Capítulo 8

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Gennnnte, boa madrugada.

Primeiro, desculpa o atraso no capítulo, meu professor foi para aula. :( haha

Diferente dos outros capítulos, esse vai ter também o ponto de vista da Gabriela, além da Analu, claro.

Ficou pequeno, eu sei, mas é pq eu prefiro mandar assim do que deixar na espera. Espero que compreendam.

Beijo, beijo.

Tielly.


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Gabriela

... Vendida para Analu Monteiro por 600 milhões de reais.

Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto uma taça de vinho branco se solta da minha mão, agora sem forças para até se erguer, e um grito abafado sai da minha garganta enquanto eu a vejo, tão imponente e sofisticada quanto uma rainha de um país longínquo, que não me contenho e digo alto:

 - Nunca essa empresa será sua!

As pessoas me olham com um misto de pena e especulação enquanto saio correndo desenfreadamente pelo salão lotado cheio de sussurros bem audíveis, deixando para trás o amor da minha vida.

O descompasso do meu coração diminui ao chegar na sala da presidência e, quando sento naquela poltrona enorme, quase consigo suspirar aliviada por ter escapado daquele lugar, escapado de ver o triunfo de Analu.

Até ver quem veio atrás de mim.

Diná Ferrara se aproxima de mim lentamente e, quase que por instinto, me afundo mais na poltrona sentindo o ódio que emana de seus olhos e me ardem a pele. Seu rosto transmite uma raiva tão grande que eu não consigo não temer, ela está tão diferente da habitual dama da sociedade paulista, considerada mãe e mulher perfeita com seus cabelos sempre alinhados e roupas sóbrias que minha pulsação acelera com a adrenalina daqueles pequenos segundos.

- O que você pensa que está fazendo, hein?

- Senhora?

- Não se faça de sonsa, garota, que espetáculo patético foi esse? Você já conseguiu um anel no seu dedo, não foi? Destruiu o futuro do meu filho que não conseguiu resistir ao primeiro par de pernas abertas.

- Eu não permito.. - eu começo a falar  com uma raiva tão grande que me faz levantar da cadeira, como se o medo que eu sentia há segundos não mais existisse. Mas sou calada quando um tapa forte me faz cambalear.

- Escute aqui, garota. Você não tem que permitir nada! Olhe para você, mesmo com essas roupas que meu filho mandou comprar, continua a mesma pobre de sempre, em nada se compara com a Analu, não passa de uma oportunista barata que soube conquistar um homem com uma conta bancária gigantesca.

Cada palavra me fere como uma punhal arremessado displicentemente contra mim; eu amo o Andreo mais que minha vida, como ela acha isso?

- Eu o amo mais que a minha vida. Nós somos uma família, ele me ama.

- Será Gabriela? O que te faz tão diferente da Analu para ele ser fiel a você? Olhe para ela: linda, elegante, inteligente. Tornou a empresa da família um império nacional. E você, o que é?

Ela passa o olhar por todo meu corpo e balança a cabeça em negativa com claro desgosto pelo que ver.

- Dois anos nessa farsa de casamento e você ainda não sabe nem como se vestir. Os colares espalhafatosos, o cabelo em desalinho. Um CEO incompetente e uma secretária estúpida, que belo casal, não?

Enquanto tira um fio de cabelo imaginário pelo rosto impecavelmente maquiado, ela começa a se retirar, sem antes avisar:

- Cuidado, Gabriela, um amor alicerçado na desgraça dos outros nunca acaba bem.

A porta se fecha com um estrondo enquanto eu sinto meu cabeça rodar, antes de cair na completa escuridão.

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Analu

O ruído das conversas e especulações aumentam a medida que se percebe que aquele coquetel sem sentido acabou: os garçons começam a recolher os copos deixadas displicentemente pelas poucas mesas que decoram o salão, a pianista começa a recolher as partituras, arrumando-se para partir.

- Melhor que filme de ação - ouço Raquel graceja e, antes que eu peça para irmos embora, sou interceptada pela mãe de Andreo.

- Analu, querida.

- Diná, como está? - pergunto com frieza; nunca gostei dos seus sorrisos congelados e sua postura séria e, mesmo sendo amiga da minha mãe, não consigo encontrar pessoas mais diferentes no mundo.

- Levando a vida, minha querida. Contudo, muito feliz por saber que você vai ajudar a minh... quer dizer, nossa empresa. Afinal, velhas mágoas não importam mais, certo?

Enquanto finjo ponderar olhando para os meus dedos e, em seguida, olhando para a Raquel, eu respondo séria:

- Importam sim, Diná. Mas, bem, isso será assunto para outra conversa e, claro, em um lugar mais reservado. Agora, se me der licença, vou ter que ir agora.

- Claro que sim, querida. Mas lembre-se, sempre que quiser, pode ir na minha casa.  Ou podemos nos encontrar no clube.

Balanço a cabeça devagar e, sem dizer mais nada, saio daquele prédio imponente com Raquel ao meu lado que me distrai contando a história de sua nova novela mexicana preferida.

- ... o pai da Miranda, que é a protagonista, matou um homem no passado e o filho dele vai se aproximar para se vingar, mas ele acaba se apaixonando por ela. Mas a tia da Miranda, que é apaixonada pela pai dela, vai se apaixonar pelo filho do morto.

- O que? Você consegue escutar o que está falando?

- Você não gostou? - Ela me olha com incredulidade enquanto caminhamos até o estacionamento coberto e peço meu carro para o manobrista.

- Talvez não da parte do triângulo entre uma mulher, um homem e a tia dela. Isso não é incesto em algum lugar?

- Claro que não. Mas, mudando de assunto, vai esperar o Leandro?

- E eu esperaria por...?

- Um encontro é um bom motivo para esperar por ele.

- Eu não vou sair, Raquel. Desista de insistir nesse assunto.

- Ok, eu desisto.

- Assim, tão fácil?

- Tão fácil - ela dá de ombros como se fosse o mais natural possível.

- Nunca é tão fácil. O que está acontecendo?

- EU não vou insistir - ela enfatiza a primeira palavra enquanto meu carro se aproxima e me entregam as chaves - contudo...

- Contudo?

- Eu não posso falar nada por ele - ela diz olhando para trás de mim.

Leandro, tão diferente dos habituais ternos caros e das inúmeras reuniões, está encostado num Jeep Renegade preto olhando diretamente para mim, inerte naquele estacionamento.

- Bom encontro, tchau. E, lembre-se, se dê uma chance de ser feliz - Raquel me tira do devaneio enquanto sai de perto em passos apressados e entra num taxi, sem tempo para despedidas ou para qualquer palavra.

As pontas dos meus dedos formigam quando sinto a mão dele tocar a minha e, como se estivéssemos presos em um mundo só nosso, ele coloca uma mexa do meu cabelo atrás do meu ouvido e, se aproximando bem perto da minha boca, a ponto de nossas respirações se confundirem, ele pergunta:

- Pronta para ir?

O outro lado daquela história. (Ant: A noiva abandonada)Onde histórias criam vida. Descubra agora