14

187 28 2
                                    

Caminho apressadamente em seu encontro.

Mas ela parece se assustar e levanta do balanço — Oquê? Mattia? Porquê você tá aqui?

Fico atordoado pela emoção de ter finalmente a achado.

E corro pra perto dela abraço-a forte, respirando aliviado.

Posso sentir seu cheiro doce quando  passo meus braços ao redor dela. E me sinto calmo.

Mas só por alguns segundos.

Até que ela me empurre pra longe.

— O que foi Aisha?? Você tá bem?

— Como assim "Você tá bem?", não se faça por favor! Eu sei muito bem oque você tá fazendo!

— Calma, você tá nervosa, podemos falar melhor no carro, vamo, tá todo mundo louco atrás de você...

Estendo a mão pra eu venha comigo, mas ela acaba ficando mais nervosa. E é nítido seus olhos começando a lacrimejar.

— NÃO MATTIA! Eu não quero sua ajuda! Sabe, tudo bem gostar de mim, mas precisava me DIZER? E AINDA FAZER AQUILO E-- – suas mãos posam sobre o rosto tomando um choro baixo.

Me sinto culpado de novo, por ter causado aquilo. Vê-la chorar me rasga por dentro.

— Aisha...vem aqui – tento me aproximar mais uma vez, mas sou interrompido de novo.

Ela se força a prender o choro.

— Eu n-não quero mais me m-machucar, entende? – Aisha soluça entre as palavras.

— Eu não quero te machucar!!

— Não é o que p-parece! 

— Olha, eu.....EU TE AMO!

Ela para de repente e me encara momentâneamente;

— ...Você já disse isso pra tantas garotas, que eu já n-nem sei acredito...

— Oquê eu tenho que fazer pra te fazer ENTENDER QUE EU TE AMO?? Eu nem sabia que podia amar alguém assim!  achei que o que sentia entre nós era amizade, mas ultrapassava todas essas coisas. Então finalmente tive a oportunidade de por meus sentimentos a tona, mas aí, por conta de uma garota que me beijou forçadamente pra te fazer pensar que eu não te amava, tudo foi destruído, minha mente se torturou tanto essas últimas semanas que nem sei o que é se sentir bem de verdade.

Posso ver sua expressão tentando absorver tudo aquilo.

— Aisha, eu faria tudo pra te ver sorrir. Aceite pelo menos o meu perdão, eu te peço...

Ela parece não me ouvir.
— Então ela que te beijou...

— Sim

— Você é um idiota sabia...

Passo a língua nos lábios ressecados e respiro fundo já tenso sobre como aquela conversa iria acabar.

Ela faz uma longa pausa de silêncio. Respira e vem andando com certa calma até mim.

— Eu... te perdôo.... – ela caminha lentamente rm minha direção, abrindo os braços de leve, e eu a tomo num abraço firme e quentinho.

— Obrigado – sorrio de canto.

Passado alguns segundos ela se afasta. Entendo ela ainda vem digerindo toda a situação, e darei o tempo que ela precisar, sem pressiona-la mais.

— Tá meio escuro aqui não é... vamos – Falo estendendo a mão.

Ela passa a manga da jaqueta no nariz enquanto olha pro chão meio que negando segurar minha mão. Mas logo cede ao meu pedido.

Juntamos as mãos e, mesmo ela usando um mini moletom para despistar o frio, percebo que a sua estava fria, muito, muito fria.

Eu estava com uma blusa por baixo então, sem ao menos avisar ou pensar duas vezes, tiro meu moletom e já a entrego-a para que vista.

— Mas você vai ficar com frio... – ela exita.

— Tá tudo bem, só coloca.

Ela acente e veste. Logo voltamos a andar de volta pro carro. Tentando passar pelas pedras e galhos ao decorrer do caminho.

Vejo uma pequena mancha vermelha na sua calça enquanto caminhamos, até penso em perguntar mas acho que Aisha não quer ser questionada sobre nada agora. E também está escuro, talvez eu esteja vendo coisas.

Saímos da floresta.

Abro sua porta.
Ela entra e se encolhe no banco.

Entro no meu lado e ligo o carro, e antes de sair pela estrada, mando uma mensagem pra mãe de Aisha avisando que já a tinha achado e que estava tudo bem. Ela respondeu aliviada e começou a perguntar sobre onde Aisha havia se metido, ou com quem estava.

Apenas disse que estava bem e que ninguém havia feito nada com ela. A mãe dela aceitou minha resposta.

Falou que Aisha não ia querer contar o que aconteceu quando chegasse em casa, provavelmente só no dia seguinte. Por isso ela estava me perguntando tudo agora para ficar informada com antecedência.

Ponho o celular no bolso. A minha atenção agora tem que ser pra Aisha.

— Vou te deixar na sua casa, tudo bem? – tento falar da maneira mais pacífica e calma possível.

— Eu tô com fome....

— ... Podemos passar em algum lugar. Wendy's?

Um certo alivio em seus olhos, é... ela deve ter gostado da idéia — É...pode ser. – diz e se vira pra janela, pondo os fones. Com o corpo meio rígido, ela se reconforta no banco acochoado, cruzando um pouco os braços.

Finalmente saio do lugar e entro na estrada.

Não pude deixar de olhar algumas vezes pra Aisha. Com seu olhar perdido entre as árvores que passavam como um filme do lado de fora.

Suas mãos pequenas encolhidas de frio no moletom. Tentado se aquecer.

O que eu realmente queria era abraça-la. Mas ainda estamos nos acertando. De pouco a pouco.


________

>>>|Votem

ᵗʰᵉ ɴɪɢʜᴛ || 𝗠𝗮𝘁𝘁𝗶𝗮 𝗣𝗼𝗹𝗶𝗯𝗶𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora