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Eles a encontraram na cidade de Quioto, uma das cidades do Japão. A encontraram morando em um apartamento de um único cômodo, em uma rua deserta, longe do centro da cidade, poucos moradores, muita vegetação, de difícil acesso.
O apartamento era alugado de um comerciante qualquer, aluguel mensal à preço de banana, poderíamos dizer que era o que ela precisava.

A encontraram sozinha, ou pelo menos era o que aparentava, um empregado que todo dia entrava e saía no mesmo horário, sem desvios. Estava vivendo um conforto agradável, mas sem nenhum luxo, suas refeições variavam de fast food até macarrão instantâneo. Tinha um carro, alugado também, era simples, quase caindo aos pedaços, mas não ligava, mal o utilizava.

Sair do acolhedor apartamento era arriscado, deixar as cortinas da pequena janela abertas era arriscado. Após um dos maiores erros que a garota cometeu em sua vida tudo se tornou arriscado demais. Cá entre nós, desviar 6 milhões de reais de um cliente não era seguro, ainda mais se for descoberta.

Anna é uma mulher de cabelos curtos e castanhos, olhos verdes que variavam entre claro e escuro, bocas rosas que, se fossem bem hidratadas seriam irresistíveis, mas agora viviam secos e algumas peles soltando, bochechas redondas e maças bem definidas e duas covinhas fascinantes que surgiam quando seu sorriso era sincero. Uma mulher de 26 anos, altura mediana e tom de pele moreno.

Era advogada criminalista, antes morando no país chamado Brasil, trabalhava em uma empresa famosa, conhecida e aclamada por muitos, detestada por outros. Um cliente interessante, deixada na mão de uma das mais bem sucedidas da empresa, aquela que ninguém ousava mensurar o nome. Um desvio de uma quantidade imensa de dinheiro, foi descoberta, estava sendo caçada, fugiu para o país chamado Japão. Era seguro, não haviam a encontrado durante dois anos desaparecida, sem deixar rastros, talvez agora encontrada.

A encontraram diferente, estava mais alta, havia mudado o cabelo, o pintou de preto; uma expressão mais descansada. Mudanças mal aparentes na face, algumas mudanças pequenas para que mal a reconhecessem. Pagaram uma alta quantia para que subornassem o cirurgião que fizera os procedimentos.

A encontraram depois de dois anos, gastando milhões para comprar informações erradas, subornar as pessoas por quem Anna passou, pistas perdidas que não levavam a lugar nenhum, dinheiro gasto para ir atrás do dinheiro perdido, era o que parecia.

A encontraram, depois de meses cansativos, a encontraram, mas esperaram. Esperaram o momento certo para que pudessem capturá-la e darem seu devido castigo. A vontade de sequestrá-la no momento em que a viram foi enorme, mas se conteram, essas não foram as ordens que lhes foram passadas.

Começaram a formular rotas e estudar todos seus movimentos, estudaram suas idas a padaria da esquina, onde comprava uma vez por semana um maço de cigarro e junto, uma garrafa de algo que parecia ser vodka. As caminhadas que dava tarde da noite para mal ser vista.
Eles agiam como moradores comuns, vestidos com roupas casuais apenas observando o movimento, ninguém desconfiaria.

O mais perto que chegaram foi em uma ida ao mercado, Anna fazia a compra do mês para que pudesse ficar em casa o máximo de tempo possível. A ouviram falar com um dos jovens que trabalhava no mercado, japonês excelente, uma pitada de sotaque brasileiro, estudou o idioma fortemente, estava afiada na língua.

Perceberam que havia problemas com álcool, consumia uma garrafa da bebida em uma semana, não moderava na quantidade, era gole atrás de gole, misturava tragadas de cigarro, envolvia o alcóol e a nicotina, ficava alterada rápido.
Em sua época no Brasil já fumava, a bebida veio cerca de meio ano depois que deixou seu país natal. O estresse que sofreu, planejar o que precisava fazer, procurar um local seguro havia te deixado louca. Descontou na bebida.

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