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Os olhos de Anna permaneciam vidrados na tela do computador, eles fluíam olhando para os nomes que lhe foram passados. Poucas informações havia conseguido no sistema, pareciam cidadãos tão normais.
Miya Atsumu, 23 anos, CEO de uma empresa fantasma.
Miya Osamu, 23 anos, dono de um restaurante.
Suna Rintarou, 22 anos, na ficha consta como desempregado.

Bufou em negligência, que informações falsas descaradas foram colocadas em suas fichas, não conseguiu achar um nome no meio de todas essas informações, seja de parente ou amigos próximos. Investigou ainda mais fundo o nome daquele ao qual havia desviado o dinheiro, ele contratou essas pessoas, mas precisava ter mais alguém. As informações pareciam tão vagas.

Seus olhos lacrimejavam pela força que fazia em mantê-los abertos, afastou o rosto do computador e pendurou a cabeça no encosto da poltrona velha. Respirou fundo, por alguns segundos ponderou o desejo de nunca ter desviado aquele dinheiro, mas ele não permitiria isso.

— Maldito seja – reclamou e levantou da poltrona, deixou o computador em cima do balcão e buscou por uma garrafa de bebida pelos armários.

Quase no fim, uma garrafa no fundo de uma das portas dos armários do cômodo da cozinha. Eram poucos goles, e não eram o suficiente. Virou o líquido no copo raso, sem pensar virou o copo guela baixo, a sensação cortante da ardência era prazerosa e a fazia se esvair dos pensamentos ininterruptos que se agregavam na sua cabeça.

Olhou ao seu redor, com o copo vazio em mãos, chegou com o olhar na janela, sua vontade de abrir as cortinas finas era grande, mas eles estavam lá, eles estariam lá até terem a chance de colocarem as mãos em você. Oh mundo cruel.

Deixou a vontade de lado, largou o copo na pia e pegou o computador, voltou para a poltrona. Continuou digitando nomes e números que a levavam para lugar nenhum, precisava de detalhes, informações concretas sobre como trabalhavam, onde trabalhavam e uma garrafa de bebida alcóolica nova – um maço de cigarros também parecia uma boa escolha.

Suplicava por um nome, um nome que lhe daria a chave para se livrar daquela enrascada, a chave que a livraria dos problemas sofrentes por qual estava passando.

~•~

Naquele momento e naquele lugar, três homens impacientes arrancavam seus cabelos e batiam os pés que faziam um barulho repetitivo e irritante. A esperavam sair para, talvez, bater um papo, conversar sobre como a vida de uma fugitiva era, sobre onde estava o dinheiro desviado.

Eles estavam impacientes, e se demorasse mais para sair por aquela porta, eles mesmos entrariam e forçariam a visita aguardada. Foram dois anos a procurando, gastando fortunas e indo atrás de pistas falsas, descontando um nos outros pela falta de utilidade que toda aquela investigação de merda estava sendo; mas eles a encontraram, e a encontraram bem, estava oferecendo exatamente tudo que eles precisavam.

~•~

Já havia perdido a falta de vontade, fechou a tela do computador com força, se arrependendo depois para que não o tivesse quebrado. O soltou em cima do balcão e foi para o banheiro, se despiu e entrou debaixo da água quente, as gotículas corriam pelo seu corpo e se desfaziam ao atingir o piso de porcelanato. Fechava os olhos e se permitia respirar, se permitia esquecer os problemas, mas não conseguia, eles estariam sempre lá.
Desligou a torneira, a água cessou, o frio lhe atingiu e se apressou em se enrolar na toalha; passou para o quarto e foi ao seu armário, algumas roupas velhas que trouxera do Brasil na pressa, nada muito abundante para demonstrar poder e nada muito fajuto para que chamasse atenção. Um moletom de cor escura e uma calça leve de cor clara, uma meia de bolinhas coloridas e estava pronta para dormir.

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