Capítulo 9 - parte 2

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Dia 2 da maratona. ^^

Tá pequeno, eu sei, mas essa vida de escritora é difícil e para quem ainda inventa maratona então..

Fiquei romântica nesse capítulo, mas só para avisar, não vai ser assim no decorrer da semana.
(risadas maléficas)

Gente, outra votação de bônus, que vocês querem agora: Ricardo, Catarina, Diná ou Leandro?

Beijos, beijos.

Até amanhã.

Tielly

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Analu

Sua boca se apodera da minha com suavidade inicialmente e, a medida que meu corpo se rende a ele, eu sinto seus braços me apertarem mais e sua boca ficar mais rápida, exigente.

Nosso beijo vai perdendo a força ao poucos mas, ainda assim, continuamos abraçados no meio do restaurante enquanto uma banda qualquer canta uma música italiana qualquer.

- Eu realmente não gosto de música italiana - suspiro baixinho espero que aperto mais naquele abraço.

- Por que?

Dou de ombros mais uma vez naquela noite, puxando-o de volta para nossa mesa. Ele para e me puxa para mais abraço, dessa vez ele ficando atrás de mim e, como um ser de quatro pernas,  vamos andando até a mesa, parecendo um casal de adolescentes apaixonados e bobos.

- Você tem quantos anos? 15? - eu pergunto sorrindo com o coração acelerado, não consigo lembrar a última vez em que alguém, exceto a Raquel, tenha me feito sorrir tanto em tão pouco tempo.

- Se eu tivesse, você não teria a oportunidade de me conhecer, o que realmente seria uma lástima na sua vida.

- Leandro, tem certeza que você é jornalista? Parece mais uma mistura de comediante e cantor-não-tão-bom?

- Magoou, Analu. Mas sei que você fala da boca para fora.

Ao chegar na mesa, um garçom anota nossos pedidos rapidamente e sai, nos deixando como um casal bobo de namorados.

O que não somos, só para deixar claro.

Sua mão se aproxima da minha e entrelaça nossos dedos me deixando sobressaltada por tudo está acontecendo tão rápido, não nos conhecemos nem a uma semana.

E, mesmo sem querer, faço um comparação com Andreo: sua frieza em público em contrapartida com sua explosão de desejo em particular; suas reuniões intermináveis e, as vezes, um dia de sol numa praia qualquer.

E, agora o Leandro: com seu jeito brincalhão, seus bilhetes e olhos que enfeitiçam e uma qualidade que eu passei a admirar: não ter vergonha de cantar em público.

- Pensando em que? - ele me pergunta.

- Na vida, em como ela pode nos surpreender. Em como tudo muda rápido, sei lá.. - respondo evasiva.

- Eu sei que fui afoito, impulsivo e o que mais você queira dizer. Mas, eu realmente senti algo quando te vi.

- Leandro, olha...

- Não, não precisa dizer nada. Só queria que você soubesse.

Nessa hora, nosso pedido chega e um silêncio confortável se instala entre nós enquanto saboreamos uma massa folheada recheada de presunto parma enquanto conversamos sobre assuntos banais do cotidiano, até que ele me pergunta:

- Por que você odeia música italiana.

- Achei que você tinha esquecido isso.

- Não, não esqueci. Eu sei que, para você, eu pareço um louco, mas eu realmente quero te conhecer melhor.

- Não tenho nada de mais para falar,  minha vida se resumo à empresa.

- Não pode ser só isso, Analu. E, enquanto ao passado?

Passado. Um tema que eu não gostaria de falar mas que ainda deve estampar matérias antigas, revistas velhas...

- Leandro, todo país conhece meu passado. Eu fui o passado de alguém e isso me machucou de uma maneira além do compreensível. Quase que não suporto.

- Analu, desculpa insistir nesse assunto, mas eu realmente gostaria de saber.

- Saber o que??? Mais do que os jornais já noticiaram? Quer saber quantas vezes eu chorei até cair na exaustão? Quer que eu diga quantas pessoas me viraram as costas por eu ter perdido meu noivo para alguém "fora da nossa classe social"? O que você quer que eu diga mais, por Deus?

Nessa hora, as lágrimas já caem aos poucos, borrando a pouca maquiagem que ainda me resta após um dia longo.

- Analu, eu não sei nem o que dizer. Eu só queria que...

- Que o que, Leandro?

- Que essa parede intransponível que te rodeia não existisse mais.

 - Sinto muito, isso é quase impossível de acontecer  - eu digo baixinho, derrotada.

 Sua mão puxa a minha com força e, enquanto traça círculos na palma - como se lesse o futuro, ele diz:

- Ainda bem que impossível não está no meu vocabulário.

E com um sorriso pequeno e olhos brilhantes, nós voltamos para a pista de dança, ao som de outra música cantada por ele baixinho, num show particular.

Se alguém já lhe deu a mão
E não pediu mais nada em troca
Pense bem, pois é um dia especial
Eu sei não é sempre que a gente encontra
Alguém que faça bem que nos leve deste temporal

O amor é maior que tudo
Do que todos, até a dor se vai
Quando o olhar é natural

Sonhei que as pessoas eram boas
Em um mundo de amor
E acordei nesse mundo marginal

Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo

Com suas mãos passeando livremente pela lateral do meu corpo, eu até sonho em, quem sabe um dia, confiar novamente.

E, quando me aconchego nos braços dele para um novo beijo, eu escuto uma voz alta, perto de mim que me puxa com força enquanto diz:

- Solte-a, imediamente.

No meu lado, está o Andreo.






O outro lado daquela história. (Ant: A noiva abandonada)Onde histórias criam vida. Descubra agora