Capítulo 100 ~ Jake

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JAKE


- Eu falei que iam pensar que a gente transa - Malia aponta o dedo em meu rosto, contente por estar certa.

Sabia que uma hora ela jogaria em minha cara. Faz uns dez minutos que nos despedimos dos nossos pais para vir a uma sorveteria.  Bastou fazermos os pedidos para que ela finalmente dissesse que estava certa. Aguentou mais do que eu imaginava.

- Mas o assunto não surgiu assim que eles souberam que a gente estava namorando - argumento - Então não conta.

Isso é tudo foi culpa da minha mãe e de sua falta de filtros.

Começou quando já estávamos pagando a conta do jantar. Perguntei a Malia se ela iria lá para casa. Apenas isso. Na hora tio Seb já endoidou, dizendo que ela tinha uma casa e que não precisava ir dormir fora. Passamos um bom tempo apenas tentando fazer entrar na cabeça dele que nós éramos um casal e que a gente queria passar mais um tempinho juntos.

Nosso argumento só deu mais espaço para que ele dissesse que já passamos o tempo todo juntos, por causa da Universidade e das amizades. Até aí tudo bem. A coisa desandou mesmo quando ele soltou um "Para que vocês tem que dormir juntos?". Acredito que não tenha sido intencional, muito menos que ele tenha notado a resposta óbvia de sua pergunta.

Mas se ele ainda não tinha notado, minha mãe fez questão de esclarecer.
"Qual o problema deles dormirem juntos? Não vai acontecer nada que não já tenha acontecido, Seb. Não é possível que você pense que eles ainda não transaram". Suas palavras foram exatamente assim.

Não sei quem ficou mais envergonhado, se fui eu ou tio Seb. Que estava me olhando como destruidor de virtudes.

- Você viu como meu pai me olhou? - Malia agora ria, me fazendo rir também - Jurei que ele fosse chorar.

- Parecia. Lembra dele falando "Meu bebê. Charlie, meu bebê já pode fazer bebês" - falo, imitando tio Seb.

Agora a situação está engraçada, pois já passou. Mas na hora? Achei que ele iria usar a arma que Malia tanto falou apenas para atirar em meu pau.

- Você é tão medroso - agora eu tinha parado de rir.

- Medroso não. Eu tenho noção do perigo, é diferente - aviso, mas Malia debocha mais de mim - E eu entendo ele querer mutilar meu pau fora. Não gosto da ideia. Nem um pouco. Mas entendo.

- Isso é tão machista da parte de vocês - não faço nem questão de discordar.

- Eu sei, porém ainda terei vontade de fazer o mesmo com o filha da puta que namorar nossa filha - falo. Já até penso em qual plano utilizar para deixar a minha gatinha longe dos homens pelo menos até os 35 anos. O problema é só se ela nascer bonita demais igual a mãe - O que? - corto meu raciocínio quando vejo Malia olhando fixadamente para mim.

- Eu te amo - da de ombros, com o sorriso mais lindo do mundo - Você e nossos filhos imaginários virgens - fala, me fazendo gargalhar. Ela não consegue ser romântica sem piadinhas e é por isso que eu a amo.

- Aqui, casal - a garçonete coloca nossos sorvetes na mesa e se afasta novamente.

Eu e Malia olhamos para o sorvete um do outro, julgando o péssimo gosto. Enquanto eu pedi ninho e maracujá, Malia pediu tudo o que pode fazer a glicose dela gritar. É literalmente sorvete de chocolate, com sorvete de oreo e brownie.

- Você pediu sabores sem graça - fala, balançando a cabeça. Desaprovando minha escolha.

- E você pediu uma explosão de açúcar - repito o seu gesto.

- Não vamos falar sobre seu gosto chato, me conte mais mais sobre como você imagina o nosso futuro - pede, animada.

E tá aí uma coisa que nunca achei que fosse fazer: sentar com uma garota e falando sobre como espero que nossa vida seja.

No tempo em que namorei Brianna, eu nunca imaginei nosso futuro. Na verdade eu acho que nunca acreditei que fossemos ter um futuro. Antes, meu futuro não incluía um relacionamento, apenas futebol. Esse era o plano.

Era o plano até Malia.

Não consigo pensar exatamente quando a chave virou, em que momento eu fiquei tão apaixonado em cada detalhe de Malia.

Tudo em Malia me alucina, me faz ama-la. Desde do seu sorriso perfeito, até seu péssimo gosto para sorvete.

- Eu imagino uma casa grande, com quatro quartos...

- Acho bom metade desses quartos serem para visitas, porque você não vai me engravidar milhões de vezes - avisa, olhando para a barriga e depois para mim - Não mesmo.

- Você perguntou como eu imaginava, então não interrompa - ela revirou os olhos, mas não contestou - Nós teríamos três filhos. Dois meninos e uma menina. Três é um número bom - comento, tentando fazê-la concordar comigo - Cabe certinho em um carro. Eu, você e três minis eu.

- Eles não vão ser mini você - ela reclama - Eu que vou parir, então eles têm que ser mini eu.

Fala e nem entro na pilha. Tenho certeza que nossas crianças não ser minha cara.

- A gente teria um cachorro também - acrescento - Nossa casa seria grande para que as crianças e o cachorro pudessem brincar muito. Teria um mine campo e até um quadra de vôlei para você.

- Você já pensou em muita coisa - ela diz segurando o rosto entre as mãos - E acertou em tudo. Exceto nessas várias crianças que vamos ter. Um tá bom.

- Três.

- Um.

- Três.

- Nenhum.

- Dois e não se fala mais nisso? - pergunto, arqueando a sobrancelha.

- Certo - juntamos nossa mão firmando acordo - Mas tenho uma regra: só engravidarei uma vez.

- Eu faço duas crianças em você de uma vez - dou de ombros. Ela tem um irmão gêmeo. Deve facilitar para mim.

- Muito confiante, senhor porra mágica - ela fala e eu engasgo com meu sorvete. Não achei que fosse possível engasgar com sorvete, mas depois da frase que ela disse, até com ar eu engasgaria.

- Onde está minha namorada fofinha que não tem boca de caminhoneiro? - questiono, ironicamente.

- Não sei, deve ter sido sua primeira namorada - sua boca faz um biquinho lindo que dá vontade de morder - Porque você já namorou. Falso.

- Já está indo na onda de seu pai, monstrinho? - lembro do apelido usado. Não sei como conseguimos chegar aqui. Os dois, sentados, sem que ela me xingue ou me faça perder ou fraturar partes de mim. Ela deve me amar mesmo agora.

- Para! Eu era tão ruim assim com você? - seu olhar fica tristinho e o bico só aumenta. Ela está tentando me convencer a dizer que não.

- Nem precisava me chantagear com esse olhar pidão, gata - aviso, lhe dando um selinho - Você era insuportável, mas eu gostava de toda a atenção - sorrio, lembrando de como ela fazia questão de implicar comigo.

Acho que pode-se dizer até que foi difícil quando ela e Nick foram estudar fora. Não tinha mais minha irmã que adorava encher o saco, nem a amiguinha dela que era tão chata quanto. Mas elas me divertiam. A mim e aos outros.

Os outros que hoje preferem fingir que eu não existo.

- Você sempre quer atenção de todos - Malia brinca e eu balanço a cabeça em negativa - Tão coisa de jogador - murmura.

- Eu só quero a sua atenção, gata. Não seja ciumenta. Tão coisa de líder de torcida - debocho e ela gargalha.

Mesmo quando nossos sorvetes acabam a gente permanece lá, brincando e contando como esperamos que nossa vida seja.

Porque não há mais minha vida sem Malia Slather.

Sorte sua que eu te amo.  Onde histórias criam vida. Descubra agora