Murmúrios

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De novo, eu acordei a noite.

Olhei para cima, e tentei não berrar com a visão da minha mãe pendurada pelo pescoço através de uma corda que estava presa ao teto. Ela lentamente virou a cabeça em minha direção, sorriu  e disse "venha querido", uma ternura doce feito mel, "junte-se a mim", e quando eu disse que não, não me juntaria, ela fez uma expressão estranha, como se não me entendesse.

Eu repetia, de novo e de novo que não me juntaria a ela, que não queria me juntar, mas ela continuava sem entender.

"Querido, o que houve com sua boca?"

Eu tateei meus lábios, e o terror cresceu em mim como chamas se espalhando em um matagal.

Olhei para ela, assustado, e tentei perguntar se estava sonhando. Ela, com sua compreensão que apenas mães têm, respondeu "por que não fecha os olhos e os abre de novo? Se for um sonho, tudo acabará."

Fechei os olhos com força, e os abri, gritando de desespero.

O único problema, é que som algum saiu da minha boca. Apenas murmúrios de lábios costurados.

Olhei para cima, e notei que...

Não era um sonho no fim das contas. 

Contos Embaixo da Cama [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora