Capítulo 11 - parte 1

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Gente, boa madrugada.

Primeiro, perdão pela demora.

Eu NÃO abandonei o livro, foi essa semana que foi difícil, com muitas crises de dor de cabeça e o fim do semestre da minha universidade.

Mas, consegui começar esse capítulo e, só há algo a dizer, desculpa, não queria ser escritora perversa. kkkkk

Ah, e prometo que o próximo capítulo sai logo e que responderei todos os comentários, aguardem.

Beijo, beijo

Tielly


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Analu

Se fosse comigo, seria diferente...

Eu teria sido forte, ele ia saber com quem se meteu.

[...] Como ela aceita isso calada? Não entendo, de jeito nenhum.

Meus olhos lacrimejam pela dor e pelas lembranças de pensamentos passado em que eu, tão tolamente, me perguntava o motivo de milhares de mulheres, diariamente, sofrerem violência e, diversas vezes, ficavam caladas, aguentando a dor e o sofrimento de alguém que, comumente, tinha uma relação próxima com ela.

E eu, no alto da minha vida sem grandes percalços, as julgava, acreditando ter a resposta para toda a dor e sofrimento que ela podia evitar se quisesse, mas não queria. Então eu, no auge dos meus vinte-e-poucos-anos, vi que mal sabia de nada, que toda a dor que eu pensei que sentia não era nem metade que um dia, eu possa vir a sentir.

Os pensamentos se misturam com a humilhação e a dor que ainda corroía a minha pele e a sensação de vazio começa a me preencher enquanto tento me reerguer, pronta para vestir minha máscara novamente.

A porta se abre abruptamente me fazendo olhar assustada até ver a Raquel correndo ao meu encontro, acompanhada do Ricardo e... quem eu não queria ver tão cedo... o  Leandro.

- Analu, minha querida! - A voz quase maternal de Raquel enchem meus olhos de lágrimas e, ao me levantar da cadeira, seus braços me seguram em um abraço caloroso.

- Raquel, eu... quero ir para casa.

- Vamos para minha, a sua casa ia ser complicado de mais, principalmente quando seu pai ver seu rosto.

Meu rosto?

O que tem meu rosto?

Até então, tão presa em minha autocomplacência, nem cheguei se teria alguma marca do acontecimento. Puxo minha bolsa e, ao retirar o espelho, vendo os pontos roxos que pinicam minha pele na altura do olho num contraste marcante entre a minha pele pálida e as cores que evidenciam as ações dele.

- Raquel, por que isso está acontecendo comigo? Por que?

- Analu, isso nós pensamos depois. Temos que ir a delegacia agora. Vamos, amiga.

- Agora? Não.. eu só quero um banho - Não consigo dizer em voz alta o que estou realmente sentindo, então prefiro ficar calada olhando para o chão.

- Vamos, então. - Raquel me puxa, mas, antes do segundo passo, Leandro para na minha frente, segurando meus ombros.

- Analu, por favor, podemos conversar?

- Leandro, agora não. Não consigo ter nenhuma conversa coerente agora.

- Eu só quero me explicar - suas mãos ainda permanecem em mim, como se achasse que, caso não estivessem, eu iria embora correndo.

O que não seria uma mentira.

- Leandro, você sabia quem eu era? - suas mãos enrijecem sobre a minha pele, numa resposta tão silenciosa quanto óbvia.

- Analu, por favor.

- Sim ou não?

Um suspiro exala dele, antes que a resposta escape da sua boca:

- Sim, mas não é isso que...

- Não é o que, Leandro? É claro que estava estranho, como um homem aparece do nada em seus lugares favoritos, com bilhetes e conversas tão clichês. Que estupidez a minha ter acreditado em você.

- Analu, não..

- NÃO O QUE, LEANDRO?  Você não se aproximou de mim pela matéria milionária? Qual seria o título? A vingança da noiva abandonada? Você queria o que, uma exclusiva??

- Analu, eu queria te ajudar.

O estalo da minha mão até o rosto dele ressoa pela cozinha, assustando tanto o Ricardo quanto Raquel, que permaneciam impassíveis, quase "com medo" de se intrometerem na discussão.

- Seu mentiroso! Como ousa?

- Sério, Analu, eu tenho um contato na Ferrara que me contou... - o interrompo antes que continue.

- Não, não quero saber. Para mim, vá para o inferno você, seu contato, Andreo e todas as pessoas da corja dele.

- Isso quer dizer que você não vai mais fechar o negócio para ser sócia dele?

Sua mão relaxa e sua expressão parece quase... aliviada.

- Claro que vou. Se ele acha que me venceu, está enganado. Eu vou reerguer a empresa.

- Por favor, não faça isso.

- E por que eu não faria? Agora que eu sei dos seus esquemas e quero você longe da minha vida, você está com medo que eu passe a informação para o jornal concorrente. Não, Leandro, eu não sou como vocês, eu jogo a limpo.

- Não é disso que eu estou falando. A empresa tem...

- Não, não quero saber. Vamos, Raquel, eu só quero esquecer que esse dia aconteceu.

Raquel se aproxima de mim e, me levando pelo braço, vamos até a saída, lotada de pessoas e, para minha raiva maior, jornalistas.

Ávidos como abutres, esperando pela foto de capa. Meu rosto marcado, a pobrezinha.

Uma parte de mim consegue se recompor depressa com ajuda da Raquel e de uma garçonete que nos indica uma porta lateral, usada para o carregamento de materiais e, rapidamente, conseguimos entrar no carro.

Ainda consigo olhar pelo retrovisor onde a imagem de Leandro se reflete e seus olhos conseguem - de alguma maneira, chegar até os meus -  e, com meu coração se quebrando mais um pouco, saio daquele restaurante, rumo a delegacia da mulher.

O outro lado daquela história. (Ant: A noiva abandonada)Onde histórias criam vida. Descubra agora