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Os raios de sol incômodos a acordavam, sua luz era forte e batia em seu rosto, fazendo com que tivesse dificuldade em enxergar algo ao seu redor. Se virou para o lado contrário com preguiça, procurava pelo seu celular para ver o horário.

— São 7:50 se quer saber. – Kenma saiu do banheiro vestindo uma camiseta e uma calça larga, buscando um elástico para fazer seu coque diário.

— Uh, certo – esfregou os olhos pelo sono e se sentou na cama. — Onde vai?

— Voltarei para o bar, preciso trabalhar. – Kenma falou finalizando o cabelo.

— Irei junto. – Se levantou da cama.

— Não Anna, não quero ficar te levando para tudo que é lado – lhe repreendeu.

— Meu computador está lá, preciso pesquisar e ir atrás desses caras Kenma.

— Eu farei isso! – Kenma aumentou a voz e suspirou. — E você ficará aqui.

O encarou por alguns segundos demorados, arfou e se deu por vencida. Voltou para a cama e continuou sua busca pelo celular, o achou entre meio dos lençóis.

— Voltarei de tarde, não saia daqui – ele a fitou. – Por favor – acenou com a cabeça e sentou na beirada na cama, acompanhando os movimentos do menino. — Tem café da manhã na geladeira, qualquer coisa me ligue, deixei meu número anotado na bancada.

Antes que Anna pudesse concordar ou contrariar com as ordens do menino ele já havia sumido do quarto. Bufou e olhou ao redor, não havia muito que fazer naquela casa, mas estava tão acostumada em ficar dentro de um cômodo que isso não a incomodou.

Se levantou da cama e foi até o banheiro, fez suas necessidades e higienes matinais, sentiu seu estômago pedir por comida e foi para o andar de baixo.
Abriu a geladeira, encontrou a pequena refeição preparada em uma das prateleiras junto de um bilhete falando para esquentar no microondas, alcançou a comida e a colocou no balcão, foi até a cafeteira e começou a fazer o café, já estava viciada na cafeína.
Enquanto o café não ficava pronto, colocou a comida no microondas e a esquentou, comeu poucas garfadas pela falta de hábito em comer pela manhã.

A cafeteira apitou, anunciando que a bebida que a manteria acordada estava pronta, colocou o líquido em uma garrafa separada, pegou uma xícara, o pote de açúcar e foi para o sofá de três lugares que havia na sala, colocou tudo na mesa de centro.
Buscou pelo controle da televisão e colocou em um canal de notícias, encheu sua caneca e colocou a quantidade certa de açúcar, duas colheres generosas; na televisão falava sobre o clima local e como ele pioraria daquele dia em diante, depois notícias dos moradores e problemas governamentais à serem resolvidos, notícias de cidade do interior.

Abaixou o volume da televisão e alcançou o celular, passeou anonimamente pela internet, nada de interessante. Buscou na barra de pesquisa sobre sua empresa de advocacia a fim de encontrar algo que falava sobre o incidente do desvio do dinheiro. Nada. Mas é claro que não divulgariam nada sobre o ocorrido, isso iria manchar o nome daquela maldita empresa e perderiam suas fortunas, além de riscarem o nome da classe alta social. Onde já se viu uma ladra dentro da empresa mais bem resolvida daquele maldito país? Que calúnia.

— Egocêntricos de merda – disse em voz baixa, tomando mais um gole de sua bebida e deixando o celular de lado.

Após terminar com a garrafa de café, colocou as louças na pia e as lavou, desligou a televisão que ainda falava sobre as notícias e voltou para o quarto.

Sua cabeça estava nublada, não sabia como Kenma estava lidando com sua situação, provavelmente estava arrancando os próprios cabelos. Bufou e se acomodou melhor no colchão macio, fechou os olhos e suspirou, pensava em tudo e ao mesmo tempo pensava em nada. Era um ciclo repetitivo e monótono que lhe fervia à cabeça.

Abriu os olhos novamente, conseguiu avistar as montanhas à quilômetros de distância da casa, o sol raiava fraco pela troca de tempo repentina, algumas nuvens carregadas de água se formavam no céu. Levantou da cama e fechou a cortina fina, que mesmo com um pouco de tecido ainda fazia com a luz entrasse. Deitou novamente na cama e se virou para o lado contrário da janela, fechou os olhos em uma tentativa falha de dormir para fugir de todos os problemas que a incomodavam, mas o café fazia efeito e seu cerébro não descansava.

Bufou e foi até o banheiro, jogou uma água gelada no rosto e se encarou no espelho, havia mudado muito de dois anos para cá, seu cabelo estava maior e com uma cor diferente, seus olhos não estavam com as olheiras fundas que costumavam ter pelas noites em claro planejando e escrevendo dossiês. Não se reconhecia, mas gostava dessa nova versão.

Saiu do banheiro e foi para o corredor do andar de cima, andou e abriu as portas, procurando algo que lhe prendesse a atenção o suficiente até que Kenma voltasse. Na primeira porta havia um quarto de hóspedes, estava praticamente vazio; apenas uma cama e um armário, na segunda porta havia um banheiro de visitas; era simples e não havia nada de mais, na última porta achou um quarto de bagunças, havia algumas cadeiras com caixas velhas e empoeiradas, entrou e fechou a porta atrás de si.
Ficou andando de um lado para o outro, havia materiais em uma prateleira, livros velhos que Kenma provavelmente jamais leu, alguns papéis rasgados e outros ilegíveis.

Andou até um gaveteiro pequeno no canto da sala, estava pouco empoeirado e algumas marcas de dedos, haviam mexido recentemente ali.
A primeira gaveta estava trancada, mas fez um pouco de força e conseguiu a abrir, talvez tivesse quebrado a tranca e não poderia ser usada como antes. Achou alguns papéis e materiais de escritório, nada interessante.

Na segunda gaveta, não havia trancas, mas também não havia nada de interessante, apenas alguns cabos velhos e que era certo que não funcionassem mais.

Na terceira gaveta, era um pouco maior que as outras duas, também sem trancas, mais coisas irrelevantes, objetos para computador, fios, mouses e alguns pendrives velhos, remexeu até o final e viu um pequeno relevo na tábua que segurava os materiais. Ficou curiosa e tirou algumas das coisas que tinham dentro, puxou a tábua e percebeu que se tratava de um fundo falso.

— Porra Kenma – um tom quase inaudível.

Teve a visão de algumas pistolas e refis de balas, alcançou um dos papéis que havia jogado pelo quarto e pegou uma das armas, estavam limpas e com pouco pó, pareciam que nunca haviam sido tocadas. Concluiria que nunca teriam sido usadas se não fosse por um dos refis faltando três balas, suspirou e soltou a pistola, colocou o fundo falso novamente e pôs tudo de volta na gaveta.

Conferiu se tudo estava em seu lugar e saiu do cômodo, andou pelo corredor e voltou para o quarto de Kenma, se sentou na cama e percebeu que, pela pouca luz que entrava pelas cortinas, já estava anoitecendo.

Sabia do trabalho de Kenma e sabia com que ele mexia, nunca se aprofundou no que o meio loiro fazia, não era de sua conta. E é por esse mesmo motivo que iria fingir que nunca tinha visto aquelas armas.

Se deitou na cama e pela falta do que fazer, ligou a televisão do quarto, procurou algum filme que lhe tomasse o tempo, achou uma comédia ruim.

No final do filme, conseguiu ouvir movimentos do lado de fora, se apressou a olhar pela janela, viu Kenma descer apressado do carro. Estranhou e saiu do quarto, andou pelo corredor em passos rápidos e desceu as escadas.

Kenma destrancava a porta e entrava com um computador, diferente do seu, em mãos.

— Hey, o que aconteceu? – Perguntou vendo a expressão séria do menino.

— Descobri o nome de quem está atrás de você.

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Espero que tenham gostado :)

Enfim foi isso, baibai.

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