Sabem aqueles romances melosos em que a mocinha boazinha, bonitinha, lutadora e com autoestima inexistente consegue o homem mais lindo, inteligente, rico e perfeito da face da Terra, feito especialmente para ela?
E que, na maioria das vezes, é comp...
Não é possível que tenha se passado apenas cinco meses desde o dia que a Catarina decidiu sair do Ateliê, parece que tudo mudou tanto na nossa amizade quanto nas atividades da loja. Na mesma semana que ela desistiu da nossa sociedade, o namorado-otário (também conhecido como Bruno Augusto) a pediu em casamento e, dois meses depois, o casamento aconteceu. Fiquei feliz por ela, afinal era seu sonho... Mas como uma versão sem graça de Noivas em Guerra, descobri que aquele era o fim da nossa amizade. Nas vezes que eu liguei para ela, fui tratada com frieza e quando descobri que seu vestido de noiva iria ser feito pela minha concorrente direta, foi como se tivesse perdido mais que uma amiga, perdi uma irmã.
E quando o convite chegou em nome de Andreo Ferrara e acompanhante, não aguentei mais e fui na sua casa e chego no seu quarto, abarrotado de presentes.
- Ah.. Analu, é você?
- Sim, Catarina. Eu não aguento mais isso. O que aconteceu?
- Como assim? Não aconteceu nada... – ela diz calmamente, mas desvia o olhar.
- Claro que aconteceu. Seu vestido de noiva de outra butique, o fato de não nos falarmos mais. Eu fui convidada pela família do noivo. COMO ACOMPANHANTE DO ANDREO.
Eu grito essa última parte, sentindo as lágrimas caírem livres no meu rosto.
- Analu, desculpa, mas concordamos que seria melhor que eu mudasse meu ciclo de amizades
- Concordamos? Quem? Já que eu nunca soube disso.
- Bem... Bruno e eu – ela pondera e continua – Mais eu, na verdade. Quero alguém que me entenda.
- E eu não te entendo? Eu, que sempre fui sua melhor amiga?
- Analu, desculpa mesmo, mas é melhor você ir.
Eu sei que ela me esconde alguma coisa, passamos anos demais juntas para que eu não percebesse.... Mas lembro do que Andreo disse meses atrás, pego minha bolsa e volto para o meu ateliê.
Chego no prédio comercial que abriga o espaço de criação e a loja Flor-de-lis, sento na minha mesa abarrotada de croquis de vestidos de festa e abrindo a gaveta, tiro a minha melhor criação até hoje.
Um vestido de noiva com decote coração todo bordado em pérolas e cristais de primeira qualidade que se ajusta a cintura da noiva junto com uma saia de tule branco acinzentado que vai até os pés. Na cabeça, uma grinalda pequena bordada e uma tiara de diamantes completariam meu dia perfeito.
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Na semana seguinte, iria terminar a confecção do vestido junto com Raquel, a minha melhor costureira, e em dez dias estaria iniciando uma nova vida, como Analu Monteiro Ferrara.
Me sinto feliz, apesar da falta que sinto da Cat, e começo a esboçar novos vestidos, blusas de cores alegres, saias de tons pasteis e uma infinidade de acessórios que transmitam minha realização.
