START OVER | Kita Shinsuke

12

Write me a letter – Oscar Lang

Kita puxou a alavanca para cima, Anna relaxou. Seu corpo estava torrado, ela já não o sentia mais e podia jurar que algumas partes jamais iriam cicatrizar se caso saísse dali viva.

— Obrigado, Anna – Kita sorriu fino e saiu da sala.

Anna suspirou e se amaldiçoou, agora iriam atrás de Suga e ela não conseguia o avisar, muito menos o proteger. Não havia nada que ela podia fazer, apenas aguardar pelo pior.

Kita andou até um cômodo vazio da casa abandonada, havia lixo e poeira em todo o chão, madeiras e restos de materiais de construção estavam amontoados em um dos cantos, as janelas cheias de mofo e consumidas pela humidade.

Kita alcançou seu telefone e foi aos registros telefônicos, clicou no último número que ligou e esperou que atendessem.

— Fale, Kita – Roger falou.

— Tenho boas notícias – sua expressão estava neutra, mas ele estava contente por dentro.

— E eu tenho más notícias. – Roger disse e a animação de Kita despencou.

— O que aconteceu?

— O FBI apareceu na minha casa – ele disse com desgosto. – Fizemos um acordo.

— Acordo?

— Temos 48 horas para entregar Alves e em troca todos nós não vamos para a cadeia.

— Todos nós ou você? Que eu tenha ideia, eles não sabem das nossas identidades. – Kita disse com descaso.

— Isso pouco importa, Shinsuke. – Roger rosnou — Eles querem Anna sem nenhum arranhão.

— Sem nenhum arranhão? – Kita falou um pouco mais alto. — Há dois dias estou tentando matá-la.

— Pare com tudo que está fazendo, chame o médico e deixe-a como a encontraram.

— Isso será impossível dentro de 48 horas.

— Faça o que eu mando, Kita – Roger gritou. — Dê uma boa droga, a deixe em forma, me ligue de hora em hora para me manter informado.

— Certo.

— Qual era a notícia? – Roger mudou de assunto, Kita suspirou.

— Consegui um nome de um advogado que sabe do dinheiro.

— Certo – Roger se animou. — Consegue arrancar alguma outra informação?

— Ela está meia-morta Roger, mal consegue assimilar as informações.

— Entendi, certo. – Roger parou e pensou. — Me passe esse nome do tal advogado, farei uma visita.

— Olhe suas mensagens.

Kita desligou e voltou para a sala onde Anna estava.

A mulher estava com a cabeça para baixo, muito mais magra desde que a encontraram, pontos do seu corpo estavam em carne viva e havia escorrimento de sangue em alguns desses pontos. Seus lábios estavam secos e judiados, olheiras em baixo de seus olhos tons verdes floresta, que agora estavam opacos e mortos.

Atsumu e Osamu vieram ajudar, retiraram todos os fios do corpo de Anna, desamarraram a corda e umedeceram seus lábios com água fria. Anna estava acordada, mas parecia mais morta do que viva. Kita sabia que seria quase impossível a deixar como estava antes. Precisaria de no mínimo sete dias para que seu peso voltasse ao normal e todos aqueles machucados começassem a cicatrizar.
Anna gemia palavras ininteligíveis, ela tentava afastar quem quer que a estivesse segurando, mas não tinha forma e estava fora de sua sanidade.