ao meu pai, com cópia ao setor jurídico, para as devidas providências.

Minha cama parece tentadora demais e, sem conseguir resistir, apenas me embrulho nos lençóis, sentindo as lágrimas descendo livremente sob meu rosto. Parece que todas as minhas opções estão erradas, todos meus passos estão incorretos.

Quanto você quer se arriscar?

Sinceramente, não sei.

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Andreo

Caralho! Agora acabou tudo!

Esbravejo dentro da minha BMW após uma noite toda na delegacia e, após utilizar todas as influências inimagináveis, consegui sair sem ser preso em flagrante. Mas, mesmo após a conversa que resultou numa fiança de R$ 50.000,00 e a assinatura de um termo qualquer, sabia que o desastre estava apenas começando. Passa de cinco da manhã e o sol começa a aparecer no céu e aquela rua pouco movimentada de mansões gigantes parece sufocante enquanto ainda sinto o álcool emergindo no meu corpo junto com a raiva acumulada por tudo que aconteceu.

- Você é um completo babaca!! Como você pode fazer isso conosco? Com seus filhos? Em nenhum momento você pensou na gente?

Gritos histéricos da Gabriela acordam toda a casa e, vendo meu filho de 2 anos chorando na barra da saia da mãe, tenho vontade de sair e entrar no primeiro bar que encontrar.

- Mas que caralho, Gabriela! Eu estou precisando de paz na porra desta casa. Será que não consigo nem isso?

Dou um soco na parede para extravasar a raiva.

- Paz? Eu não tive um momento de paz desde o dia que nos casamos. Se não é sua mãe agindo como se eu fosse uma pária, você sempre traz o fantasma da sua ex para nossa vida. O que custa vivermos em paz? Eu te amo tanto, Andreo.

Ela tenta se aproximar de mim e sinto o cheiro do seu perfume doce tentando me seduzir, mas sem sucesso.

Me afasto dela enquanto jogo meu blazer no sofá da sala.

- Em uma coisa concordamos, meu amor – digo ironicamente – nenhum de nós teve paz e, pelo visto, não teremos enquanto estivermos juntos.

- O que? E isso tudo é minha culpa?

- Se eu tivesse casado com a Analu nada disso estaria acontecendo. Sabe o porquê? Por que a empresa não teria perdido a parceria com a família dela, nem precisaríamos vender a porcaria das ações. Então sim, é culpa sua.

Ela emite uma risada sem graça enquanto diz

- Ahh, claro, eu roubei o pobre namorado que ficou sem ação e se deixou levar pela secretária safada. Claro, é isso mesmo... Você é um fraco, Andreo, só Deus sabe como não vi isso antes.

- Você estava ocupada demais gastando meu dinheiro para notar algo, Gabriela. Muita coisa você não viu, certo.. se conseguisse bancar a esposa feliz e mãe realizada.

- Você está certo, não vi muita coisa. Mas não se preocupe, EU DESISTO. Quer voltar para Analu, volte... Se ela aceitar um cara como você, claro. Ou melhor, volte para a empresa falida. Eu não quero nada de vocês. Nada! Você é um fiapo de homem, um qualquer, nunca me mereceu e nunca vai me merecer! Eu errei muito ao me envolver com você, mas só Deus sabe o quanto eu já paguei.

Sinto a raiva alcançando níveis altíssimos quando ela fala isso e, sem conseguir me conter, puxo seu braço e aperto, trazendo-a para perto de mim.

- Cuidado, eu estou a um fio de explodir... não me desafie, você sabe o que vai acontecer.

Sinto o medo estampado no olhar dela enquanto a pele perde toda cor, ficando absurdamente pálida.

Ela sabe o que acontece quando alguém me desafia.

E, ouvindo seus gritos junto ao dos meus filhos, a puxo para o quarto, sentindo o ódio controlar minhas próximas ações.



O outro lado daquela história. (Ant: A noiva abandonada)Onde histórias criam vida. Descubra agora