O jardineiro

96 20 145
                                    

- Vocês ficaram sabendo?

- Das mortes, né?

- Eu ouvi que ele usa como adubo...

- É bizarro...

Cristian sorriu, encarando o saquinho que acabara de comprar.

Adorava que sua fama aterrorizava esses hippies hipócritas que pregam a salvação do meio ambiente sem fazer merda nenhuma pra resolver qualquer porra que seja. Claro, ele nunca fez isso pela fama. Só tinha raiva, puro e simples ódio dos vagabundos que poluem sua casa e dos filhos da puta complacentes com essa merda toda.

Levantou-se, e decidiu que tomaria seu café observando os pássaros no parque. Guardou o saquinho no bolso de trás da calça, e foi embora. 

Seu passatempo preferido era admirar a natureza. Do verde de uma folha caída até o rasante de um pássaro gozando de liberdade, tudo o deixava em absoluto êxtase. Amava estar tão perto de algo tão infinito. Tomou um grande gole de café, e sentiu o bem-vindo calor deixando-o energizado. Virou-se para o lado, e viu um homem com seus 40 anos jogando uma bituca de cigarro no pé de uma árvore.

A alegria de Cristian morreu.

Aproximou-se do senhor, que estava acendendo um segundo cigarro. Tocou-lhe o ombro, chamando sua atenção:

- Senhor? Será que você poderia, por favor, pegar esse lixo do chão?

- Quê? Tá me tirando? – respondeu o homem mal-educado, dando um tapa na mão de Cristian.

O garoto sorriu.

- Era o que eu esperava. – Disse o rapaz, jogando o restante de seu café no rosto do homem.

Todos os pássaros que estavam por perto voaram, assustados com o grito de dor daquela escória humana. Cristian agradeceu por eles irem embora; não queria fazer isso na frente das inocentes criaturas.

Sacou seu canivete, aproximou-se do homem, e pisou em seu pulso, esmagando-o. O homem grunhiu, e tentou socar a perna do rapaz. Cristian bloqueou o soco com a caneca, cujos cacos entraram nas juntas do mal feitor. O homem puxou a mão com força, desvencilhando-se do pé do rapaz.

- Por favor – disse, entre soluços – por favor, não me machuca mais, por favor...

- É justamente isso que a natureza implora TODO SANTO DIA. Me diga, isso te impediu de continuar jogando a porcaria do seu lixo nela, pedaço de merda?

O homem choramingou, virou-se e se arrastou para longe. Começou a gritar por ajudar.

Cristian chutou as costas do homem, derrubando-o no chão. Puxou seus cabelos imundos, e ordenou que pedisse desculpas para o solo que tentou contaminar. O homem se negou. Cristian afundou sua cara no chão com força. Puxou seus cabelos novamente, e de novo, ordenou que pedisse desculpas.

Dessa vez, mesmo com os dentes quebrados, o homem se desculpou. Satisfeito, Cristian o degolou. Largou-o no chão, e recolheu os cigarros que tinha largado por ali.

Guardou-os em uma sacolinha, e colocou em seu bolso de trás. Em seguida, removeu todos os cacos da caneca quebrada, e armazenou. Após isso, tirou todas as roupas do homem, e guardou em sacolinhas também.

Logo após, cavou um buraco com a pá que deixava escondida atrás do canteiro de rosas que plantou tanto tempo atrás.

Enterrou o homem, pegou o saquinho que estava em um de seus bolsos, e jogou algumas sementes. Em seguida, devolveu a terra para a cova, e colocou o restante das sementes. Agora, bastava cuidar do solo com zelo que em breve nasceriam belas orquídeas no local.

Pegou os lixos do homem, e no caminho para casa, deu o devido fim a cada um deles. Satisfeito com mais um dia de serviço, decidiu encerrar os afazeres e descansar. Afinal, tinha muito mais adubo lá fora, e muitas sementes para plantar.

Muito trabalho para fazer.

Muito mesmo.

Contos Embaixo da Cama [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora