Capítulo 11 - parte 2

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Gente, volteeeeeei.

Desculpa a super demora em postar, eu terminei o semestre essa semana e voltei de fato. Então estou postando a segunda parte do capítulo 11 e já escrevi metade do capítulo 12, vai dar certo. ^^

Ah, e vou aproveitar para "ressurgir" meu outro livro, Rendida, então se alguém quiser adicionar, pode ir lá.

Desculpem mesmo, viu? Não vou abandonar vocês (e vou responder todos os comentários).

Beijo, beijo.

Tielly.


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Analu

Como se parte o coração duas vezes? Como se cai novamente numa armadilha que já conhece o percurso e todas as suas características?

Como se deixar levar novamente na esperança ridícula que dessa vez ia ser diferente, se eu ainda sou a mesma pessoa? É claro, racionalmente eu sei disso, que não estou apaixonada por ele, que eu me sinto mais decepcionada pelo que podia acontecer, pela desonestidade e por ter aberto meu coração novamente, como uma adolescente que nunca sofreu uma desilusão amorosa.

Eu tinha passado dois anos treinando minha nova eu, uma mulher forte, decidida que era famosa no Brasil todo por isso. E, então, em dias, tudo se esvai e me vejo sendo a mesma de antes.

Perdida.

Lembro dos momentos na delegacia da mulher em que o único homem presente me olhou como se... de alguma maneira, a culpa fosse minha. Como se eu quisesse aquele papel de vítima e ... aquelas perguntas... se eu conhecia meu agressor... se eu o tinha ofendido de alguma maneira... só me fizeram sentir menos humana. Um retalho qualquer de poucas horas atrás.

E lembro também a caçada dos repórteres atrás de mim com câmeras apontadas e quisessem a foto mais recente da coitada Analu.

Eu não quero ser vítima. E nem quero ser vilã. Quero só esquecer e, muito muito mesmo, recomeçar.

Minha cabeça pesa sobre o travesseiro do quarto de hóspedes da Raquel que  não me deixou ir para casa e suspendeu qualquer contato com o mundo externo, para meu alívio.

O meu olho medicado ainda lateja pelas lágrimas mal contidas e pelo dia assustador de hoje enquanto minha cabeça gira com tantas informações, com tantos desenganos e com tantas lembranças de um dia absurdamente louco e confuso.

Uma batida na porta e passos cautelosos trazem Raquel ao meu encontro e, quase que com medo, ela se senta na cama e começa a falar:


- Analu, eu sei que é difícil, mas podemos conversar sobre o que o Leandro falou?

- Não.

- Analu, você não achou estranho o que ele disse sobre a empresa? Sério, eu sei que é difícil, mas temos que saber...

- Não, eu não quero. Por favor, Raquel, se for para falar dele, pode me dizer que eu vou para casa.

A sua expressão muda e vejo mágoa nos seus olhos que começam a encher de lágrimas que caem sem pudores pelo seu rosto e, mais uma vez naquele dia, eu só queria fugir para bem longe para deixar de me sentir mal. E, mais, de fazer mal a quem me ama.

Raquel começa a se levantar, mas eu seguro sua mão com força e peço desculpas fracamente.

- Analu - ela começa - eu sei que você só está tentando se defender de qualquer problema que possa aparecer com essa máscara de indiferença. Mas, por favor, não aja como se eu não me importasse com você... Eu realmente me importo, você é minha irmã, jovem.

- Raquel, desculpa mesmo, eu só não sei o que fazer. É tudo tão confuso, tão absurdamente grande e tão assustador que eu tenho medo, sabe?

- Medo do And... - ela começa, mas a interrompo.

- Não, nada disso. Ele vai ser punido, já falei com meu advogado, não é isso..

- Medo de que, então?

- Se o problema for comigo?

- Analu, o que você quer dizer?

Um suspiro cansado sai preso da minha garganta enquanto eu tombo novamente minha cabeça no travesseiro fofo.

- Se o amor não for para mim? Se eu não for boa o suficiente para ser amada e, por isso, tudo isso acontece comigo?

- Analu, para com isso! Não tem nada a ver.

- Nada? Raquel, eu sempre culpei exclusivamente a Gabriela, mas se eu for o problema? Se eu não puder ser amada o suficiente...

- Analu, foi um dia difícil, mas você não pode acreditar nisso. Você é linda, inteligente, sagaz e amiga e não precisa, está ouvindo, que um homem te ame para que você se dê conta disso.

Ela levanta e começa a caminhar em círculos pelo quarto azul de mobília branca enquanto fala com as mãos se mexendo num gesto nervoso.

- É isso que eu tanto detesto na vida, sabe? Essa ... quase obrigação de ser alvo da paixão masculina para legitimar algo que você sabe que existe dentro de ti. Não precisa do Andreo ou do Leandro te dizerem o quanto você é especial para que você saiba que é especial.

- Raquel, eu...

- Não, agora eu vou falar. Eu sei que esse dia foi uma bosta completa, você é sócia de uma empresa quase falida e foi agredida - suas mãos se fecham em punho quando ela relembra a sordidez de Andreo - mas não pode se abater por essa escuridão que está te rodeando. A culpa não foi sua pela canalhice do Andreo, para de pensar como se o problema estivesse em você.

- Raquel.. - tento outra vez, ainda sem sucesso.

- Analu, você foi forte uma vez, eu vi. Eu vi a transformação da mulher sonhadora para a essa nova Analu, forte, determinada. Não deixe que só um momento destrua tudo o que você conquistou.

- Raquel, posso falar agora?

- Claro, diga.

- Você é minha melhor amiga, obrigada por nunca ter desistido de mim.

Um abraço apertado me conforta e me prepara para o dia seguinte.

Que me trás um tanto de carinho e, ainda assim, algo mais:

Coragem.




O outro lado daquela história. (Ant: A noiva abandonada)Onde histórias criam vida. Descubra agora