K A R I N
Tudo bem, algo realmente aconteceu.
A pouca vermelhidão no rosto claro e límpido do loiro me alertou isso. Em todos esses meses tenho certeza de duas coisas, primeira Dominic Gagliard é muito, extremante sério nos negócios, um clássico tubarão.
E a segunda é que com toda certeza ele não usa drogas, nem fuma ou algo do tipo, em contrapartida todos os dias pela noite ele bebe uma taça de vinho, independente de onde esteja.
Por essa incrível conclusão seus olhos e nariz pouco avermelhados não são provenientes do uso de algo ilegal, isso significa que algo realmente aconteceu e por isso estou de braços cruzados esperando uma reação melhor do que me dizer que está tudo bem.
- O que quer saber? - Questiona me encarando enquanto come devagar.
- Você não está bem. - Afirmo ao em vez de responder e nem sei o motivo de estar intrigada assim.
Talvez por ser diferente ver ele desse jeito.
- Estava em Nova York. - Não falo nada.
Espero ele deixar a bandeja sobre a mesa de cabeceira voltando a se encostar sobre a mesma e deixar um suspiro sair do seus lábios encarando o nada a sua frente.
- Ela é uma detetive e passou por uma situação complicada em um de seus casos. Para resumir a história Ariela estava cercando o hospital que seu namorado trabalha e o homem que ela procurava disparou uma bomba em uma das salas e ela... ela perdeu o bebê. - No fim sua expressão de dor apesar de tentar negar está presente.
Estou realmente segurando as lágrimas por que sou uma maria mole em muitos casos e esse é um deles por que desde que brincava de boneca sonho em ser mãe, acho que é o meu maior sonho e se até os trinta não estiver com ninguém meus planos são de ser mãe independente.
Acho que meus pensamentos foram tão gritantes que simplesmente me inclinei o abraçando pelos ombros surpreendendo a nos dois. Entretanto não me movo e continuo o abraçando ainda mais forte por que está visível que ele não está bem com isso e fica ainda mais quando após longos segundos ele circula minha cintura abraçando-me e consequentemente puxando-me para sentar do lado de seu corpo.
- Amanhã esquece que eu tenho um coração e sei agir como sua amiga. - Sussurro quando a situação começa a ficar constrangedora.
Dominic cai numa risada gostosa e - mesmo sem querer - tomo distância balançando a cabeça e me levantando. Arrumo minha saia para disfarçar que poderia ficar sem jeito com a situação e não sei qual seria sua reação.
- Se amanhã esquecer que viu um homem desse tamanho com cara de choro tudo bem. - Olho para ele que está demonstrando um mínimo sorriso fraco e concordo com a cabeça. - Se amanhã voltamos ao normal, me faça companhia hoje?
- Companhia? - Pergunto alçando a sobrancelha esquerda de modo rápido e costumeiro o vendo observar meu rosto.
- Passei dias bem ruins, estou apenas te chamando para não ficar sozinho Karin. - Ele suspira ainda me encarando. - Realmente não quero ficar sozinho hoje.
Cazzo.
Não deveria ficar aqui, afinal ele ainda é meu chefe, entretanto está claramente num dia muito difícil e nos últimos meses ficou claro que ele não é de ter muitos amigos, que eu me lembre na cidade tem apenas um e seus pais moram em Zurique, apesar da distância não fazer diferença por que a relação com o mais velho é claramente ruim.
- Tudo bem. - Afirmo a contragosto por que poderia ser eu em seu lugar e com toda certeza não gostaria de ficar sozinha num dia desses.
- Senta aqui, aproveita que minha cama é deliciosa. - Reviro os olhos para a frase de duplo sentido já acostumada antes de dar a volta na cama enorme.
Retiro os saltos deixando ao lado do móvel antes de me sentar na beirada e puta que pariu, é claro que a cama de Dominic Gagliard seria um bálsamo para se deitar.
- Senta direito mulher. - Escuto sua voz atrás de mim e calmamente arrasto o corpo para trás também encontrando na cabeceira acolchoada e até ela consegue ser confortável.
Conhecendo bem o homem ao lado ele deve ter escolhido a dedo cada coisa do seu quarto e tudo do melhor que existe do mercado. Dominic não é egocêntrico mas não esconde o desejo de sempre pagar do bom e do melhor.
Não julgo por que vamos combinar, qualquer um em seu lugar compraria do bom e do melhor, inclusive eu. A diferença é que muitas pessoas com dinheiro fazem isso e ainda sim usam o que tem para ajudar os outros. Um exemplo deles é Dominic e acho que no máximo cinco pessoas devem saber que ele sustenta um orfanato em quase todas as cidades desse lado do país e ao menos fala sobre isso, eu mesmo descobri por um acaso.
- Tenho muito trabalho quando voltar? - Questiona tranquilo e noto que pegou novamente sua bandeja voltando a se alimentar.
- Esquece isso ao menos um pouco chefe. - Noto que passa algo policial na televisão, não reconheço se série ou filme.
Vantagens de se nascer na Europa é que em quase todos os países é normal falar a língua nativa e o inglês também. Esse é o meu caso e ainda sim aprendi o alemão na escola e peguei gosto pela língua o que hoje é maravilhoso. Então apenas por isso entendo o que se passa na televisão e deixa meu currículo ainda melhor.
- Como esquecer se amanhã deve ter milhões de coisas para fazer. - Resmunga.
- Você não precisa ir a empresa amanhã, já organizei sua agenda e pode ficar até dois dias trabalhando de casa, por que depois precisa de fazer fotos e entrevista a uma revista e será inevitável não sair.
- Você é realmente muito boa nisso.
- E você ainda não me queria. - O ouço sussurrar algo mas não entendo e faço de conta que nada ocorreu.
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Irresistível - Spin off de Destinada a ser minha
Romance- Por Deus, chegará em um momento que não vou aguentar mais me segurar. Dominic Gagliardi é um homem conhecido dentro do mundo empresarial, herdeiro de múltiplos negócios da Suíça e o que quase ninguem sabe é que também herdou a parte ilegal envolve...