JAKE
Eu não sei o que dizer, nem o que pensar, muito menos como agir. Malia está se abrindo para mim, e isso demorou tanto pra acontecer que estou com medo de abrir a boca e estragar qualquer chance de fazer disso um hábito.
Acho que ela escolheu esse momento por eu estar dirigindo, e assim não achar que eu a julgariam. Eu não a julgaria de qualquer maneira.
- Como eu já disse, Bug não bebia fora de casa depois das discussões com o pai dele - Malia falou deixando transparecer todo o ódio que ela sente pelo pai de Dan.
Que tipo de pai culpa o filho pela morte da própria mãe? Não consigo imaginar toda a dor e sofrimento que essa rejeição causa em Dan.
- Quando o encontrei, ele estava falando com um homem - disse com receio - Ele estava comprando drogas - apertei o volante do carro com tanta força que por um momento achei que poderia arrancá-lo.
Malia, praticamente sozinha com um traficante... Estou começando a entender o medo dela de contar para os irmãos, porque se eu os conheço tanto quanto acho, eles vão, nem que seja por um minuto, ter vontade espancar o Dan, assim como eu estou sentindo nesse momento.
- Eu me aproximei deles e paguei o que Bug estava comprando - soltei um suspiro de alívio - O que? Você achou que eu ia bater boca com um traficante? Eu sou chata, admito, mas ainda tenho juízo.
- Ainda bem.
- Você me acha chata, Jake Edwards? - perguntou com a expressão séria.
- Não. Não. Claro que não - respondi tentando soar o mais sincero possível.
- Foda-se - falou revirando os olhos. Acho que não fui convincente.
- Continua - pedi.
Pude sentir o olhar dela sobre mim por um tempo, me avaliando. Já não estou gostando do que está por vir.
- Bom... Eu vi que o traficante estava armado - e agora eu quase bati em um carro. Isso não está dando certo - Acho que falar enquanto você está dirigindo não foi a melhor decisão.
Dei sinal e estacionei em um parque que ficava próximo a rua da nossa casa. Virei para encarar seu rosto já me preparando mentalmente para o que estava por vir.
- Droga, assim é mais difícil - ela disse rindo, na tentativa de brincar com situação. Ela só age assim quando está nervosa, ou com medo.
- Não tenha pressa - peguei sua mão e apertei firme, buscando dizer "estou com você".
- Ele ficou dando em cima de mim e me chamando de "docinho" - com a mão livre, apertei o banco com mais força do que já apertava - Paguei e saí com Bug de lá o mais rápido possível, mas ele estava seguindo a gente...
Prendi a respiração esperando o restante da história. Se aquele desgraçado, ou qualquer outro fez mal a ela, eu juro que eu vou até o inferno atrás deles.
- Assim que chegamos ao estacionamento, eu tentei enfiar Bug dentro do carro, mas antes que eu fosse até a minha porta, o traficante apareceu atrás de mim - eu não sei qual foi a expressão que passou pelo meu rosto, só sei que não deve ter sido nada agradável, já que Malia acrescentou rapidamente: - Ele não me machucou. Eu estou bem.
- Você me promete? Promete que está bem mesmo? - pedi.
- Prometo que estou bem, Jake. Enfim, ele apareceu atrás de mim e pressionou a arma em minhas costas - O QUE? - Você tem que manter a calma pra que eu continue.
Ela teve uma arma pressionada em suas costas. Uma ARMA. Ou eu estou louco, ou ela está calma demais com isso.
- Eu estou mantendo o máximo de calma que eu posso, gata.
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Sorte sua que eu te amo.
RomanceMalia Slather a caçula entre três irmãos está na cidade depois de um tempo fora. Após um evento traumático, as vezes distância é oque mais ajuda. E cinco anos não foram suficientes para Malia superar, mas ajudou bastante. Após acabar o ensino médio...