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Três

FLASHBACK ON

"Oi Seul, eu não estive sendo tão honesta com você e sinto muito por isso, eu não acho que mereça alguém como você.

Eu não consigo lidar com a culpa, sabe quando a gente tá em uma situação que não consegue mudar? Eu sinto tanto por isso queria fazer o certo por você. Óbvio que você merece alguém que seja bem melhor do que eu fui.

Eu fui ao médico e descobri uma gravidez e eu não sei como te contar isso. Eu sei que não vai demorar muito pra você descobrir já que minha barriga já está começando a crescer, mas eu tenho uma mínima noção do quanto isso vai te deixar triste e queria tirar esse bebê. Eu queria que ele nunca existisse.

A culpa é minha, até hoje não entendi o porquê de fazer o que eu fiz, eu não conseguia parar. Ele também não sabe de você, também não sabe do que eu planejo fazer depois de terminar essa carta, eu não quero contar de você pra te preservar, mas eu acho que você devia saber que eu não fui fiel a você em nenhum momento durante esse relacionamento. A gente se conheceu nas aulas e, eu não sei o que acontecia comigo, mas quando eu te trai pela primeira vez não parecia errado, nem da segunda, nem da terceira. Por isso se tornou um costume que ficou cada vez mais difícil de se controlar.

Eu não sei te dizer se eu realmente te amei ou só achei que amava, talvez seja a segunda opção, talvez eu nunca tenha amado ninguém nem a mim mesmo. E agora eu só consigo sentir essa culpa dentro de mim, que me consome de uma forma que você não tem idéia. Eu nunca vou ser boa pra você, eu não vou ser uma boa mãe, eu nunca vou mudar.

Adeus Seulgi, não chorei por mim, me prometa que vai seguir sua vida, eu não mereço suas lagrimas. Não se culpe! Me despreze! Me odeie! Por favor Seulgi, não me ame mais.

Ps: era uma menina, e eu colocaria seu nome nela."

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Era manhã de domingo e um dos dias mais difíceis da vida de Kang Seulgi, ela que tinha perdido o amor da sua vida. Bem, era assim que ela sempre chamou Nahee, ela havia sido seu primeiro e único amor. Nunca poderia imaginar que aquela garota que conheceu na verdade estava mentindo pra ela esse tempo todo.

Algum tempo depois do velório da garota, Seulgi estava em seu quarto, olhando para o nada, tentando ao máximo processar a informação que havia recebido dos médicos da autópsia.

"A senhorita Yoon Nahee estava grávida, a criança infelizmente não resistiu. Era uma menina."

Ela estava grávida? Será possível que os médicos estejam enganados? Como grávida?

É claro que Kang Seulgi sabia o mínimo de biologia para saber como se fazia bebês, mas Seulgi não sabia que estava sendo enganada, muito menos que havia sido traida por sua namorada com um homem.

Com a cabeça a mil, a garota mais alta franzia a testa, ainda com lágrimas nos olhos e seu rosto inchado. Era muita coisa pra digerir, e sua cabeça estava latejando naquele momento.

Seulgi não aguentava mais ficar em pé, sentada, ou deitada. Ela precisava de uma posição nova e fria. Então, olhando pro chão, ela teve a terrível ideia de se deitar sobre ele. Era época de frio, e ela certamente poderia pegar um resfriado. Mas isso não era importante, ela não ligaria se morresse naquele momento mesmo.

Deitada no chão, olhando o teto, tentando não pensar em nada, era como a garota se encontrava, até a posição começar a incomodar. Então a garota se virou, olhando para debaixo de sua cama, onde tinha muita poeira, teias de aranha e, um papel?

Seulgi forçou um pouco a vista para se certificar que estava vendo certo, e estava. Pegou aquele pedaço pequeno de papel, metade de uma folha A4 dobrada. Poderia ser de Nahee certo?